O dono da embarcação foi autuado em flagrante e no final do processo pode ter que pagar uma multa de R$ 4,5 milhões. O barco tinha autorização somente para a pesca de arrasto, com saída para o mar para pescar camarão sete barbas.
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“Após abordagem, foi constatada a presença de animais ameaçados de extinção. O pesqueiro sofreu apreensão administrativa da embarcação e os infratores responderão criminalmente e administrativamente”, informou a PMA.
As raias foram doadas para uma fábrica de farinha, já que a apreensão ocorreu durante a madrugada, horário que não havia como doar para uma instituição filantrópica, informou a PMA. O barco segue apreendido e a investigação seguirá. O nome da embarcação não foi informado pela polícia ambiental.
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Um estudo divulgado no ano passado na revista científica Current Biology mostrou que um terço dos tubarões, raias (ou arraias) e quimeras do mundo estavam sob ameaça de extinção, com a pesca sendo o principal fator da ameaça. A informação foi resultado de um painel científico com especialistas do mundo inteiro, reunidos em torno do Projeto de Tendências Globais sobre Tubarões.
Os três tipos de peixes formam o grupo chamado de condrictes, com características de serem cartilaginosos. Os especialistas analisaram individualmente as 1.199 espécies conhecidas do trio e, a partir de uma longa lista de fatores, classificaram 391 (32%) como apresentando risco de extinção.
O mesmo estudo já tinha sido feito pela União Internacional pela Conservação da Natureza há cerca de uma década. Na época, 17,4% das espécies estavam ameaçadas. Ou seja, em um curto espaço de tempo o percentual de espécies ameaçadas quase dobrou.
Segundo o estudo, as ameaças atingem mais severamente as raias (41% das espécies) e os tubarões (35,9%). As espécies de águas tropicais e subtropicais, como no caso do Brasil, são as mais ameaçadas: três quartos delas estão em risco de extinção.
O estudo ainda mostrou que 99,6% estão ameaçados de extinção pela pesca não sustentável, ainda que a destruição dos habitats para fins de desenvolvimento, poluição e aquecimento global também afetem os peixes.
Falta sustentabilidade
A professora Patricia Charvet, do Programa de Pós-Graduação em Sistemática, Uso e Conservação da Biodiversidade da UFC, foi a única brasileira a assinar o artigo da Current Biology. Na época, ela destacou que tubarões e raias são bastante suscetíveis à pesca porque têm crescimento lento, maturidade sexual tardia e deixam poucos descendentes. “Estamos retirando da natureza uma quantidade maior desses peixes do que ela consegue repor”, resumiu a professora.
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