Despedida em casa
Corpo de Jesse e cinzas de Shurastey serão trazidos para BC
Família e amigos agilizam a liberação e o translado do corpo. Expectativa é que a cerimônia aconteça em uma semana
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]



Após a vaquinha on-line arrecadar os R$ 120 mil necessários para o translado do corpo de Jesse Koz, de 29 anos, de Portland, nos Estados Unidos, para o Brasil, a família e amigos agora se dedicam aos trâmites burocráticos para agilizar o deslocamento. O corpo de Jesse e as cinzas do seu fiel e inseparável amigo, o cão Shurastey, serão trazidos para Balneário Camboriú.
Felipe Pires, amigo de Jesse desde 2012, informou que autoridades catarinenses e personalidades brasileiras estão ajudando a família na documentação para a liberação do corpo nos Estados Unidos.
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“O governador do Estado e pelo que entendi o Ministro da Relações Exteriores também ajudaram. Precisa fazer umas certidões, apostilar essas certidões, levar uma porção de documentos. Estando tudo isso em ordem, vai ser trasladado o corpo do Jesse para o Brasil em um caixão de madeira para fazermos um velório cristão aqui em BC”, informou.
Já o corpo do Shurastey será cremado nos Estados Unidos e somente as cinzas, em uma urna, virão para o Brasil. “Depois do velório, que ainda não decidimos se vai ser aberto ao público ou se vai ser só para a família, a vontade da família é cremar o corpo, mas quando isso acontecer vai ser em Balneário Camboriú”, informa.
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Felipe diz que a cidade natal de Jesse era Curitiba, mas a vida dele foi em Balneário Camboriú. O amigo comenta que as ferragens do Fusca também devem vir para o Brasil. “Mas ainda não decidimos o que fazer. Talvez um memorial ou algo assim”, explica.
A data para o velório e a cremação do corpo de Jesse ainda estão indefinidas, dependendo da liberação documental para o embarque do caixão para o Brasil. “Quando embarcar é coisa de talvez umas 12 horas até aqui. Vamos buscar no aeroporto, ou de Navegantes ou de Floripa, e trazer para Balneário Camboriú. Isso a prefeitura garantiu que será de forma gratuita para a gente”, comentou.
A estimativa é de que a chegada do corpo aconteça em até uma semana. Felipe conversou com a polícia americana e, até o momento do translado, o corpo fica abrigado em uma espécie de necrotério refrigerado.
Vai sempre existir uma versão do Jesse na mente e no coração de cada pessoa. E essa sempre será a melhor versão. Só o lembraremos por coisas alegres e divertidas” (Felipe Pires, amigo)
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Mãe foi avisada pessoalmente
Felipe foi o primeiro a saber da morte de Jesse. Ele estava como um dos contatos de emergência e recebeu a ligação na segunda-feira por volta das 11h30 - horário de Brasília. “A tia dele mora em BC, a mãe dele mora em Curitiba. E foi por isso que "seguramos" a notícia. Fui o primeiro a saber porque eu era uma espécie de contato de emergência. Avisei a tia dele e antes de anunciarmos na internet, a tia preferiu primeiro ir até Curitiba avisar a mãe”, explica.
A mãe adotiva tem 67 anos. O pai Jesse não conheceu. A mãe biológica, ele sabia quem era, mas como foi abandonado na infância, nunca procurou manter contato.
Acidente fatal em rodovia
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Sobre o acidente, Felipe conta que Jesse seguia na pista da direita da rodovia. A estrada que Jesse estava era uma “highway dos EUA”, o equivalente às nossas rodovias. Pista dupla de vai-e-vem, com faixa amarela no meio.
“Alguma coisa estava puxando o Fusca para a direita... O que era? Não sabemos. Talvez o Jesse estivesse mexendo no celular, talvez ele estivesse acudindo o Shurastey, talvez deu um mal súbito nele, talvez a barra de direção deu algum problema ou simplesmente a própria força centrípeda puxava ele. Quando ele se deu conta, abruptamente, virou o volante para a esquerda. Essa virada de volante fez com que as rodas ficassem na lateral e ocasionaram o capotamento do fusca para a pista da esquerda”, explica.
Praticamente no mesmo tempo, outro carro, que vinha na direção contrária, colidiu com o veículo do brasileiro. “O Shurastey morreu na hora, no mesmo segundo do impacto. Já o Jesse ficou preso às ferragens e tentou sobreviver. Os amigos até o acudiram falando coisas como “Respira, Jesse! Fica aqui comigo que o socorro já está a caminho!” Mas apesar de vivo e respirando, ele já não falava mais, não reagia mais... Sangrava pela boca e nariz até que fatalmente deu seu último suspiro e morreu no local, antes de qualquer tipo de socorro chegar”, narra Felipe.
Os amigos que estavam no trajeto eram o casal do Enjoytripbr, perfil do Instagram, dos brasileiros Roana e Diego, que seguiam viagem em outro carro, com o cãozinho Zed.
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O acidente aconteceu a 3,7 mil km do Alaska, a cerca de dois dias do destino final. Jesse estava atento à travessia. “Se fosse direto, daria uns dois dias, mas o plano dele era fazer de sete a nove dias de viagem. Não era uma corrida e não importava o destino final. Ele queria aproveitar a viagem, as paisagens etc...”, conta o amigo.
Confidentes durante aventura
Felipe trocava mensagens com Jesse praticamente todos os dias. Eles se conheciam há 10 anos e, desde a viagem, todos os dias compartilhavam memes, informações e brincadeiras pelo WhatsApp. “Última vez que tivemos uma conversa de fato foi dia 8 de maio, mas todo dia a gente se mandava meme. Última coisa que mandei foi que estava vendo a entrevista dele com o Rafinha Bastos, que foi ao ar no dia 20 de maio...”, recorda.
Cuidado para avisar à família
O amigo Felipe foi o primeiro a ser avisado sobre o acidente. Ele estava como um dos contatos para casos de emergência e recebeu a ligação na segunda-feira, por volta das 11h30, horário de Brasília. “A tia mora em BC, a mãe mora em Curitiba. E foi por isso que “seguramos” a notícia. Fui o primeiro a saber porque eu era uma espécie de contato de emergência. Avisei a tia antes de divulgarmos na internet. A tia preferiu ir até Curitiba avisar a mãe pessoalmente”, explica.