Após a divulgação de um vídeo em que manifestantes fazem gestos supostamente nazistas em manifestação na quarta-feira em São Miguel do Oeste, o Ministério Público, por meio do Gaeco, fez identificação de manifestantes, analisou imagens e conversou com testemunhas. A apuração preliminar, porém, não identificou intenção de apologia ao nazismo.
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“Não houve intenção, aparentemente, de fazer apologia ao nazismo, não havendo evidências de prática de crime, muito embora a atitude seja absolutamente incompatível com o respeito exigido ...
“Não houve intenção, aparentemente, de fazer apologia ao nazismo, não havendo evidências de prática de crime, muito embora a atitude seja absolutamente incompatível com o respeito exigido durante a execução do Hino Nacional e pode gerar alguma responsabilidade”, informou o MP. Conforme o órgão, a apuração preliminar foi feita de forma rápida pelo Gaeco.
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Segundo a investigação, o gesto dos manifestantes foi executado após serem conclamados pelo locutor do evento, um empresário, a estenderem a mão sobre o ombro da pessoa à sua frente ou, se não houvesse, para que estendesse o braço, a fim de “emanar energias positivas”. O MP explicou que o relato foi confirmado por um policial que acompanhava a manifestação e por repórteres que estavam no evento.
“Em diligências, não restou evidenciada nenhuma ligação do referido locutor com nazismo, bem como foram identificadas imagens que os manifestantes por diversos momentos realizaram orações, inclusive se ajoelhando em frente ao quartel do Exército, trazendo verossimilhança à narrativa que não se tratava de gesto nazista”, disse.
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Com base na análise das imagens, também ficou demonstrado, segundo o MP, que não é verídica a notícia de presença de bandeira neonazista na manifestação de São Miguel do Oeste. Segundo o MP, a imagem é de outro município.
Apesar de não serem identificados indícios de crime de apologia do nazismo, o relatório produzido pelo Gaeco foi encaminhado para a 40ª Promotoria da Capital, especializada em crimes de racismo e ódio, para o aprofundamento das investigações. O caso também foi enviado ao Núcleo de Enfrentamento aos Crimes de Racismo e Intolerância.
Repercussão nacional
A manifestação em São Miguel do Oeste ocorreu em frente ao 14º Regimento de Cavalaria Mecanizado, base do Exército na cidade. O evento fez parte de uma série de atos pelo país em frente a quartéis e batalhões e organizados por manifestantes.
O vídeo se espalhou pelas redes socais. As imagens mostravam pessoas na BR 163 cantando o Hino Nacional com as mãos estendidas em direção ao tanque na entrada do quartel.
Com a repercussão do caso, o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, manifestou preocupação com a atuação de grupos nazistas em SC. O tema foi abordado em reunião na quarta-feira com o governador eleito, Jorginho Mello (PL).
A procuradoria tem investigações em andamento sobre grupos nazistas que correm em sigilo. Uma operação na semana passada prendeu cinco integrantes de células nazistas em Joinville, Floripa e São José.
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