Matérias | Especial


SÃO JOÃO

Antônio mantém viva a tradição dos açougues de bairro em Itajaí

Comerciante segue inovando nos produtos e serviços sem abandonar os clássicos

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Antonio chegou a fazer protesto contra à alta da carne em 2019

Em 2019, o açougue Aline, no bairro São João, ganhou as manchetes ao estampar uma faixa escrita “Repúdio” por causa da alta abrupta da carne em função do aumento das exportações para a China. O proprietário, Antonio Carlos da Silva, chegou a perder clientes que viram ali uma crítica ao governo que elegeram, mas nada que abalasse a determinação em denunciar.

“O preço quase dobrou e nós que revendemos éramos vistos como vilões, não era justo. Tanto que os mercados também endossaram o protesto”, relembra. Antonio conta que os cortes traseiros passaram de R$ 13,50 para R$ 24,50. O economista Alexandre Giehl explica que passou a ser mais vantajoso para o produtor exportar a carne por causa da desvalorização do real. Além disso, aumentou a exportação de animais vivos, diminuindo a quantidade para abate no país.

Quem ficou admirado pela ousadia de Antonio, não imagina a determinação deste mato-grossense, nem a via-crucis que trilhou para conseguir um lugar ao sol. Criado pelos tios em Camboriú após a morte precoce da mãe, ele estudou até a sétima série e depois, como a maioria dos brasileiros, teve que arrumar um trabalho para garantir o sustento.



Trabalhou como servente, num mercado e numa loja de pneus, amargou seis meses desempregado, época em que a esposa segurou a onda com seu salário de gerente de posto.

“Só quem perdeu totalmente a perspectiva de conseguir trabalho sabe o que é o desalento. A gente nem procura de tanto ‘não’ que recebe, ainda mais quando não se tem estudo”, analisa.

A maré começou a virar quando Antonio tentou uma vaga de “bifeiro” no açougue Bastos, do Cordeiros. Mesmo sem experiência, falou que era profissional porque a necessidade falava mais alto. “Eu nem sabia onde ficava a alcatra, mas afirmei que se conseguisse a vaga, trabalharia sem descanso para me tornar um profissional”. E assim foi.


Em 2006, ele veio para o São João trabalhar no Açougue Aline, onde ficou até 2010. Lá, ele passou por todas as funções, desde limpar a caixa de gordura até cortar carne até meia-noite para atender a prefeitura.

Daquela época, ficou o bom relacionamento com o patrão, que anos depois lhe ofereceu a oportunidade de assumir o negócio, pois estava se aposentando.

Em 2014, Antonio tinha mudado de ramo. Em parceria com a esposa e cunhada, abriram duas padarias, uma no São Vicente e outra no Cordeiros. Mas como uma delas foi trocada por outra próxima ao Açougue Aline, o casal decidiu que seria uma boa ideia trabalhar próximos um do outro. Então, ele se reaproximou da clientela, raspou a poupança, vendeu a padaria do São Vicente, pegou uns cheques emprestados e em menos de um ano quitou a dívida.

Hambúrguer artesanal, filé de ancho e “fressura”

Antonio assumiu o Aline numa época difícil para os açougues de bairro. Acabavam de chegar ao São João o Koch, o Comprefort e o Bistek, concorrência tão acirrada que provocou o fechamento de casas tradicionais como o açougue Avenida, na Caninana, e o Açougue do Pedrão. Do Pedrão, na Fazenda, vieram os funcionários que estão trabalhando no Aline. E como o açougue mantém as portas abertas, mesmo após os difíceis anos de pandemia? Com inovação, profissionalismo e respeito às tradições.


A primeira coisa que ele fez para se diferenciar no mercado foi conseguir o selo de inspeção do Ministério da Agricultura para manusear as carnes no local. Para isso investiu em equipamentos, fez reformas no prédio com sala própria para o tempero, mesas separadas para não ter contaminação cruzada e contratou um médico veterinário para fazer a rotulagem. “Nem todo açougue atende a todos esses critérios, mas é isso que dá credibilidade”, afirma.

Além de deixar a carne do jeito que o cliente gosta, seja em formato de bife, cubos, moída ou temperada, o açougue se especializou em hambúrgueres artesanais de costela, maminha e até picanha e filé mignon, que são preparadas em bares e restaurantes da Beira Rio e Praia Brava. E para além das fronteiras do município. “Entregamos em Camboriú, Balneário, Penha e, se for acima de R$ 100, nem cobramos a entrega”, diz. E parcelam em 3x sem juros.

Outra novidade foi o kit de carnes variadas, que custam de R$ 149 a R$ 249, para clientes que não têm noção do que levar. E fazer cortes inspirados na parilla da Argentina/Uruguai, como o chorizo e filé de ancho, tirados do contrafilé. “Quando eu passei a vender lenha meu sobrinho achava que eu tava doido. No mesmo dia vendi um fardo. Os hermanos gostam da carne com um toque defumado, por isso a lenha”, explica.

Tudo isso sem deixar de lado os clientes mais antigos, amantes de bife de fígado, rabada e ensopado de fato. Tem bastante saída a “fressura”, mistura de vísceras que agrada a velha geração e clientes de outras regiões do país que escolheram Itajaí para viver.


Breque nas exportações e queda no preço do milho derrubaram preço do boi gordo

O preço da carne deve continuar em queda

O preço da carne deve continuar em queda

 

Segundo o analista do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Epagri, Alexandre Giehl, a queda de preço da carne bovina se deve à combinação de três fatores: período de safra da pecuária no primeiro trimestre, redução no custo de produção e interrupção de exportações para a China por causa do caso da vaca louca detectado no Pará.

O período de safra é quando há um maior número de animais para abate, o que faz cair o preço, pois há uma grande oferta do produto. “Apesar do gado brasileiro se alimentar basicamente de pasto, também é fornecido uma suplementação à base de milho e soja, que tiveram redução gradativa de preço nos últimos meses, após a alta de 2021”, explica.

Alexandre acredita que os preços da carne devem continuar em queda, mesmo com a retomada das exportações, mas não devem retornar aos patamares de 2018 porque a disponibilidade de animais para abate continua limitada. Mesmo com o aumento de 7,5% no plantel entre 2021 e 2022, ainda é 7,5% menor do que em 2018. Outro fator é o aumento das exportações em 22%, inclusive de boi vivo, e o aumento do custo de produção.


Ele conta que o Brasil é autossuficiente em milho e soja, mas por causa da alta do dólar ficou mais vantajoso para os produtores exportarem do que vender no mercado interno, da mesma forma que aconteceu com a carne a partir de 2019, e o óleo de soja. “Como são commodities, os preços internacionais ditam os preços do mercado interno, sem falar que, no caso do milho, teve uma quebra na safra 2020/2021 em decorrência de problemas climáticos”, justifica.




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