O vereador e vice-presidente da Câmara de Penha, Maurício Brockveld (MDB), falou oficialmente pela primeira vez no Poder Legislativo sobre a prisão de seu filho, Ruan Brockveld, de 24 anos. O discurso ocorreu na noite de segunda-feira, e a postagem do seu discurso foi autorizada e usada no canal do YouTube da Câmara de Vereadores, nesta última quarta.

Ruan foi preso na noite de 21 de fevereiro após ser flagrado com 700 kg de cocaína num imóvel alugado em Balneário Piçarras – parte do entorpecente também foi apreendido em Navegantes, onde o traficante morava.

Maurício falou durante oito minutos e, em alguns momentos, se emocionou. Atribuiu para si eventuais erros na criação de Ruan, isentando a esposa e demais membros da família. “Escrevi textos para ler aqui, mas não adianta. Preciso falar direto, pois o que passamos eu não desejo para nenhum pai ou mãe. Ainda não acreditamos no que aconteceu”, observou o parlamentar.

Segundo Maurício, ele e esposa receberam manifestações de solidariedade de comunidades como a do seu bairro, Santa Lídia, e também do centro de Penha, de Armação do Itapocoroy e do Gravatá, entre outras. Integrantes das igrejas católica e evangélica também teriam se manifestado, “orando pela família”, revelou o vereador.

“Os religiosos deram forças para a minha mulher”, comentou. “Parece que abriu um buraco sob os nossos pés, que estamos caindo e não tem fim”, considerou.

O vice-presidente da Câmara também se referiu às postagens agressivas das redes sociais, que inclusive, tentaram envolver o próprio emedebista nos crimes cometidos pelo filho. “Nos julgaram a todos; julgaram até meus filhos de três e 13 anos. Quem se sente bem julgando uma família, tudo bem; mas minha vida foi investigada e virada de cabeça pra baixo. Não acharam nada, nem na minha casa foram”, frisou Brockveld.

Maurício se emocionou ao lembrar do neto, filho de Ruan, que pergunta se o pai não vai buscá-lo na creche. O vereador ainda assegurou que vai reinserir seu filho na sociedade, mas que ele terá de “pagar pelo erro”. Os demais parlamentares manifestaram solidariedade ao vereador.

Cocaína para o RJ

A “Operação Redentor”, da Polícia Federal, vinha investigando Ruan e também a residência na rua Laguna, no centro de Balneário Piçarras, onde estava a maior parte da droga. A carga seria enviada ao Rio de Janeiro. Além dos 700 kg de pó, outros 6 kg de crack estavam no local.

Ruan afirmou à PF que recebia um valor mensal para armazenar a droga em sua casa. A investigação aponta que ele estava no esquema há cerca de um ano. Além de despachante estabelecido em Penha, Ruan é atleta e professor de caratê.