Desde o ano passado, o padre Eder Claudio Celva determinou que os casamentos só podem ocorrer no horário das missas. Casamento fora da missa está proibido. O caso veio à tona nesta semana, quando a família dos noivos A.A. e G.C. procurou a igreja Matriz para marcar o casamento deles para setembro deste ano.
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O casal gostaria de reservar uma data para o matrimônio na Imaculada Conceição, igreja tombada pelo patrimônio histórico, que fica subordinada ao padre da Matriz. “Fomos surpreendidos com a notável falta de empatia por parte da igreja católica de Itajaí, onde o padre Eder Claudio Celva vem proibindo a realização de cerimônias de casamento nas igrejas Matriz, Imaculada Conceição e Igreja da Vila, locais tradicionais para essas celebrações. Há dois anos tais cerimônias eram rotineiramente realizadas nessas igrejas”, contou a mãe do noivo.
A mãe destaca que foi pessoalmente conversar com o padre e foi informada de que as cerimônias de casamento devem ocorrer durante os horários das missas, sem qualquer agendamento específico para firmar a união. “Para nós, católicos, essa decisão vai de encontro às leis canônicas, pois parece implicar no fechamento das portas da igreja para a comunidade. Acreditamos que a celebração do matrimônio é um momento sagrado e especial para os familiares e amigos, e restringir arbitrariamente sua realização vai de encontro aos princípios de acolhimento e apoio da igreja à sua comunidade”, argumenta a família.
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Além de compartilhar o caso com o DIARINHO, a família dos noivos enviou um ofício à Arquidiocese de Florianópolis tentando reverter a decisão do pároco. “Buscamos compreensão e diálogo para resolver essa questão, garantindo que as tradições e os rituais importantes para nossa fé sejam respeitados e preservados, porém o padre está irredutível, estamos chateados diante da situação. Esperamos que a diocese de Florianópolis verifique e tome uma providência”, pediu a família.
O DIARINHO fez contato com a Arquidiocese em Floripa, a quem as paróquias são subordinadas, para saber detalhes sobre essa decisão e se ela tinha jurisprudência e respaldo estadual. No entanto, o setor de comunicação da Arquidiocese informou que a responsabilidade pela decisão é exclusiva do padre da paróquia Matriz.
Sem cerimonialistas
Esta é a segunda decisão polêmica do padre Eder. Desde março de 2022, foi proibida, por determinação do pároco, a presença de cerimonialistas na hora da celebração nas três igrejas que ele comanda. Os profissionais deveriam deixar os clientes na porta e, após o casamento, atendê-los fora do templo. A justificativa para a proibição da entrada de cerimonialistas seria "proteger o sacramento do matrimônio", evitando qualquer tipo de interferência. Na época que o assunto veio à tona, em novembro de 2021, o padre já tinha determinado que o agendamento para casamento só podia ser feito pelos noivos, sendo proibido que alguém os representassem.
Padre defende casamento na missa
Ao DIARINHO, o padre Eder confirmou que os casamentos só podem ocorrer no horário das missas realizadas nos sábados e domingos e sem necessidade de agendamento prévio. “Dentro da missa o matrimônio está no seu lugar mais elevado, onde é celebrado com toda a comunidade que diariamente se reúne para a celebração da Eucaristia. Os noivos precisam da comunidade e vice e versa”, justificou o sacerdote.
A mudança, segundo o padre, respeitou todos os agendamentos de casamento fora da missa que estavam marcados para o ano de 2020. E, desde 2023, os matrimônios estão submetidos ao novo regramento. Os casamentos podem acontecer aos sábados às 19h30 ou aos domingos em três horários, 8h, 9h30 e 18h, além de todos os dias da semana na missa das 19h30.
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Além de considerar a missa o local apropriado para o casamento, o padre também destacou que o novo regramento traz alívio aos noivos. “O descanso dado aos noivos que não precisam se preocupar com as típicas canseiras dessas ocasiões. Basta estar no horário da missa”, destacou.
Pensando na economia aos casais e em manter a essência do casamento, o padre também não permite mais decoração com flores e outros arranjos e nem a escolha de músicos para a cerimônia. “Acabou-se o negócio de ‘alugar’ a igreja. Uma vez que não se cobra mais taxa, qualquer pessoa pobre terá o mesmo matrimônio que outra pessoa de nível superior. Os fotógrafos continuam normalmente”, reforçou.