Os 120 mm de chuva que caíram entre a noite de domingo e a madrugada desta segunda-feira alagaram novamente as ruas do bairro Ressacada, em Itajaí. No final da manhã, as ruas já estavam secas, mas ainda tomadas por lama. Os moradores alegam que, após a implantação da galeria pluvial na avenida Abraão João Francisco, a Contorno Sul, em obra executada pela prefeitura de Itajaí, as ruas passaram a alagar de forma grave no bairro.

Uma moradora de 44 anos que tem casa na avenida vereador Abílio Otávio do Canto narra que os carros da vizinhança ficaram com água até o painel devido ao alagamento. “Foram dois episódios de chuva forte. Semana passada foi trágico! Todas as ruas praticamente dessa região ficaram alagadas, as casas invadidas por água. Ontem [domingo] à noite choveu muito forte e voltou todo o problema. Alagou tudo de novo. Toda limpeza que tinha sido feita nas casas, nos acessos, agora está tudo cheio de barro novamente. Está

 crítica a nossa situação”, explica.

A moradora Marilda Cabral Almeida, de 51 anos, conta que nos 12 anos que reside na rua Aristides Estevão da Silva nunca entrou água em sua casa. "Já tivemos enxurradas fortes antes e nunca entrou. Minha casa fica a 1,20 metro do nível da rua e na última terça-feira entrou 15 cm de água em casa. Nessa noite ficou na rampa da garagem. Se chovesse mais uma hora, entraria novamente", conta.

Na semana passada, Marilda perdeu a cristaleira, o painel da churrasqueira e uma porta danificada pelas águas que invadiram a residência. O estrago só não foi maior, segundo Marilda, porque ela mora em uma casa de dois andares e a família colocou a maior parte dos móveis no andar de cima.

Os moradores contam que os alagamentos começaram a ocorrer de forma mais intensa após a obra de implantação da galeria pluvial, na rótula da Renault, na avenida Contorno Sul. “As ruas Irene Bonanomi da Silva e Aristides Estevão da Silva ficaram alagadas novamente na noite de ontem [domingo]. Isso não acontecia antes, passou a ocorrer após a obra da prefeitura”, conta o morador Roberto E.

Marilda também reforça que algo de errado aconteceu no bairro Ressacada após a implantação da galeria. "O que eu posso te dizer é que algo  está errado. Após essa galeria é que tivemos as cheias dessa forma aqui no bairro, creio que tem ligação sim", opina.

“Ocorriam alagamentos, mas nada tão grave e com as proporções deste último mês. Realmente ficou bem pior depois das obras na galeria”, completa outra moradora.

Prefeitura está ciente

O secretário de Obras, Marcio Dedé, explica que as chuvas da última noite atingiram as ruas Elias Britch, Aristides Estevão e Irene Bonanomi. “Nosso pessoal vem acompanhando o problema, limpamos a entrada da vala para o tubo no loteamento do Delco [DLC]. A saída da vala vai para dois tubos de um metro e depois entra na nossa galeria. O problema está acontecendo antes da galeria, porque começa a represar a água nos tubos”, explica.

O loteamento da DLC fica no pé da morraria da Ressacada, perto da avenida Vereador Abílio Otávio do Canto. Dedé foi procurado por um grupo de 15 moradores nesta segunda-feira preocupados com a situação e alegando que ela foi causada pela implantação da galeria. “Nossa equipe técnica não tem esse entendimento. A entrada da galeria, no final da rua José Siqueira, ela não transbordou,  ela não represou. A água está represando na saída da rua Alfredo Labes para a Irene Bonanomi da Silva – onde entra nesse tubo duplo de um metro. Ela vem em uma vala aberta, com uma vazão, e chega ali entra em dois tubos de metro. Esses tubos acabam represando a água. Isso existe há muitos anos”, informa.

A outra reclamação que a secretaria de Obras recebeu é do começo da avenida Abílio do Canto. “Isso eu me comprometi a avaliar com a comunidade. Uma demanda nova, que eles dizeram que não alagava. Mas a parte dos fundos, da Irene Bonanomi da Silva, Aristides Estevão, que quando no loteamento Delco, isso é antigo e acontecia lá trás. A gente fez essa galeria exatamente para tentar dar vazão na água que sai de lá. A gente se comprometeu a faze ruma intervenção na Abílio do Canto e vamos fazer uma intervenção na Contorno Sul para pegar uma água que vem de próximo da secretaria de Educação”, finalizou Dedé.