Disque 188
Vale a pena viver: a mensagem do CVV
Trabalho voluntário oferece acolhimento, sem julgamentos, para quem precisa
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Em vez de um dedo apontado, um ouvido. Em vez de uma condenação, um momento para escutar quem está em desespero. Em vez de um olhar questionador, o acolhimento oferecido por um amigo inesperado que, de alguma forma, mostra que vale a pena viver. Essa é a experiência que o Centro de Valorização da Vida (CVV) oportuniza a todos que procuram ajuda, seja por meio do telefone 188 ou das redes sociais.
Dois dos mais tradicionais voluntários do CVV no litoral norte de Santa Catarina atestam que, mesmo em períodos que antecedem o Réveillon, a alegria e a paz interior são estados possíveis para aquele que está momentaneamente triste, e, acima das lutas e obstáculos de 2021 fica a esperança e a mensagem positiva de que 2022 será melhor. Para que esse processo de acolhimento se inicie, é preciso ligar para 188 ou entrar em contato pela internet. O grupo atende 13 mil ligações diárias.
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João Régis, um dos coordenadores em nível nacional do CVV, e André Luiz dos Santos, que atuou no grupo de apoio emocional em Itajaí, e atualmente se dedica a essa tarefa em Balneário Camboriú, são enfáticos: vale a pena viver, e o CVV demonstra que a experiência humana tem valor.
“Embora todo o acolhimento pelo CVV seja marcado pelo anonimato, é muito comum os voluntários receberem ligações de agradecimento nestes períodos de fim de ano”, destacou André ao DIARINHO. “São manifestações que, anonimamente, agradecem pelo apoio e, de certa maneira, depositam nos voluntários a esperança e a decisão de terem permanecido vivos”, diz.
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João Régis pontua que o voluntário do CVV se prepara para ouvir as mais diversas situações no contexto das emoções do ser humano. “Nestes 59 anos, o CVV já conviveu com muitas situações; o voluntário é também uma pessoa da sociedade que convive com as necessidades comuns”, frisa. “No entanto, sempre tem o apoio da instituição visando manter-se disponível para aquelas pessoas que acreditam no CVV, e ao serem ouvidas, poderão ver uma luz no fim do túnel, e seguir”, explica.
Atendimento humano em 5 postos do CVV
André atua voluntariamente no CVV há 14 anos. Ele observa que a solidão, a perda de entes queridos e de saúde são relatos que têm conteúdo emocional mais difícil de ser trabalhado, assim como a depressão crônica. “Talvez dizer algo para quem passa pela tristeza nestes períodos possa estar mais na postura do que na fala; respeitar, acolher e compreender o sentimento do outro, seja qual for; manifestar presença; até mesmo indicar apoio de outros CVVs, quando percebemos que esse sentimento possa ser perigoso para quem passa por ele”, observa André.
De Bombinhas a Barra Velha, o CVV tem cinco postos de atendimento pelo 188. Bombinhas, Itapema, Balneário Camboriú, Brusque e Itajaí estão inseridos na “Rede Nacional do CVV”. Dessa forma, o atendimento é prestado por voluntários de todo o território nacional. Há projeto de implantação do CVV em Navegantes, Penha, Piçarras e Barra Velha. O trabalho tem a chancela do Ministério da Saúde.
O acolhimento como medida preventiva
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Balneário Camboriú é uma das cidades que frequentemente registra casos de suicídio na região. O coordenador do CVV, João Régis, explica que a região não é exceção a um fenômeno que existe desde sempre. “Há momentos em que o suicídio se eleva, devido a vários fatores, acentuando em determinada cidade ou região, por conta de condicionantes em cada pessoa que apresenta a ideação suicida”, observa.
“O CVV se faz presente já há 59 anos e, com a implantação da linha telefônica gratuita do 188, acreditamos que, se houver maior divulgação, poderemos estar mais presentes àquelas pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade emocional”, acrescenta.
“Mas se buscar nossos serviços de apoio e acolhimento, poderá encontrar maneiras de continuar vivendo, e abandonar o desejo de suicidar-se e superar a crise do momento”, finaliza.