No feriado do Dia do Trabalhador, a criança estava em BC com Roberta Porfírio, mulher indicada por Marcelo Valverde Valezi pra receber o menino da mãe. Os dois foram presos na segunda-feira passada por tráfico de pessoas após serem abordados em um carro com a criança, já em São Paulo (SP).
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A vinda da criança pra Balneário ocorreu no dia seguinte que a mãe entregou o menino para Roberta e o marido dela, que estavam com Marcelo num carro usado pra buscar a mulher e o filho. A entrega foi no estacionamento de um supermercado em São José, onde a mãe teria sido convencida a deixar a criança com o casal.
“Eu teria que tomar uma decisão ali mesmo. Então por pressão, por manipulação, que eu já tava ali naquele local dentro do carro deles, eu acabei cedendo e eu tive um surto e resolvi entregar a criança a eles, mas sem pensar que poderia ser uma quadrilha de tráfico ou algo do tipo”, contou a mãe ao Fantástico.
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Após o encontro, a mãe passou a noite num hotel e foi pra casa no dia seguinte. No feriado, ela recebeu mensagens de Marcelo dizendo que o menino já tinha feito “amizade” com outras crianças na praia de Balneário. Roberta também mandou mensagem dizendo que o menino estava dormindo após “brincar tanto” e que eles iriam embora no mesmo dia.
Segundo a reportagem, Roberta teria parentes em Balneário Camboriú. O advogado dela contou que a cliente recebeu uma chamada no meio do feriado para “ajudar” a mãe, que estava “desesperada”. O advogado contestou o fato de que o carro usado pra levar o bebê estava com placa adulterada com uma fita. Para a polícia, isso seria pra prejudicar a identificação.
A mãe da criança relatou que se arrependeu logo após o filho ter sido levado. “Começou a cair a minha ficha do que eu realmente tinha feito. Foi aonde, no outro dia, eu atentei contra a minha própria vida”, disse a mulher, que chegou a ficar em coma na UTI até ser liberada na semana passada.
Preso junto com Roberta, Marcelo tinha conhecido a mãe do menino ainda durante a gravidez dela, em 2020, por um grupo numa rede social de apoio a mães. Eles voltaram a ser falar com mais frequência em abril deste ano. Conforme mensagens, Marcelo disse que não queria mais ficar com a criança, mas indicou Roberta, que teria interesse, combinando o encontro entre eles no dia 30 de abril.
Ao Fantástico, a advogada de Marcelo negou o crime. “Não houve rapto de criança, tudo foi feito mediante consentimento da própria genitora do menor, ela quis. O Marcelo, na intenção de ajudar, pensando no bem da criança também, foi que ele passou o contato da Roberta”, alegou.
Avião trouxe a criança
Após autorização da justiça de São Paulo, o menino foi transferido para Santa Catarina nessa segunda-feira. A aeronave da Polícia Militar decolou durante a manhã. Policiais civis, militares e uma psicóloga fizeram parte da equipe. O avião pousou na base aérea de Florianópolis por volta das 16h de segunda-feira com o menino N. A. G. e a equipe multidisciplinar a bordo. O menino foi entregue no abrigo em segurança.
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A transferência aconteceu porque a justiça paulista abriu mão do processo, que passará a correr sob sigilo pela Vara da Infância e Juventude de São José, com acompanhamento do Ministério Público. As investigações para esclarecer como o menino foi parar em São Paulo vão continuar. Um dos focos é apurar se houve pagamento para a mãe do menino entregar o filho.