Itajaí
Casarões históricos podem se perder sem projetos de restauração
Imóveis são tombados e tem projetos de restauro, mas obras nunca não saem do papel há décadas
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O historiador Edison d´Ávila denunciou em sua coluna no DIARINHO a situação de abandono de dois casarões históricos no centro de Itajaí: a casa Burghardt, na rua Lauro Müller, e a casa Bauer, na esquina das ruas Pedro Ferreira com a Samuel Heusi. Os dois prédios são tombados como patrimônio histórico mas, sem projetos de restauração, correm o risco de ficarem destruídos.
Os dois prédios abandonados são vizinhos, no mesmo núcleo urbano das ruas Lauro Müller e Pedro Ferreira, a partir de onde nasceu Itajaí. “Se nada se fizer logo, haverá sim perda desses imóveis tombados”, alerta o historiador.
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A casa Bauer é a que está nas piores condições, com a estrutura deteriorada. O imóvel que ainda é da família Bauer foi construído com linhas neoclássicas em 1924 pela companhia Malburg e depois, em 1940, adquirido pela companhia Bauer. À época, lembra Edison, a empresa era tocada pelo ex-prefeito Arno Bauer.
Conforme destaca o historiador, o casarão está fechado e sem manutenção ou projeto de restauração há mais de 20 anos. O telhado está danificado e não impede mais as infiltrações pela entrada da chuva em vários pontos. As portas e janelas também estão deterioradas.
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“Seus proprietários prometem restauro durante todos esses anos e nada acontece. Omissão do conselho do Patrimônio e do ministério Público que permitem esse descalabro”, critica.
A Casa Burghardt, que era de Mathilde Bauer Burghardt, filha de imigrantes alemães, foi construída em 1902, em estilo eclético de influência germânica, conforme projeto do arquiteto alemão Reinhold Roenick. O sobrado possuiu ornamentos clássicos e três frontões, típicos da arquitetura urbana da Alemanha.
O prédio foi doado ao município pelo grupo Votorantim em 1996 e já foi sede da fundação Cultural de Itajaí. O professor Edison lembra que o casarão tem projeto de restauro há 10 anos.
“A prefeitura promete o restauro mas nada fez. A casa está fechada nos primeiro e segundo andares e se degradou com grande infestação de cupins”, relata. Ele ressalta que os dois casarões, junto com as casas Malburg e Konder, são símbolos da fase madeireira da economia de Itajaí, que impulsionou o desenvolvimento da cidade.
Obras previstas em 2022
Os dois casarões têm projetos de restauro já aprovados pelo conselho de patrimônio. A dificuldade é fazer as obras saírem do papel. O superintendente das Fundações de Itajaí, Normélio Weber, informa que a restauração da casa Burghardt teve projeto habilitado na lei de incentivo ao patrimônio cultural pelo BNDES. No projeto de R$ 5,5 milhões também estão a casa da Cultura e o museu Etno-Arqueológico.
Enquanto o município espera pelos recursos federais, Normélio adianta que no ano que vem serão feitas obras internas no casarão com dinheiro da própria prefeitura. “A gente vai começar a trabalhar antes mesmo de ter o recurso federal”, afirma.
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A situação da casa Bauer seria mais complicada porque depende do cumprimento de um acordo firmado pelo ministério Público com a família proprietária do imóvel. Normélio acredita que o caso possa ter um desfecho no início do ano que vem, após o fim dos prazos do acordo.
Não há projeção de valor para a execução do restauro. A obra deve ser bancada pelos donos, que poderão buscar os recursos via leis de incentivo ou formas alternativas de financiamento. Na última informação que teve, Normélio comenta que a família estava atrás de investidores pra fazer as obras no local. A proposta seria, além de restaurar o imóvel, transformar o prédio num atrativo para a cidade.