Litoral carioca
Pescador que morreu em naufrágio da traineira Cabral era de Itajaí
Emerson, o Meio Quilo, está sendo velado no cemitério da Fazenda
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]



Um dos pescadores que morreu no naufrágio da traineira Cabral, na madrugada de segunda-feira, em Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, morava em Itajaí. O corpo do pescador está sendo velado no cemitério do bairro Fazenda. A família da vítima acusa o dono do barco pelo acidente. Os familiares afirmam que o pesqueiro não passava por manutenção há muito tempo e que barco estaria sem o equipamento Sonar – que poderia indicar a localização da laje de pedras onde a embarcação naufragou após bater.
Emerson João Cousillas Prestes, 42 anos, conhecido como Meio Quilo, é natural de Jaguarão, mas morava no loteamento Promorar desde a adolescência. O corpo do pescador chegou na quinta-feira a Itajaí. Ele está sendo velado no cemitério da Fazenda e será sepultado na manhã desta sexta-feira.
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O pescador deixa dois filhos, de 17 e sete anos, a mãe, Adelaida Maria de Fátima Cousillas e a irmã Miqueline Ramos.
A mãe conta que Emerson era pescador desde os 17 anos. “Ele trabalhava em várias funções dentro do barco, ajudava os amigos. Na traineira Cabral, ele recém tinha começado a trabalhar. Não fazia um mês”, diz.
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Adelaida ficou sabendo do acidente e da morte do filho pelos amigos, porque o armador não avisou os familiares. “O barco estava sem Sonar, sem coletes salva-vidas. Quem pegou o bote não deu socorro para os que ficaram, por isso os três morreram”, denuncia a mãe.
Alarissa Cousillas Prestes Gomes, sobrinha e afilhada do pescador, acredita que o padrinho morreu fazendo o que mais gostava, que era pescar. Bastante indignada, ela também denuncia a situação precária do barco. “Ele morreu sem ter socorro. O deixaram, não ajudaram... Eu quero justiça, porque isso não pode ficar impune. São três vidas, três homens trabalhadores mortos. Estamos todos de luto”, desabafa Alarissa. A Marinha informou que a investigação que vai apura as causas do acidente está em andamento. A reportagem não conseguiu contato com o armador da traineira Cabral.
Barco conhecido
A embarcação Cabral é muito antiga e bastante conhecida pelos catarinenses, porque já foi de um armador de Itajaí. O barco tinha 13 tripulantes a bordo, quando partiu da praia de Farol de São Tomé, em Campos, para navegar no sentido de Cabo Frio, na noite de domingo.
Com o mau tempo, a traineira bateu contra uma laje de pedras e naufragou. Dez pescadores se salvaram. Além de Emerson, perderam a vida no naufrágio Roberto Conceição, 67, e Fabiano Maurillo Medeiros, 40, da Baixada Fluminense.