estaleiro em Itajaí
Marinha faz testes antes de iniciar a produção de fragatas bilionárias
Construção inicia em setembro; contrato prevê investimentos de quase R$ 10 bilhões para produção de quatro embarcações
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O processo de produção dos navios do programa Fragatas da Classe Tamandaré avançou mais um passo nesta terça-feira, no Thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, em Itajaí. Em cerimônia oficial, a Marinha do Brasil e o consórcio Águas Azuis, responsável pela execução do projeto, apresentaram um modelo de verificação que reproduz em tamanho real uma das praças de máquinas de um dos navios.
A aprovação da estrutura, uma unidade piloto, que pesa mais de 18 toneladas com mais de nove metros de comprimento, é necessária para o início da fabricação da fragata ainda neste ano. A ação serve para validar os processos de fabricação e dar sinal verde para a sequência dos trabalhos.
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O programa das fragatas contempla a construção de quatro navios modernos e de alta complexidade tecnológica. O projeto é conduzido pela Marinha desde 2017, e prevê a construção da primeira unidade a partir de setembro de 2022, com entrega para o final de 2025. A produção será tocada pelo consórcio das empresas Thyssenkrupp Marine Systems, Embraer Defesa & Segurança e Atech. A gestão do contrato é da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), estatal ligada à Marinha.
As embarcações devem modernizar a força naval, com a renovação da esquadra brasileira e o fortalecimento da indústria de Defesa. Conforme a Emgepron, as fragatas serão escoltas versáteis e de alto poder de combate, com capacidade de atuar contra múltiplas ameaças, tanto na fiscalização quanto na proteção das atividades econômicas, como a petrolífera e pesqueira.
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Os navios serão usados na defesa e monitoramento da chamada Amazônia Azul, área marítima de mais de 5,7 milhões de quilômetros quadrados ao longo do litoral brasileiro. Ao mesmo tempo, as fragatas terão capacidade de trabalhar em operações de busca e salvamento e no combate a crimes de poluição, pirataria e pesca ilegal, entre outros, além de atender compromissos internacionais.
A aliança naval entre a empresa e a Embraer Defesa & Segurança permitirá criar bases à exportação de produtos de defesa naval a partir do Brasil. Em Itajaí, está prevista a contratação de cerca de 2 mil trabalhadores diretos, que receberão capacitação, além da geração de outros 6 mil empregos indiretos.
Fragatas de última geração, produzidas no Brasil, por brasileiros, filhos da terra, serão lançadas para proteger nossas águas e garantir a soberania do território nacional” - Diretor-geral do consórcio Águas Azuis - Fernando Queiroz
Desenvolvimento tecnológico e impactos além da construção
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O programa prevê a transferência de tecnologia, dominada por poucos países, e a capacitação de empresas e da Marinha do Brasil. A Thyssenkrupp Marine Systems, da Alemanha, está fornecendo a tecnologia naval da plataforma de navios de defesa da Classe Meko, já utilizada em 82 embarcações em operação pelas marinhas de 15 países, entre eles Portugal, Grécia, Austrália, Argentina e Argélia.
O diretor-geral do consórcio Águas Azuis, Fernando Queiroz, lembrou que nos últimos dois anos o foco foi a mobilização do estaleiro e o desenvolvimento do projeto detalhado do navio. Ele lembrou ainda que as restrições da pandemia logo após a assinatura do contrato comprometeram as reuniões e discussões do projeto - o cronograma inicial previa início da fabricação em março deste ano.
“Em breve, fragatas de última geração, produzidas no Brasil, por brasileiros, filhos de nossa terra, gente da nossa gente, serão lançadas para proteger nossas águas e garantir a soberania do território nacional”, destacou Fernando.
Segundo ele, o legado da construção das fragatas irá muito além dos benefícios tecnológicos, intelectuais e educacionais, e atravessará gerações. “Com o desenvolvimento tecnológico, traremos formação de mão de obra altamente qualificada e crescimento socioeconômico. O impacto positivo é extremamente amplo e vai alcançar a cadeia de valor não só em Itajaí e região, mas em todo o Brasil”, completou.
Investimento em soberania
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O almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, comandante da Marinha, comentou que o modelo para execução do projeto permite a capitalização de uma empresa pública, independentemente do Tesouro, para investir em setores críticos, como o da soberania nacional.
“O Parlamento teve o bom senso e o entendimento da importância desse projeto para o país e para a nossa soberania, aprovando a proposta de capitalização”, lembrou, sobre a criação do programa, que prevê investimentos de quase R$ 10 bilhões ao longo do contrato.
Conforme o almirante de Esquadra José Augusto Vieira da Cunha de Menezes, a apresentação da qualificação da seção marca o encerramento da fase de execução do plano de mobilização do estaleiro, iniciada após contrato em setembro de 2020.
“Durante esse período foram realizados os estudos de revisão e consolidação dos requisitos contratuais, bem como a aprovação do projeto de engenharia que está em fase de detalhamento para a construção das fragatas”, disse.
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A preparação do estaleiro ainda envolveu adequações no parque industrial, incluindo a mobilização de recursos humanos e a implantação de um plano de treinamento dos profissionais.
SAIBA MAIS
- A unidade piloto pesa mais de 18 toneladas e tem mais de 9 metros de comprimento
- Teste serve para validar os processos de fabricação e dar sinal verde para a sequência dos trabalhos
- Os navios serão usados na defesa e monitoramento de 5,7 milhões de quilômetros quadrados do litoral brasileiro, para salvamento e no combate a crimes de poluição, pirataria e pesca ilegal