O Ministério Público de Santa Catarina abriu uma investigação para apurar o transporte de crianças na carroceria de um caminhão, cercadas por grade e simulando uma cela, durante a manifestação na BR 101 em Balneário Camboriú nesta quarta-feira, feriado de Finados.

As crianças na “cela” usavam máscaras com o rosto do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O promotor de Justiça Alan Boettger, da 4ª  Promotoria de Balneário Camboriú, que responde pela área da infância e juventude, está analisando os vídeos feitos por uma testemunha que passava pelo local a fim de identificar as infrações ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

A intenção é buscar informações para identificação dos responsáveis pelas crianças. A placa do caminhão não é visível nas imagens, mas um carro ao lado foi identificado.

A promotoria vai oficiar à Polícia Rodoviária Federal (PRF) para obter a confirmação da placa visualizada e os dados do proprietário do veículo.

Além disso, conforme já registrado, irá tentar obter outras imagens e elementos para identificação dos envolvidos.

O MP também investiga o uso de crianças como escudos para evitar o desbloqueio de trechos da BR 101, tanto em Itajaí como em Itapema.

Jornalista estava de passagem quando flagrou a cena

Os vídeos e fotos foram registrados pela jornalista Jeniffer Prado, que estava de passagem pela BR 101, na tarde de quarta-feira. Ela seguia de Itajaí para Porto Belo. “Chegamos nesse trecho em frente ao posto do Tigrão e a BR estava parada. Nós estávamos na marginal e o caminhão no acostamento da BR, e foi por onde eles saíram andando em direção ao grupo que estava bem próximo da subida do Morro do Boi”, conta.

O registro foi feito por volta das 16h. A jornalista diz que não denunciou o caso à polícia porque viu a Polícia Rodoviária Federal (PRF) na rodovia e imaginou que fossem flagrar a cena. “O carro da PRF tinha passado por ali um pouco antes, eu não fiz denúncia porque imaginei que eles iam se encontrar ao longo do trecho”, conta.

Jeniffer também não conseguiu anotar a placa do caminhão, porque ele estava com as laterais baixadas, impedindo a visualização. “Nós vimos de longe a movimentação, as crianças ajudando a prender a cela no caminhão e fiquei pensando o que seria aquela gaiola estranha. Achei estranho as crianças estarem usando camisa vermelha. Os meninos foram colocados dentro da cela pelos adultos, que também colocaram as máscaras. Foi tudo muito absurdo de assistir”, opina Jeniffer.