A agilidade nas descargas é cobrada pela Associação Catarinense dos Importadores de Adubos (Acia), que reúne oito empresas responsáveis por 90% do volume de fertilizantes entregues no estado. A entidade foi oficialmente constituída neste mês, justamente para buscar soluções para as demandas do setor.
Atualmente, os importadores de fertilizantes que operam pelo porto de São Francisco do Sul não têm um canal único para reivindicações junto à autoridade portuária e às entidades públicas ligadas ao setor agrícola, e as cobranças isoladas não têm surtido efeito para que as necessidades sejam atendidas.
De acordo com a Federação das Cooperativas Agropecuárias de Santa Catarina (Fecoagro), o porto de São Francisco ampliou as importações de fertilizantes atingindo 2,8 milhões de toneladas em 2023, o que representa cerca de 70% das importações no terminal. No entanto, a alta ocorreu sem que a estrutura fosse ampliada.
“O porto está congestionado e os navios de fertilizantes estão sendo preteridos, atrasando as entregas para o plantio e onerando fortemente os custos dos insumos para os agricultores”, acusa a entidade.
A associação das empresas de fertilizantes tenta sensibilizar as autoridades de que os adubos têm um tempo certo para ser descarregado e aplicado no solo, sob risco de não haver o plantio da safra na janela técnica recomendada, comprometendo a produção agrícola e prejudicando o agronegócio no setor de cereais e na exportação dos grãos e da proteína animal.
“O adubo é o ponto de partida na cadeia agropecuária, e se esses produtos não estiverem disponíveis na hora certa, todo o setor será penalizado”, afirmam os importadores e distribuidores de fertilizantes. O porto de São Francisco do Sul ainda não se manifestou sobre o assunto.
Porto bombando
Administrado pelo governo do estado, o Porto de São Francisco do Sul movimentou 8,7 milhões de toneladas no primeiro semestre, numa alta de 16% em relação ao mesmo período de 2023. Junho foi o sexto mês seguido de crescimento no terminal. No ano passado, o porto bateu recorde histórico, com movimentação de 16,8 milhões de toneladas.
A exportação foi responsável, neste ano, por 59% das cargas (5,1 milhões de toneladas), com a soja como principal produto enviado para o exterior (4 milhões), seguido do milho (910 mil) e madeira (103 mil). A importação alcançou 3,6 milhões de toneladas (41%), com destaque para produtos siderúrgicos (1,9 milhão) e fertilizantes (1,1 milhão).
A importação de fertilizantes é uma das operações importantes do porto, com reflexo em toda a cadeia produtiva do setor agrícola. “Recebemos fertilizantes e exportamos grãos, no segmento do agronegócio, assim como somos um importante elo na cadeia de transporte de aço e de outros materiais siderúrgicos para a indústria metal-mecânica”, comenta o presidente do porto, Cleverton Vieira.
A movimentação para vários segmentos aponta para a versatilidade do terminal que, segundo Cleverton, tem vocação de porto público multipropósito. Com o seguido aumento no volume de cargas, o porto tem demandas para melhorar a estrutura. Entre os projetos está a obra de R$ 300 milhões para alargamento e aprofundamento da Baía da Babitonga, o que permitirá receber navios de até 366 metros.