A classificação nos pênaltis contra o Remo, pela terceira fase da Copa do Brasil, foi a segunda e última partida da passagem do técnico Cuca pelo Corinthians. Após o jogo, que foi vencido por 2 a 0 no tempo normal e 5 a 4 nos pênaltis, em São Paulo, o treinador anunciou sua saída “a pedido da família”. Desde que foi anunciado, Cuca vinha sendo alvo de manifestações de parte da torcida por conta de uma condenação por estupro em 1989, na Suíça.

Cuca negou ter participado do crime e a diretoria do clube alegou acreditar na versão do treinador Durante a semana, o técnico também anunciou que contratou um escritório de advocacia de São Paulo para provar sua inocência. O presidente do alvinegro, Duílio Monteiro Alves, lamentou a saída do treinador: “Não quero entrar no mérito agora, mas acho que foi um exagero, um massacre em cima dele e do Corinthians, em cima de mim também”.

Desde que foi anunciado seu nome, as manifestações contrárias ganharam corpo. Primeiramente, movimentos de torcedoras do clube se manifestaram nas redes sociais. A Gaviões da Fiel, principal torcida organizada do clube, também aderiu ao movimento contra o treinador. Protestos aconteceram em frente ao CT do Corinthians e ao Parque São Jorge.

As jogadoras do time feminino do Timão postaram uma mensagem em suas redes sociais no domingo, enquanto Cuca fazia sua estreia no comando da equipe masculina, na derrota por 3 a 1 para o Goiás.

“Estar em um clube democrático significa que podemos usar a nossa voz, por vezes de forma pública, por vezes nos bastidores. ‘Respeita as Minas’ não é uma frase qualquer. É, acima de tudo, um estado de espírito e um compromisso compartilhado. Ser Corinthians significa viver e lutar por direitos todos os dias”, dizia a mensagem das atletas.

Na quarta-feira, o Corinthians sofreu para vencer o Remo por 2 a 0 em Itaquera, devolvendo o resultado da partida de ida com um gol de Roger Guedes aos 48 minutos do segundo tempo. Nos pênaltis, Cássio defendeu uma cobrança e o Timão avançou de fase. Na comemoração após o pênalti decisivo, os jogadores correram para abraçar o treinador.

Condenação na Suíça

O caso aconteceu no ano de 1987, em Berna, na Suíça, quando Cuca era jogador do Grêmio. Ele e mais três atletas - Eduardo, Henrique e Fernando - foram acusados por uma menina de 13 anos de abuso sexual em um quarto da concentração do time, que fazia uma excursão pela Europa.

Os atletas ficaram um mês detidos e depois foram extraditados para o Brasil. Dois anos depois, três atletas foram condenados a 15 meses de prisão por atentado ao pudor com uso de violência. Cuca, Eduardo e Henrique nunca cumpriram a pena. Apenas Fernando foi absolvido. Essa semana um advogado que defendeu a menina contou que ela não só reconheceu Cuca como um dos estupradores como a perícia constatou que havia sémen do acusado na menor.