Saúde pública
Surto de gripe lota unidades de saúde
Casos de covid diminuíram, mas os de outras doenças respiratórias causam preocupação; CIS abre novas salas de atendimentos
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Heder Costa de Leão, 55 anos, acordou na segunda-feira com dor de cabeça, coriza, indisposição, febre e dores no corpo. “Tomei um paracetamol, chazinho, mas não teve jeito”, conta. Ele é um caso entre dezenas de pessoas que aguardam diariamente atendimento médico na UPA do Centro de Integrado de Saúde (CIS) de Itajaí, com os mesmos sintomas.
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A secretaria de Saúde revela um aumento nos atendimentos de doenças respitarórias com uma média de 700 pessoas sendo atendidas por dia na UPA do CIS em dezembro. O aumento é de 29% em relação ao mesmo período do ano passado. “Há cerca de três semanas estamos registrando aumentos nos casos sintomáticos leves de doenças respiratórias”, explica a enfermeira Richelle Santos Parodi, da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Itajaí.
São casos negativados para a covid e que se enquadram em variantes da gripe Influenza. “Desde novembro observamos uma inversão: reduziram os casos de Covid e aumentaram os de outras doenças consideradas síndromes gripais”, explica.
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Por causa do quadro, a secretaria de Saúde de Itajaí colocou em operação mais quatro consultórios médicos para atender doenças respiratórias. A UPA do CIS passa a atender com 13 consultórios nesta quarta-feira depois de reclamações de longas esperas da comunidade.
Richelli diz que há mais de 300 cepas da gripe conhecidas e que a vacina aplicada este ano protege contra apenas três tipos, mas que são as que mais provocam internação: a H1N1, H3N2 e influenza tipo B. “O imunizante que está sendo distribuído pelo SUS neste ano não atinge diretamente esta cepa [que certamente será conhecida no ano que vem], mas minimiza os impactos da doença”, destaca.
Os sintomas vão da febre, diarreia e vômito, até os respiratórios [como tosse, coriza, espirros], fraqueza e dores de cabeça e pelo corpo. Sintomatologia sentida por Édipo Pereira dos Santos (25), e Dayse Brasil. Édipo está com os sintomas desde a noite de sábado. Já Dayse está sintomática desde segunda-feira pela manhã. “A gente tenta evitar esperar por horas um atendimento aqui na UPA, mas chega um momento que não dá mais e vem atrás de médico”, relata.
Marli Helena Paulino acompanha a mãe de 85 anos. “Ela está há mais de 15 dias com sintomas de gripe, tosse, falta de ar, diarreia e vômito. Ela fez as três doses da vacina de covid e a vacina contra a gripe. Testou negativo pra covid duas vezes nesse tempo, mas não está bem de saúde”, conta.
Casos de crianças com gripe aumentam em dezembro
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No hospital Pequeno Anjo o volume de atendimentos de crianças com síndromes gripais cresceu nos últimos 15 dias. A pediatra Valéria Carolina dos Santos diz que aumentaram os casos de pequenos com febre, associados a vômito e diarreia.
A explicação tem dois fatores. O primeiro está associado ao fato de os pais estarem menos cuidadosos depois de vacinados contra a covid e a gripe, e acabam se contaminando com outras cepas e as levam para casa. Já o segundo é pelo fato de as crianças terem ficado isoladas por quase dois anos devido a pandemia e agora são expostas, porém, com a imunidade baixa devido ao isolamento.
A pediatra diz que nos últimos dias o volume de atendimentos de crianças com doenças respiratórias aumentou, no mínimo, 50%. “Para se ter uma ideia, na segunda-feira fizemos 112 atendimentos só relacionados a problemas respiratórios. Isso é muito mais que o que atendíamos há 15 dias”, narra.
Em Balneário Camboriú, no pronto-socorro pediátrico do hospital Ruth Cardoso, foi registrado aumento de 14% nos atendimentos. A diretora geral do Ruth, Syntia Sorgato, diz que esse índice não está associado apenas às síndromes gripais. “Está relacionado, também, ao período do ano, que temos maior movimentação de visitantes no litoral”, justifica.
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Prevenção da gripe é igual a da covid
As gripes são causadas por alguma cepa de influenza que não teve a cobertura vacinal e a orientação é sempre a mesma: se tiver algum sintoma, procure atendimento médico presencial ou atendimento online.
Na região esse serviço é oferecido pelo Pronto Atendimento Digital da Unimed. “Embora os casos sejam menos graves que a Covid, com menor índice de internação, não podemos nos descuidar”, explica a médica Michele Ambrosini Martins, coordenadora de Atenção Integral à Saúde da Unimed Litoral e do PA Digital.
E os cuidados, segundo a especialista, passam pelo uso de máscara de proteção facial, uso de álcool gel, higienização constante das mãos e distanciamento social. “A transmissão é feita por via oral por meio dos aerossóis, e não podemos abrir mão desses cuidados básicos. Precisamos nos proteger e proteger as pessoas que estão ao nosso redor”, acrescenta.
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Michele diz que não há um perfil definido para essas síndromes respiratórias, pois elas atingem pessoas de todas as idades, com grande predomínio de jovens. “Talvez porque eles se expõem mais, não dão tanta importância para a máscara e não respeitam muito o distanciamento social”, acrescenta.
O fato de estarmos em uma região turística, com grande circulação de pessoas provenientes de diversas partes do país e do mundo, também é motivo de preocupação. “É um número muito grande de pessoas onde não se pode ter um controle vacinal ou implementar medidas sanitárias”, pontua.
Atendimento em BC cresceu 55%
Em Balneário Camboriú o aumento nos atendimentos a quadros de síndromes gripais no posto de triagem do hospital Ruth Cardoso foi de 55%, em comparação a novembro, segundo números da secretaria Municipal da Saúde. No entanto, especialistas temem que esse índice aumente em janeiro em decorrência e mais demanda turística, e também pela maior exposição nas comemorações de fim de ano.
Em Navegantes a divisão de Vigilância em Saúde também registrou aumento nos casos de síndromes gripais, “porém, nada de influenza confirmado por hora, mas também não são casos associados à Covid”, explica a diretora Thais Sarmento Bonfim.
Thais acrescenta que somente na segunda-feira foram testados mais de 150 antígenos para covid, todos negativos. “São quadros gripais leves”, complementa. No entanto, a médica Michele Ambrosini Martins, da Unimed Litoral, alerta que nas festas de virada precisam ser mantidos os mesmos protocolos de prevenção à Covid.