Verme do coração
Mosquito da dengue pode ser fatal pros dogs
Picada do Aedes aegypti pode levar microlarva para dentro do coração dos cães, causando a doença silenciosa
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Além da dengue, zika e chikungunya para os humanos, o mosquito Aedes aegypti pode ser fatal também para os pets. A dirofilariose (ou o verme do coração) é uma doença silenciosa causada pela picada do mosquito e que pode causar a morte súbita do animal sem que o tutor tenha notado qualquer sintoma. No entanto, em casos mais avançados, o cão pode apresentar dificuldade respiratória, tosse e desmaios.
O veterinário Eberson Moreira, da Clínica Animals, de Navegantes, explica que a larva fica dentro do mosquito contaminado e, quando esse mosquito pica o cão, acaba transmitindo a larva jovem, que cai na corrente sanguínea e se aloja no coração do animal, onde pode se multiplicar.
Este foi o caso de César Ricardo, que recebeu uma mensagem via WhatsApp da pet shop que atende o seu dog, o Théo, de que no banho havia sido encontrado um carrapato grudado na pele dele. Após exame, o tutor descobriu que o Théo estava contaminado pela dirofilariose.
O mais preocupante é que se trata de uma doença assintomática na grande maioria dos casos, o que dificulta um diagnóstico precoce. O veterinário Eberson explica que em zonas endêmicas da dengue os animais estão mais propensos a serem contaminados, desde que os mosquitos sejam portadores dessas microlarvas, e conta que já atendeu diversos casos em Navegantes. “Existem relatos de cães que podem ter uma larva isolada, assim como cães com até 250 larvas no ventrículo do coração”, relata.
Depois do Théo, os demais pets da casa de César passaram por exame e a cachorrinha Perereca também estava contaminada. “Como as larvas estão em estágio inicial, o protocolo de tratamento é mais simples, mas quanto mais essas larvas crescem e se reproduzem, mais difícil é o tratamento”, explica a cardiologista veterinária Louisa Oliveira.
Sequelas irreversíveis
Louisa explica que a presença das “filárias” no coração do animal causa distúrbios circulatórios que podem acarretar em hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca do lado direito, congestão dos vasos, trombose e sobrecarga valvular. “Se a doença não for tratada no início, como aconteceu com o Théo e a Perereca, que foi descoberta em estágio inicial, o tratamento torna-se bem mais complexo, podendo envolver até a necessidade da retirada das larvas cirurgicamente.”
A cardiologista completa que mesmo após o tratamento os cães infectados podem desenvolver quadro de insuficiência cardíaca. “Por isso é necessário que os pets passem a ter um acompanhamento cardiológico, mesmo depois de negativados para a dirofilariose”, acrescenta Louisa. Ela conta que já tratou cinco animais com essa doença nos últimos três meses.
Prevenção com vacina é uma boa
A melhor forma de evitar que a doença chegue a um estágio mais avançado é que os tutores procurem um veterinário e façam o teste rápido em todos os cães da casa. “E caso os testes deem negativos, é importante iniciar a prevenção com a vacina, que deve ser feita anualmente, já a partir do sexto mês de idade do cão.”
Eberson acrescenta que a partir do princípio de que estejamos numa região endêmica, além da vacina há coleiras repelentes e vermífugos que têm nas suas composições substâncias para matar a microlarva. “Assim como temos uma luta diária contra a dengue, podemos também combater esse vetor evitando água parada, além do uso de repelentes e telas nas janelas”, orienta.
Professora denuncia possível foco de dengue em piscina
A professora aposentada Maria da Assunção Silva, de 57 anos, mora na rua Onze de Junho, no bairro Fazenda, e está preocupada com um possível criadouro de mosquito da dengue na casa de um vizinho, na rua Jorge São Filho.
Maria mora há quase dois anos na rua Onze de Junho, e conta que uma piscina inflável armazena água no terraço do vizinho. “Tentei contato, mas ninguém atendeu a campainha da casa”, diz.
Segundo a Prefeitura de Itajaí, neste caso há risco de dengue porque a água parada pode ficar acumulada na lona da piscina. O caso foi encaminhado ao Programa de Controle da Dengue na tarde desta terça-feira.
Os possíveis focos de Aedes aegypti podem ser denunciados para a Secretaria Municipal de Saúde pelo telefone (47) 3249-5573, e-mail dengue@itajai.sc.gov.br ou pelo app Conecta.í, na seção “Dengue” do menu principal.
Unimed abre núcleo pra pacientes com dengue
A Unimed Litoral abriu um Núcleo Avançado, na Praia Brava, em Itajaí, para atender especificamente casos leves de dengue. O espaço é equipado com médicos, estrutura para exames e hidratação. O objetivo é evitar que os pacientes com sintomas leves sejam atendidos no hospital da Unimed, reduzindo o risco de agravar o quadro por contaminação com covid-19 ou outras enfermidades.
O Núcleo Avançado fica no Espaço Viver Bem e atende conveniados com febre alta, dores musculares intensas, dor ao movimentar os olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e ou manchas vermelhas no corpo.
O endereço é a na rua Luci Canziani, 395, acesso à Praia Brava, com atendimento diário das 8h às 22h.
Pacientes com sintomas leves também podem utilizar os serviços prestados através do PA Digital da Unimed, no site da Unimed.
Já os pacientes com sintomas graves devem procurar atendimento no hospital da Unimed. São considerados sintomas graves dor abdominal forte e contínua, episódios de vômitos, dificuldades para respirar, sangramento de mucosas ou tonturas.
Também fica o alerta para idosos com mais de 75 anos, gestantes no terceiro trimestre de gravidez e menores de dois anos, que devem procurar o hospital imediatamente assim que houver suspeita de dengue.
Pelo Painel da Dengue, da Diretoria Estadual de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive), até nesta terça-feira, o estado tem 20.239 contaminados pela doença, com 49.339 casos prováveis da doença e 14.608 confirmados.
Das 27 mortes suspeitas de dengue em Santa Catarina em 2024, 19 já foram confirmadas e ocorreram nos municípios de Joinville (11), Araquari (1), Itajaí (3), Itapiranga (1), Indaial (1), Navegantes (1) e São Francisco do Sul (1). Outras oito mortes com suspeitas de terem ocorrido pela doença estão em análise.