Agência pública

Cinco cidades da região aparecem em mapa de contaminação de água

Levantamento detectou 763 cidades brasileiras com água contaminada por substâncias tóxicas entre 2018 e 2020; caso de BC é o mais grave

O levantamento mostra que a maior parte da contaminação (51%) tem origem no próprio processo de tratamento da água  (foto: João Batista)
O levantamento mostra que a maior parte da contaminação (51%) tem origem no próprio processo de tratamento da água (foto: João Batista)

A região da Amfri tem cinco cidades entre as 763 listadas do Mapa da Água com detecções de substâncias químicas acima do limite de segurança definido pelo ministério da Saúde. O levantamento da Agência Pública mostra que Balneário Camboriú teria a água mais contaminada na região, com 12 substâncias acima dos limites, seis delas com maiores riscos à saúde. A Emasa contestou os dados.

O mapeamento da contaminação da água, que chega às torneiras dos consumidores, foi feito a partir de testes realizados pelas empresas responsáveis pelo abastecimento das cidades entre 2018 e 2020. Esses testes fazem parte da base do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para o Consumo Humano (Sisagua), do ministério da Saúde.

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Quase metade dos municípios não enviou os resultados das análises para o Sisagua, no período, embora o encaminhamento das informações seja obrigatório. Na Amfri, as companhias de água de Navegantes e Camboriú estão no grupo que não mandou dados para o sistema. Em quatro cidades - Itajaí, Itapema, Bombinhas e Luiz Alves – o mapa não aponta contaminação, com todas as substâncias dentro do limite de segurança.

A pesquisa levantou 2645 cidades sem testes de substâncias químicas e radioativas na água e 2161 com todos os testes dentro dos limites. Em 763 municípios, foram identificadas substâncias acima do permitido. Em Santa Catarina, entre 157.947 testes, 370 apontaram a presença de contaminantes ou produtos que deixam a água imprópria pro consumo.

O levantamento mostra que a maior parte da contaminação (51%) tem origem no próprio processo de tratamento da água, com os chamados “produtos de desinfecção”, gerados quando o cloro interage com outras substâncias. A segunda maior causa (35%) vem de elementos inorgânicos, parte deles cancerígenos. Materiais orgânicos (7%), agrotóxicos (5%) e radioativos (2%) completam as causas.

A pesquisa aponta, ainda, a falta de transparência das companhias municipais e estaduais de água sobre a divulgação dos testes de qualidade. O ministério da Saúde determina que as empresas informem à população sobre o aparecimento de substâncias acima do limite. Na maioria dos casos, apenas dados básicos, como cor, turbidez e coliformes fecais, são divulgados aos consumidores.

Doze substâncias suspeitas em BC; 6 cancerígenas

Em Balneário, seis das substâncias apontadas no mapeamento são classificadas como cancerígenas ou potencialmente cancerígenas pela OMS, entre arsênio, cádmio, chumbo, cromo, níquel e selênio. Outras seis são produtos químicos com menor risco à saúde, entre antimônio, bário, cobre, mercúrio e urânio. Do total, apenas um elemento é subproduto do processo de tratamento da água. Os demais são substâncias inorgânicas que apareceram nos testes.

Em Balneário Piçarras, o Mapa da Água apontou contaminação com duas substâncias: ácidos haloacéticos total e trihalometanos total, geradas no tratamento da água. Os ácidos são classificados como, possivelmente, cancerígenos pela organização Mundial da Saúde (OMS). Já os trihalometanos derivam do metano e contêm clorofórmio, também, potencialmente, cancerígeno.

Em Penha, foram duas substâncias acima do limite: trihalometanos total e níquel. A companhia Águas de Penha não respondeu ao DIARINHO. Em Ilhota, houve detecção de cloreto de vinila, produto cancerígeno usado na produção de PVC. Em Porto Belo, foram encontrados ácidos haloacéticos total. Os riscos seriam maiores pra quem bebeu a água ao longo dos três anos analisados.

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Levantamento está baseado em dados inconsistentes, rebate Emasa

Emasa diz água distribuída à população não é contaminada pela bacia do rio Camboriú (foto: divulgação)

Em nota elaborada pelo corpo técnico da Emasa, a autarquia defendeu a qualidade da água, distribuída aos consumidores, dentro dos padrões de potabilidade do ministério da Saúde. A autarquia segue a portaria 888/2021, que indica que os estudos de manancial, água tratada e água distribuída devem ser realizados com frequência semestral, trimestral, bimestral, mensal, semanal e diária.

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A Emasa afirmou que os dados, trazidos na reportagem, são frutos de inconsistências entre o que estava no Sisagua, em 2018, e o resultado real encaminhado à Vigilância Sanitária Municipal, responsável, até 2018, por incluir os dados no sistema federal. Segundo a autarquia, os órgãos de fiscalização estaduais confirmaram as inconsistências, editando norma pra que as companhias estaduais e municipais inserissem os dados diretamente no Sisagua.

“Todos os dados, a partir de 2019 e inseridos dentro do sistema Sisagua, apresentam consistência com as análises executadas, os resultados gerados e interpretados, não sendo, portanto, verídica a informação de que existem parâmetros, cujos resultados estão acima do valor máximo permitido pela legislação vigente até 2020”, diz a  nota do Emasa.

A empresa, ainda, considerou que a reportagem citou apenas as substâncias, sem quantificar os percentuais, e frisou que os elementos foram detectados só em uma análise, feita no segundo semestre de 2018. “Nos demais anos (2019 e 2020), os dados das análises não apontam a presença das referidas substâncias”, completou a autarquia.

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A Emasa destacou, também, que a presença de muitas das substâncias não tem relação com as características da bacia do rio Camboriú e que não há qualquer risco de contaminantes, que estejam acima do valor máximo permitido da legislação vigente.

 

Águas de Penha faz esclarecimento sobre qualidade da água

Em decorrência da divulgação feita pelo site https://mapadaagua.reporterbrasil.org.br/ referente à qualidade da água de Penha com base nos dados publicados no SISAGUA, a Águas de Penha fez a conferência dos dados da concessionária e verificou que nenhum parâmetro reportado no site mencionado está fora dos valores permitidos pela portaria de potabilidade.

Em Penha, o site divulgou que os parâmetros Níquel e Trihalometanos Total, com valores máximos permitidos (VMP) de 0,07 mg/l e 0,1 mg/l respectivamente, foram detectados acima dos limites de segurança. Contudo, em conferência aos resultados nos pontos de saída de tratamento e sistema de distribuição de água tratada, não foram verificados resultados acima do VMP para os parâmetros mencionados nos anos de 2018, 2019 e 2020.

No SISAGUA de Penha, houve um equívoco de digitação encontrado nos resultados do primeiro semestre de 2018 na água distribuída. O equívoco consistiu em digitar “0008” mg/l no resultado do Níquel, fazendo com o que o sistema interpretasse o valor inteiro 08 e, por consequência, estando fora do limite de especificação. Nos laudos desse mesmo período, em que consta a data da publicação do relatório, os resultados de níquel apresentaram valores abaixo dos limites de quantificação, garantindo a potabilidade da água de Penha. A concessionária está trabalhando para a correção do dado no SISAGUA.

Em relação ao Trihalometanos, não foram encontrados na página do SISAGUA e nos laudos do período valores acima do VMP.

Importante destacar que no que tange o tratamento e a distribuição da água para consumo humano, o principal norteador para procedimentos de controle da qualidade da água e padrões de potabilidade é a Portaria de Consolidação GM/MS n. 5, de 28 de setembro de 2017, que teve o Anexo XX alterado pela Portaria GM/MS n. 888 de 4, de maio de 2021. É a partir dela que todos os parâmetros, pontos de amostragem e frequência são selecionados e definidos para que a qualidade da água seja atendida.

Diante disso, a Concessionária possui Plano de Amostragem, protocolado na Vigilância Sanitária do Município, em que as coletas e análises são efetuados por laboratório de análises ambientais acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO e reconhecido pelo Instituto de Meio Ambiente – IMA, regularmente contratado.

Nossa responsabilidade como concessionária também é garantir com que o fornecimento da água potável seja seguro até o ponto de consumo, por isso monitora análises nos pontos de controle de qualidade distribuídos pela cidade. É importante salientar que o ponto de consumo se caracteriza pelo hidrômetro instalado na propriedade.

Como forma de reporte, a concessionária segue com a disponibilização dos resultados das análises da saída do tratamento e da água distribuída no Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – SISAGUA e no Sistema de Gestão da Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento – SISARIS. Além disso, os consumidores têm acesso às informações da qualidade da água distribuída em suas residências/estabelecimentos, que estão contidas nas faturas de água entregues mensalmente.

 

Dessa forma, a água tratada e distribuída está dentro dos valores máximos permitidos pela legislação, garantindo a prestação de um serviço adequado à população.

Cidades com substâncias  dentro do limite de segurança:

Itajaí, Itapema, Bombinhas e Luiz Alves

 

Não enviaram dados:

Navegantes e Camboriú

 

Cidades com substâncias  acima do limite de segurança:

Balneário Camboriú

12 substâncias:  arsênio, cádmio,  chumbo, cromo, níquel, selênio,  trihalometanos total , antimônio, bário, cobre , mercúrio e urânio

 

Balneário Piçarras

Duas substâncias: ácidos haloacéticos total e trihalometanos total

 

Penha

Duas substâncias: níquel  e trihalometanos total

 

Ilhota

Uma substância: cloreto de vinila

 

Porto Belo

uma substância: ácidos haloacéticos total

Casan culpa a estiagem

Em nota, a Casan, companhia estadual responsável pelo abastecimento de água em Piçarras e que, até 2021, respondia pelo serviço em Porto Belo, tentou tranquilizar a população sobre a qualidade da água distribuída pelo estado. “A equipe técnica da Casan realiza um controle constante da água conforme os planos de monitoramento definidos pela Portaria de Potabilidade, com aprovação das Vigilâncias Sanitárias municipais”, informa.

Segundo a companhia, SC ocupa a 6ª posição em número de cidades por estado no Brasil e a terceira posição em monitoramento da qualidade da água no país. A Casan ressaltou que a grande maioria das cidades não faz a vigilância no controle de qualidade como deve ser feito, o que deixa o banco de dados Sisagua incompleto. “As substâncias questionadas na reportagem possuem um aparecimento pontual e sazonal, acompanhando estiagens rigorosas e recorrentes, como as enfrentadas em SC nos últimos cinco anos”, justificou.






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