A questão dos food trucks na avenida Beira Rio, no centro de Itajaí,  foi alvo de manifestações da vereadora Aline Aranha (UB) e do secretário de Turismo, Evando Neiva, pelas redes sociais. Eles tiveram o apoio, também, de comerciantes estabelecidos na principal avenida turística de Itajaí.

Vereadora e secretário denunciam a falta de fiscalização e de organização para os vendedores e cobram a secretaria de Urbanismo. O secretário de Urbanismo, Rodrigo Lamim, faz silêncio sobre a polêmica.

O secretário de Turismo parabenizou a vereadora por postagens nas redes sociais onde a parlamentar mostra a situação do food-trucks. “Sou contra tudo isso e estou praticamente sozinho cobrando isso dentro da prefeitura”, comentou Evandro. Ele escreveu que está há mais de dois anos cobrando uma regulamentação do Urbanismo, tanto para a Beira Rio como para o estacionamento do molhe da Atalaia.

A vereadora informa que na semana passada havia 42 food-trucks estacionados na BeiraRio, quando seriam permitidos até 20. Aline aponta que os trailers e carrinhos pernoitam no local e passam o dia fechados, ficando sem atender em diversos períodos e ainda assim ocupam as poucas vagas de estacionamento no local. A queixa dela lembra que a cidade ainda está sem estacionamento rotativo e que os food trucks tomam conta das poucas vagas.

“O Código de Normas Municipal não permite, mas a maioria pernoita ali. Está mais do que na hora de fiscalizar e regulamentar! É urgente”, defende. A vereadora lembra que vem há mais de um ano “implorando” pra que os vendedores tenham os lugares demarcados e que seja respeitado o limite de 20 carrinhos. Diante da falta de providências, ela resolveu expor a situação nas redes sociais e garante que recebeu apoio de vários comerciantes regularmente estabelecidos na avenida.

Alguns trailers e veículos ocupam mais de uma vaga de estacionamento. No trecho da Beira Rio em frente à praça Genésio de Miranda Lins, os food-trucks ocupam quase todas as vagas dos dois lados da via. Nos últimos dias, a prefeitura pintou as vagas prioritárias, como de idosos e cadeirantes, mas não mexeu em trailers que invadem as áreas especiais de estacionamento.

Ideia de food park

A proposta da secretaria de Turismo é que os comerciantes ambulantes ficassem no entorno da praça da Beira Rio. Hoje as licenças não estabelecem um ponto específico. O código de posturas do município proíbe que veículos pra atividade comercial fiquem estacionados em vias públicas por mais de um dia. 

A ideia de um espaço específico para os vendedores, numa espécie de “food park”, é estudada pelo Urbanismo, mas não houve resposta sobre como está esse projeto. Comerciantes fixos apoiam a proposta de uma área específica, seja na Beira Rio ou em outro local, desde que haja organização e regras claras.

“As autoridades que regulamentam isso deveriam criar um espaço com toda infraestrutura para esse pessoal trabalhar com dignidade, colocando ponto de água e energia e um banheiro para os usuários”, comentou o dono de um restaurante, que sugeriu o uso do pátio do Centreventos como um local adequado.

Itajaí está virando uma favela dos food trucks, critica o secretário

O secretário de Turismo disse que a briga da vereadora é a mesma dele. “Eu sou a única pessoa de dentro da prefeitura que está brigando desde 2020. Tenho todos os ofícios cobrando o Urbanismo e nenhum desses documentos foi respondido.  Todos foram arquivados”, lembra.

Evandro destaca que é a favor dos food trucks, mas não na forma como estão na Beira Rio. “Itajaí está virando uma favela de food trucks”, disparou. Para o secretário, esse tipo de comércio deveria ser de caráter transitório e temporário, como em eventos, mas na avenida se tornaram equipamentos fixos.

Para ele, a desorganização existe por culpa da secretaria de Urbanismo. “É um absurdo porque o Urbanismo não faz a fiscalização e é conivente com aquilo lá”, completa, frisando que a pasta já perdeu totalmente o controle da situação.

Em um dos ofícios, o secretário havia pedido que não fossem emitidas mais licenças para ambulantes antes de se organizar os que já ocupam o local. A solicitação foi ignorada e ocupação desordenada dos food trucks só se agravou no último ano. “É visível a falta de fiscalização e de um ordenamento”, lamentou Evandro. “Nós vamos receber mais de 70 mil passageiros de transatlânticos e realmente fica um visual desequilibrado no centro da cidade”, avaliou.