ALERTA
Itajaí, Ilhota e Porto Belo lideram ‘ranking’ de moradores vivendo em áreas de risco
Nota técnica do Governo Federal reforça o alerta para as cidades do litoral com moradores expostos a deslizamentos e alagamentos
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Itajaí é a cidade da região com maior número de pessoas expostas a riscos de desastres climáticos como deslizamentos de terra, enxurradas e alagamentos. Luiz Alves e Balneário Camboriú contrastam com esse cenário, sendo as menos expostas.
A informação foi publicada na nota técnica da Defesa Civil e do Governo Federal sobre os municípios brasileiros expostos a situações de risco. Itajaí tem 7642 pessoas vivendo em áreas ...
 
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A informação foi publicada na nota técnica da Defesa Civil e do Governo Federal sobre os municípios brasileiros expostos a situações de risco. Itajaí tem 7642 pessoas vivendo em áreas suscetíveis aos desastres, enquanto na outra ponta estão Luiz Alves, com 68 moradores em locais de risco, e Balneário Camboriú com 804 pessoas.
O ranking ainda tem outros números preocupantes. Em segundo lugar vem Ilhota, com 6085 dos seus 17.046 moradores vulneráveis e em terceiro Porto Belo, com 4439, seguido de Barra Velha, com 2392. A quinta colocação é de Navegantes, com 2059.
Proporcionalmente, levando em conta o total de habitantes das cidades da Foz do Rio Itajaí-açu (e acrescentando Barra Velha, que está na foz do Rio Itapocu), a cidade mais exposta é Ilhota, que possui 1/3 da população em áreas perigosas.
O estudo do Governo Federal aponta ainda os riscos de outros 203 municípios catarinenses e, na região, traz os números de moradores vulneráveis em Balneário Camboriú, Itapema, Bombinhas, Penha, Balneário Barra do Sul e Piçarras.
O estudo não é novo, segundo o professor e gestor de riscos e desastres Elton Cunha. “O estudo já é de conhecimento das prefeituras há anos; esse mais recente, entretanto, é o que vem já com as populações de acordo com o novo censo do IBGE”, observa Cunha, que durante 12 anos atuou à frente da Defesa Civil de Barra Velha e atualmente é consultor e professor na Grande Florianópolis.
Elton ainda considera que o contingente de pessoas ameaçadas se amplia devido ao fato de o trajeto entre Itajaí e Barra Velha, por exemplo, estar inserido em duas bacias hidrográficas – a foz do Itajaí-açu e a foz do Itapocu.
O levantamento publicado em abril refez a metodologia até então adotada, adicionando mais critérios e novas bases de dados, o que ampliou em 136% o número dos municípios considerados suscetíveis a desastres. Em 2012, o governo tinha mapeado 821 cidades em risco desse tipo – dados também atestados pela Agência Pública e publicados no DIARINHO, mostrando que 75% das cidades brasileiras estão em risco.
“As cidades da região sempre estiveram nessa lista, porque a região como um todo é uma bacia considerável entre os rios Itajaí e Itapocu. Ninguém pode dar a desculpa de que não sabia, caso um evento climático extremo aconteça”, avisa Elton.
O levantamento foi feito em razão das obras previstas para o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê investimentos em infraestrutura em todo o país. O estudo atesta a intensificação das mudanças do clima provocadas pela ação humana no meio ambiente, a exemplo do que ocorre no Rio Grande do Sul.
As áreas dessas 1,9 mil cidades consideradas em risco concentram mais de 8,9 milhões de brasileiros. Em SC, nas 207 cidades em risco, o volume populacional mapeado é de 7%. A Bahia (com 17,3%), é o estado com maior número de habitantes ameaçados. A nota técnica faz uma série de recomendações para minimizar os danos futuros, como a ampliação do monitoramento e sistemas de alerta para riscos de inundações.
Cidades não podem ‘copiar e colar’ leis e plano diretor, alerta especialista
Diante destes números, Elton Cunha orienta que estratégias precisam ser adotadas em curto, médio e longo prazo. “É preciso planejar; cada cidade ter um plano diretor condizente com as necessidades e não apenas atender a interesses econômicos”, completa.
O plano de drenagem urbana também precisa ser atualizado, ampliado e “tirado do papel”, segundo Elton – e com originalidade, para evitar o caso das muitas cidades que “copiam e colam” a legislação.
“Tem que trazer a universidade, os pesquisadores para junto da comunidade, porque por vezes podem surgir bons projetos e a baixo custo. E precisamos de legislação rígida, para dar oportunidades de habitação e eliminar áreas de risco, além de proteger as margens de rios”, acrescenta.
“Cada cidade precisa de concurso público para agentes de defesa com formação, e essas políticas públicas têm que envolver a sociedade. Uma cidade preparada para desastres tem recuperação muito mais rápida”, finaliza.