Após mais de cinco anos de reclamações dos moradores dos bairros Cordeiros e São Vicente, o Instituto do Meio Ambiente (IMA) embargou a fábrica de farinha de peixe Kenya pela poluição causada. O embargo aconteceu após a ouvidoria do órgão ambiental receber 45 denúncias sobre o mau cheiro só no último ano. O órgão ambiental ainda aplicou uma multa de R$ 450 mil. Para voltar a operar, a Kenya precisa apresentar um plano de ação para controlar o odor causado pela produção de farinha.
Nelson Oliveira, coordenador Regional do IMA, explicou ao DIARINHO que os fiscais do órgão constataram pelo menos 10 vezes o mau cheiro.
Um dos flagrantes ocorreu no dia 9 de março deste ano, quando às 6h20, foi rastreado o odor vindo da fábrica e constatado que ele chegou a mais de um quilômetro de distância da empresa ...
Nelson Oliveira, coordenador Regional do IMA, explicou ao DIARINHO que os fiscais do órgão constataram pelo menos 10 vezes o mau cheiro.
Um dos flagrantes ocorreu no dia 9 de março deste ano, quando às 6h20, foi rastreado o odor vindo da fábrica e constatado que ele chegou a mais de um quilômetro de distância da empresa e prejudicou moradores do bairro São Vicente, além dos moradores de Cordeiros. Segundo o IMA, das 52 semanas monitoradas, em 29 houve constatação do mau cheiro.
A fábrica foi embargada na noite dessa quarta-feira e está impedida de operar desde então. “O embargo é para a produção da fábrica. Eles já têm um histórico de reclamações”, explica o gestor.
Os 98 funcionários que trabalham na linha de produção da fábrica não podem voltar à atividade sem o aval do IMA. Já os funcionários administrativos da empresa, como os setores de RH e Financeiro, podem seguir trabalhando normalmente.
A empresa tem 20 dias a partir do recebimento do embargo para manifestar interesse em agendar uma audiência de conciliação ou apresentar sua defesa prévia. Para voltar a operar, a Kenya precisa elaborar e implantar um plano de ação capaz de controlar o mau cheiro durante a produção da fábrica. “O plano também será acompanhado e monitorado pelo IMA”, explica Nelson.
Segundo o coordenador regional, há um ano e meio a Kenya tem novos donos. Atualmente, um grupo de Minas Gerais comprou a planta de Itajaí e já se comprometeu em sanar os problemas ambientais para voltar a operar rapidamente.
Na noite de quinta-feira, a vereadora Anna Carolina Martins (PSDB) falou sobre o embargo durante a sessão da câmara de vereadores.
Vizinho relata sofrimento
A reportagem do DIARINHO esteve no local na tarde de sexta-feira e ao chegar perto do prédio já era possível sentir o mau cheiro. O aposentado Francisco Duarte, de 68 anos, que mora a cerca de um quilômetro do local, no loteamento Costa Cavalcante, sabe bem desse problema.
“Não aguentávamos mais o cheiro de peixe podre principalmente no final da tarde e início da noite. Também ao acordar, às 5h30, o cheiro dominava o quintal e invadia a casa ao abrir as portas e janelas”, narra Francisco.
Não aguentávamos mais o cheiro de peixe podre" - Francisco Duarte - Vizinho
O cheiro ruim fica impregnado nas roupas. “Mais de uma vez a minha esposa lavou as roupas antes de ir trabalhar e estendeu, quando retornou à tarde teve que lavar de novo, porque o cheiro estava impregnado nas peças”, conta Francisco.
A equipe de reportagem do DIARINHO não foi atendida pelo gerente da empresa. O telefone de contato da reportagem foi deixado com os funcionários da recepção, mas também não houve retorno da direção da Kenya até o fechamento desta edição.