A Polícia Federal (PF) informou em nota que encerrou na quarta-feira os depoimentos dos bolsonaristas detidos no ginásio da instituição, em Brasília (DF), investigados pelos atos terroristas no domingo passado. Segundo a PF, 1159 pessoas foram qualificadas, interrogadas e presas. O grupo será levado para o Complexo Penitenciário da Papuda, se juntando a outras 209 pessoas presas em flagrante ainda no domingo.
Ao todo, 1843 pessoas haviam sido conduzidas pela Polícia Militar para a Academia Nacional de Polícia após os ataques às sedes dos três poderes. A maioria estava no acampamento bolsonarista ...
Ao todo, 1843 pessoas haviam sido conduzidas pela Polícia Militar para a Academia Nacional de Polícia após os ataques às sedes dos três poderes. A maioria estava no acampamento bolsonarista que foi desmontado da frente do QG do Exército. Todos os detidos foram identificados pela PF e irão responder por crimes de terrorismo, associação criminosa, atentado contra o Estado Democrático de Direito, golpe de estado, perseguição, incitação ao crime, dentre outros.
Conforme a PF, 684 pessoas que estavam no ginásio foram liberadas na terça-feira. Elas foram identificadas e vão responder pelos crimes em liberdade. Tiveram prioridade na liberação idosos, pessoas com problemas de saúde, em situação de rua e pais e mães acompanhados de crianças. Os golpistas que permaneceram detidos foram entregues à Polícia Civil do Distrito Federal, responsável pelo encaminhamento ao Instituto Médico Legal (IML) e, depois, para o sistema prisional.
O ginásio da PF tava sendo esvaziado ainda na quarta-feira, com a retirada dos últimos detidos. Os homens foram transferidos para o presídio da Papuda e as mulheres para a penitenciária feminina do Distrito Federal. A PF ressaltou que, durante os dias da operação, todas as pessoas receberam alimentação regular, hidratação e atendimento de saúde. Os médicos registraram 433 atendimentos, dos quais 33 pacientes foram mandados pra unidades de saúde.
O fim dos depoimentos encerrou as atividades de polícia judiciária da PF determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após os ataques no domingo. A PF destacou que foram 57 horas de trabalho ininterrupto, que mobilizou 500 policiais federais, sendo a maior operação de polícia judiciária da história. A operação teve a participação de diversos órgãos do governo federal, do judiciário e do legislativo, além de entidades.
Partidos pedem suspensão de apoio de SC aos presos
O diretório estadual da federação partidária Psol-Rede protocolou na quarta-feira, na corregedoria do estado, denúncia contra o governador Jorginho Mello (PL) e a secretária de Articulação Nacional, Vânia Franco, pelo apoio jurídico e institucional aos golpistas catarinenses presos no Distrito Federal.
Os partidos pedem a suspensão imediata das atividades de apoio da secretaria aos suspeitos de atos terroristas e querem que o estado deixe de direcionar o aparato público para a defesa de interesses privados.
A denúncia se deu após o governo estadual determinar o acompanhamento pela Secretaria de Articulação Nacional da situação dos 19 catarinenses presos em Brasília após os ataques de domingo.
A medida designou, conforme portaria publicada na terça-feira, que quatro defensores públicos estaduais prestem atendimento e orientação jurídica aos golpistas do estado detidos pela PF.
O envio de defensores foi criticado pela oposição, que consideram a medida ilegal. O entendimento é que, se os suspeitos não têm advogado particular, quem deve atuar é a Defensoria Pública do Estado, órgão independente do governo estadual.
O governador Jorginho Mello (PL) defende que a medida é pra monitorar a situação e tentar “garantir o direito de cada um ao processo legal a que todos temos direito”. “São catarinenses e, por isso, o Estado está se fazendo presente”, afirmou.
O presidente do PT de Santa Catarina e ex-candidato a governador, Décio Lima (PT), alertou que “a defesa de terroristas por advogados públicos pode causar impeachment do governador de SC”. “Nosso estado não pode se permitir a isso e não ficaremos resignados diante de tamanho absurdo”, postou.