Os pescadores chegaram a instalar uma faixa em protesto cobrando do prefeito em exercício Daniel Cunha (PSD) e dos vereadores uma ação rápida, pois a lâmina d’água chega a menos de dois metros. Sem condições de calado, os barcos acabam impedidos de sair.
“A cada ano é a mesma situação. Entra e sai prefeito, prometem e não resolvem o problema e o drama quem paga é o pescador”, aponta o pescador N., que pediu ao DIARINHO para não ter seu nome identificado.
O mesmo pescador lembra que desde a gestão de Claudemir Matias (PSB), a promessa era fazer e fixar o segundo molhe de pedras, no lado norte da desembocadura, obra que não saiu do papel. “Só esse molhe sul não adianta; a areia com o vento nordeste bota a areia toda para dentro da barrinha”, observa N.
Pescadores e as esposas gravaram vídeos desde a metade da semana passada, mostrando o drama vivido pelos barcos que encalham, seja na saída, seja na entrada. O problema é confirmado pelo pescador Zequinha Viana, presidente da Colônia de Pescadores Z-4.
“Na verdade, é um problema já sabido. Todo ano, de julho a agosto, acontece esse problema: o pescador se vê prejudicado e a mesma novela começa”, apontou Zequinha ao DIARINHO.
“Ao invés de trazer uma draga quando o problema já ocorre, porque não comprar um equipamento e deixar à disposição, já também com as licenças ambientais em mãos?”, questiona.
Segundo Zequinha, até o final de agosto a tendência da barrinha é fechar ainda mais. Segundo ele, pelo menos 50 famílias da pesca já estão impedidas total ou parcialmente de sair ao mar – mas os barcos ancorados ao longo do rio Itajuba chegam a 100. “Outro dia, saímos da foz até a ponte da rua Osmar Galm, contamos 100 barcos, porque há os que não são cadastrados na colônia”, contabiliza.
A movimentação das embarcações também aumentou, segundo Zequinha, porque a safra da tainha foi boa. “Entre o centro de Barra Velha e Itajuba pegamos mais de 20 mil tainhas. Mas não podemos mais ser prejudicados”, reforça o presidente, que enviou um ofício solicitando apoio ao secretário de Agricultura e Pesca local, Nilo Irineu Bernardo.
Nilo, também ouvido pelo DIARINHO, concordou que o problema era previsto. “Eles nos forneceram uma lista de todos os pescadores que utilizam a barrinha e repassamos a situação ao Planejamento, para poder fazer a contratação de uma draga e também para a Defesa Civil e à Fundação do Meio Ambiente, a Fundema”, descreve.
“E, hoje, estamos finalizando o contrato da empresa que vai fazer a dragagem, porque todo o equipamento tem que ser mobilizado de onde eles estão para a barra. Queremos iniciar até o final de semana”, prevê.
Nilo revela que em função dos recentes problemas gerados pela Operação Travessia, do Gaeco e do Ministério Público que resultou na troca de comando da prefeitura, até mesmo a licitação para serviços de dragagem não foi renovada.