TECNOLOGIA
SC entra no setor aeroespacial com construção de “super satélites”
Programa prevê desenvolvimento de 13 aparelhos que serão usados em projetos
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
![Primeiros três nanossatélites serão construídos nos próximos meses, com investimento inicial de R$ 5 milhões
(Foto: Divulgação UFSC)](/fotos/202107/700_60eb0ce56f7db.jpg)
O governo de Santa Catarina anunciou, para os próximos meses, o desenvolvimento dos três primeiros nanossatélites de uma frota de equipamentos a ser construída no estado pelo instituto Senai de Inovação e pela UFSC. O chamado projeto Constelação Catarina prevê a construção de 13 pequenos satélites com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), entre outras instituições.
O programa foi divulgado na semana passada, após reunião dos representantes das entidades envolvidas na Fiesc. Os nanossatélites vão dar apoio ao desenvolvimento industrial, ao agronegócio e aos projetos de cidades inteligentes, com benefícios nas áreas de saúde, segurança e defesa civil.
De acordo com o presidente da AEB, Carlos Moura, que apresentou o projeto, os nanossatélites são pequenos artefatos que, do tamanho de um copo ou de uma caixa de sapatos, conseguem fazer muito mais do que os grandes satélites. “A tecnologia permite que se condense cada vez mais capacidades em pequenos instrumentos”, diz.
O projeto será viabilizado com recursos da bancada federal catarinense, sendo previstos R$ 5 milhões de repasse em 2021, e proposta de R$ 10 milhões em 2022. Moura destacou que o ciclone-bomba, que atingiu Santa Catarina em junho de 2020, foi um dos acontecimentos que acelerou o processo de desenvolvimento da constelação.
Segundo ele, com recursos tecnológicos mais avançados, apoiados por satélites, as previsões meteorológicas podem ser mais assertivas e alcançar faixas de 15 minutos, possibilitando alertas pontuais que minimizem os efeitos do fenômeno. Destacou também que o mercado mundial de nanossatélites vem crescendo de 5% a 8% na última década.
Pro presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, o estado será beneficiado com o programa pelo desenvolvimento de mais um setor tecnológico e pelas aplicações possibilitadas pelos equipamentos em áreas como agricultura, indústria e saúde. “A parceria dos institutos Senai com a universidade ajudará a movimentar toda a cadeia da indústria espacial”, pondera.
A federação considera que o setor aeroespacial vai permitir grandes oportunidades para a economia do estado. O projeto deve envolver diversos setores industriais nas áreas como de metalomecânica, instrumentação, hardware, sistemas de automação e mecânica de precisão. O programa ainda prevê parcerias entre entidades públicas e privadas para financiamento de projetos.
Investimentos bilionários
O diretor de governança da Agência Espacial Brasileira, Cristiano Augusto Trein, informou que a constelação terá um nanossatélite conceitual, que validará as tecnologias e mais três frotas de quatro nanossatélites. Ele entende que o investimento no setor aeroespacial gera uma economia cerca de 15 vezes maior em aplicações que chegam para a sociedade.
O cálculo considera que o setor aeroespacial privado movimentou, em 2019, 271 bilhões de dólares, dos quais 17,4 bilhões foram pra construção e lançamento dos satélites e o restante em aplicações pra sociedade e em equipamentos de solo.
Incluindo os 95 bilhões de dólares de investimentos governamentais, o setor movimentou um total de 366 bilhões de dólares em 2019. “Além disso, o setor proporciona uma constante promoção do desenvolvimento industrial, pois, a cada dois anos, um satélite é substituído, sempre com uma tecnologia mais avançada”, observa.