Diretas já!
Brasil votou para presidente após 25 anos de jejum
Primeiro turno presidencial de 1989 teve direito a Barca
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O que estava entalado na garganta de todos, desde a queda do regime militar, era a protelada eleição direta para presidente da República. Durante 20 anos generais se sucederam no poder, a despeito da vontade popular, e censurando ferozmente quem questionasse a ditadura. A emenda Dante de Oliveira (1984), que previa eleição direta no país, naufragou no congresso, apesar das “Diretas Já” ter ganhado as ruas, postergando a eleição para 1989.
A campanha de 1989 entrou para a história. Estavam na disputa Ulisses Guimarães (PMDB), Aureliano Chaves (PFL), Paulo Maluf (PDS), Leonel Brizola (PDT), Lula (PT), Fernando Collor de Mello (PRN), Mário Covas (PSDB), Ronaldo Caiado (PSD), Guilherme Afif Domingos (PL), Roberto Freire (PCB) e o excêntrico Enéas (PRONA), entre outros (eram 22 candidatos). Até o Silvio Santos quis entrar na peleja, mas por causa de um erro no número na cédula, desistiu.
Após o primeiro turno, sobraram Lula e Collor na disputa e é claro que o DIARINHO - Diário do Litoral não podia ficar de fora dessa! Os náufragos dessa edição foram Maluf, Afif, Caiado (bem agroboy), Aureliano, “Meu nome é Enéas!”, Freire, Ulisses (a Múmia) e Brizola (Aqui jaz a esperança).
Em terra, o sindicalista Lula, vestido de capeta e munido com o livro de Karl Marx, espeta a bunda de Collor, que esconde o rabo e a logomarca da Globo (Eu tenho as costas quentes!). Bem de longe, no iate do Baú, Silvio Santos dá risada, brindando ao feito de nunca ter perdido.
Collor levou a melhor, depois do debate na Globo, que o diretor Boni depois admitiu ter manipulado a favor do candidato ‘caçador de marajás’. Mas a alegria durou pouco. Após confiscar a poupança e produzir escândalos em série na “Casa da Dinda” (e do assassinato do tesoureiro PC Farias), os caras pintadas foram às ruas em um só coro: Fora Collor!
O impeachment veio em 2 de outubro de 1992, levando o vice Itamar Franco para o trono. Ele chamou Fernando Henrique Cardoso para ser ministro da Fazenda, que criou um tal de Plano Real, responsável pela derrubada da inflação e o catapultou para a presidência.