No dia 24, quando houve um tiroteio em Ilhota, o funcionário contou que a emergência do hospital estava um “caos”, com mais de 50 pacientes no pronto-socorro e falta de macas e leitos. Quem buscou atendimento no local enfrentou demora e as reclamações caíram em cima de enfermeiros e médicos.
No vídeo, o funcionário relatou que um paciente que chegou às 10h só foi atendido por volta das 18h. Sem maca, o homem ficou esperando numa sala separada. Quando foi atender o paciente, o enfermeiro disse que teve dificuldade de tirar sangue do paciente para exames, sendo criticado pela esposa do homem como se fosse um profissional não capacitado.
“O paciente foi atendido no final da tarde, não porque a gente quer deixar o paciente esperando seis, sete horas, mas porque a gente não tem capacidade operacional, capacidade física pra atender a demanda. A gente faz milagre dentro daquele hospital”, desabafou.
O enfermeiro usou o vídeo pra cobrar a abertura do pronto-socorro e das novas alas de internação do Complexo Madre Teresa. Para a construção do prédio, o governo do estado gastou R$ 95 milhões. A abertura de novos setores aliviaria a sobrecarga atual do hospital.
“Na época da pandemia, todo mundo era herói, agora a gente foi esquecido novamente. Não adianta mandar fazer cirurgias e enfiar todo mundo no hospital se não tem onde colocar”, criticou.
Esforço em garantir atendimento mesmo com superlotação
A assessoria do hospital Marieta informou que o pronto-socorro está com o atendimento normalizado. A situação na sexta-feira era de 17 pacientes aguardando vaga de internação e apenas cinco pessoas na sala de medicação. Apesar do dia mais calmo, o Marieta esclareceu que enfrenta, como outros hospitais da região, superlotação nos últimos meses.
“Somos um hospital porta aberta, o que significa que acolhemos o fluxo de pacientes de uma região inteira (11 municípios), que tem crescido populacionalmente e que se destaca pelo turismo. Assim sendo, recebemos também os turistas que procuram a unidade hospitalar”, justifica.
Com centenas de atendimentos diários, o hospital ressalta que pacientes chegam a ficar em macas algumas vezes, mas são remanejados assim que possível. “Trabalhamos buscando o bem, em parceria com o município e o estado. Organizamos e seguimos filas obedecendo ao princípio de equidade que o SUS preconiza”, esclareceu.
Para dar conta da demanda, a assessoria informou que, muitas vezes, os pacientes do SUS são colocados no andar de convênio, voltado pra atendimento particular e que representa 7% dos atendimentos do Marieta. Nesses casos, o hospital informa que não recebe nem do convênio e nem do SUS, porque a unidade extrapola o número de leitos contratualizados.
Abertura de 25 novos leitos de internação
No Complexo Madre Teresa, o hospital informou que há previsão de inaugurar 25 novos leitos de internação. A secretaria estadual de Saúde confirmou a previsão pra novembro, ativando uma das novas alas do prédio. Conforme a pasta, a medida vai ajudar na solução dos problemas enfrentados pelo hospital.
A secretaria diz reconhecer a importância do Marieta para a região, destacando que o estado atua no financiamento e coordenando as ações em conjunto com os municípios e a administração hospitalar. “A secretaria continua dialogando com a administração do hospital e com os gestores locais visando apoiar da melhor maneira possível”, adiantou.
Ainda conforme a secretaria, o estado tem feito repasses pra apoiar o custeio do hospital, seja dentro da política hospitalar catarinense ou com o pagamento de outros convênios, como o recentemente firmado pra abertura de novos leitos de UTI para o SUS.
A pasta não atualizou o balanço de cirurgias eletivas do programa estadual que busca reduzir as filas de espera. Até setembro, mais de 80 mil já foram feitas. Segundo os dados, o total supera os números do mesmo período em 2019, com 57.440 cirurgias, e de 2022, com 61.601 atendimentos. Quando o plano foi anunciado, o estado tinha 105 mil pessoas na fila.