Um barco de pesca do tipo traineira se chocou com um dos ferry-boats que faz a travessia entre Itajaí e Navegantes pelo rio Itajaí-açu no início da manhã de quarta-feira. Não houve feridos. No momento do acidente, havia forte neblina, a boca da barra estava fechada e a embarcação estava cheia de pedestres, visto que é o horário de pico da travessia.

O caso é investigado pela autoridade marítima, que é a Delegacia da Capitania dos Portos em Itajaí. Em nota, a NGI Sul, responsável pelo ferry, disse que houve um abalroamento entre a embarcação do serviço e o barco pesqueiro.

A empresa explicou que o choque ocorreu na área restrita de manobra, preferencial do ferry-boat. O pesqueiro atingiu a quina da proa da balsa e danificou a cancela.

“O incidente teve como possível causa a neblina”, afirmou a empresa. Segundo relato do mestre da embarcação Santa Catarina XV, da NGI Sul, que sofreu a batida, houve um alerta via rádio que a embarcação realizava a travessia do rio, mas não teve comunicação de nenhum outro barco a não ser da frota da empresa.

A informação é de que a embarcação do ferry teria sido surpreendida pelo barco de pesca na área de travessia. “O protocolo náutico determina que, em casos de neblina e mau tempo, cabe ao mestre realizar este alerta evitando possíveis ocorrências”, informou a NGI Sul.

A empresa ainda esclareceu que não houve vítimas entre passageiros e a tripulação, com a embarcação sofrendo apenas danos materiais.

O ferry-boat envolvido no incidente foi retirado das operações para reparos e um reserva entrou no lugar, permitindo que quatro embarcações façam a travessia normalmente.

O serviço foi restabelecido e operou sem restrições durante a quarta. “A NGI Sul informa que prestou auxílio aos usuários e reforça seu compromisso com a segurança e estará à disposição das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos”, completou a empresa.

Marinha investiga o acidente

A Delegacia da Capitania dos Portos de Itajaí abriu um inquérito pra apurar as causas e responsabilidades da batida entre o ferry-boat e o barco pesqueiro.

De acordo com a nota, o incidente entre as embarcações foi durante a travessia entre Itajaí e Navegantes, num momento de nevoeiro marítimo, “numa situação onde as condições eram de baixa visibilidade”.

“Uma equipe de inspeção naval foi enviada ao local para verificar o ocorrido e tomar as providências. Na oportunidade, não foram identificados feridos e nem indícios de poluição hídrica proveniente das embarcações”, adiantou a capitania.

Ainda segundo o órgão, foram emitidas notificações aos proprietários das embarcações pra que eles compareçam à delegacia e prestem esclarecimentos sobre o ocorrido. O inquérito tem prazo de 90 dias pra ser finalizado.

Vídeos feitos por passageiros mostram o momento do choque. Conforme as imagens, usuários se desequilibraram, houve gritos de socorro e pessoas se afastaram do ponto onde a embarcação foi atingida. Algumas motocicletas também tombaram no chão da balsa.

Além da forte neblina, passageiros contaram que o barco de pesca estava com a iluminação desligada. O pesqueiro também estaria em “sobrevelocidade” na área de travessia. No momento da batida, o barco de pesca estava entrando pelo rio Itajaí.

A embarcação pesqueira é a traineira Trimar XVII, da empresa Trimar, de Itajaí, que seguiu pro píer da cooperativa de pesca da Barra do Rio após a batida.

O Sindicato dos Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região (Sindipi) informou que o armador é associado. A entidade considerou que foi algo pontual.

O encarregado da Trimar, Elias de Souza, explicou que o barco estava “na manha” e no canal de navegação durante o incidente. Conforme o responsável pela empresa, houve apenas um “toque de leve” e o pesqueiro chegou a desviar para não bater.

Ele informou que na hora da ocorrência tinha duas embarcações do ferry fazendo a travessia e, quando o barco viu, já estava em cima de uma delas. Elias ainda destacou que o radar do barco estava funcionando e que não foi recebido alerta do ferry pelo rádio.

O pesqueiro não sofreu danos graves e também não houve feridos entre a tripulação.

Nevoeiros devem seguir até sábado

O nevoeiro que marca o amanhecer em Itajaí e região deve prosseguir até sábado, segundo o Laboratório de Climatologia da Univali. A cerração que atingiu o rio Itajaí-açu nesta quarta-feira, além de causar o acidente entre o ferry-boat e um barco de pesca, atrasou voos no aeroporto de Navegantes e fez com que a boca da barra fosse fechada pela Marinha do Brasil.

Segundo a CCR Aeroportos, o nevoeiro fez com que 13 voos sofressem atrasos. Já segundo o serviço de praticagem de Itajaí, a boca da barra foi fechada pela Marinha às 6h21, seguindo com a restrição de navegação até 9h40.

O aviso foi feito para as embarcações da zona portuária e não afetou barcos de pesca. “Quando a barra fica impraticável são suspensas as atividades dos navios que dispõem dos serviços do prático, profissional habilitado para executar as manobras”, informou a Marinha do Brasil.

A paralisação provisória da navegação pode voltar a ocorrer nas manhãs dos próximos dias, se os nevoeiros seguirem prejudicando a visibilidade no rio Itajaí-açu. O tempo seco, com sol e poucas nuvens provoca a condição de nevoeiros devido à influência da circulação marítima, que traz a umidade do oceano para o continente.

Segundo o climatologista Sergey Araújo, o nevoeiro é chamado “de irradiação”. “Como não tínhamos nuvens à noite, ou seja, o céu limpo, a temperatura caiu mais rapidamente. Assim o solo resfria e a umidade sobre ele condensa, formando o nevoeiro. Aquele velho ditado popular: nevoeiro baixa, sol que racha. Quando o sol aparece, ele se dissipa”, explicou.

O tempo só deve mudar a partir de sábado, com risco de chuva e temporais pela chegada de uma frente fria. “Até sábado teremos chance de nevoeiros isolados. Nesta quinta-feira há chance de chuvisco em alguns lugares e outros nevoeiros. A partir do final de tarde de sábado chuva”, acrescenta.