A troca do transformador destruído pelo incêndio e explosão na subestação da Celesc da Praia Brava, em Itajaí, começou no domingo, quando um novo equipamento chegou ao local pra ser instalado. Trata-se de um transformador  reserva da empresa, já que a compra de um novo aparelho ainda vai depender de uma licitação. A polícia Civil vai investigar o acidente a partir de boletim de ocorrência que a Celesc deve registrar nesta segunda-feira.

O prejuízo total ainda será avaliado. Só o transformador destruído pelas chamas custa R$ 2,5 milhões. Danos em outros equipamentos e no sistema da subestação devido ao calor provocado pelo incêndio estão sendo analisados, podendo haver necessidade de troca de outros componentes da estrutura.

Equipes de cerca de 20 funcionários trabalharam na troca. Até domingo, ainda não havia previsão de quando a subestação voltará a operar em 100%. De acordo com o gerente regional da Celesc, Pedro Molleri, a unidade seguirá passando por testes nos próximos dias pra avaliar se as altas temperaturas do incêndio não afetaram outros equipamentos.

Os trabalhos seguiram no local durante o fim de semana. No sábado e no domingo, fumaça ainda era vista saindo do transformador danificado. Segundo Pedro, a situação está sob controle e não existe sobrecarga no sistema porque a carga está sendo redistribuída. “A gente remaneja essa carga para outras subestações, com a de Salseiros e a da Itaipava para evitar sobrecargas”, explica.

Apagão no sábado

No início da noite de sábado, um novo apagão na subestação afetou 46 mil unidades consumidoras entre Itajaí e Balneário Camboriú. A energia foi restabelecida cerca de uma hora após as equipes da Celesc trabalharem no local. Os bombeiros foram acionados devido à fumaça que ainda persistia no transformador danificado. Um morador que passou pelo local relatou que chegou a ver uma pequena chama na área afetada.

O motivo para a nova queda de energia não foi esclarecido pela Celesc. O gerente regional descartou problemas  de sobrecarga. Uma das suspeitas seria o aquecimento de componentes do sistema ainda devido ao incêndio do dia anterior. Novas quedas não estão descartadas enquanto os trabalhos de manutenção persistirem no local. “O sistema estressou devido ao calor. Eu não posso prever se vai cair, mas estamos fazendo um trabalho pra que não caia. Não dá para garantir 100% porque a subestação ficou sob altas temperaturas por um bom tempo”, comentou.

Polícia Civil vai investigar a tentativa de furto

A assessoria da Celesc informou que deve registrar nesta segunda-feira o boletim de ocorrência sobre o acidente pra que o caso de tentativa de furto da fiação possa ser investigado pela polícia Civil. O autor do crime ainda é desconhecido. Imagens de câmeras de segurança devem ajudar a polícia na apuração.

No sábado, o governador Carlos Moisés comentou nas redes sociais sobre os trabalhos para o restabelecimento da energia e destacou não ter feridos no acidente. “Vamos apurar em detalhes o que houve para melhorar continuamente o sistema”, afirmou.

Casos de furto de fios na região da subestação têm sido relatados pela vizinhança. A moradora de um condomínio perto da unidade conta que na semana anterior já tinham furtado a fiação da quadra de esportes e eventos que fica atrás da subestação. Ela suspeita que o mesmo autor teria tentado levar os fios da Celesc.

Na noite de sexta-feira, ela conta que o incêndio provocou terror na vizinhança. “Pior momento da minha vida. Moro no condomínio dos fundos da subestação e parecia que ia explodir tudo”, relata. O clarão provocado pelas chamas pode ser visto de longe por moradores do centro de Itajaí e de Balneário.

Ladrão quis causar curto para furtar

O incêndio na subestação foi por volta das 22h de sexta-feira e deixou cerca de 53 mil pessoas às escuras em bairros da região sul,  centro de Itajaí e da região norte de Balneário Camboriú. Os bombeiros combateram as chamas com água e também usaram um tipo de espuma na operação.

O fornecimento de energia foi interrompido após um curto-circuito de alta corrente elétrica que percorreu os condutores até um dos transformadores da subestação, causando o incêndio no equipamento. Segundo a Celesc, a causa do acidente foi um objeto arremessado sobre a rede elétrica.

Um artefato com fita e madeira foi encontrado jogado sobre a fiação da rede da rodovia Osvaldo Reis, perto da subestação. Segundo o gerente regional da Celesc, a intenção de quem jogou o objeto era provocar um curto-circuito na rede pra que a energia desligasse e fosse possível furtar os fios de cobre.

O objeto arremessado atingiu a rede de distribuição e o curto-circuito se estendeu até o transformador da subestação. O equipamento tinha um reservatório com mais de 25 mil litros de óleo armazenados. O óleo incendiou, provocando as chamas e o clarão que foram vistos à  quilômetros de distância.

Os bombeiros resfriaram o transformador com água e também usaram espuma pra apagar o fogo. O incêndio foi controlado por volta das 23h de sexta-feira. Equipes da Celesc passaram o fim da noite de sexta e a madrugada de sábado trabalhando para recuperar os equipamentos e restabelecer a energia. O apagão durou quase três horas.

Após manobras na rede, com cargas remanejadas de outras estações, a luz voltou em algumas regiões. Os trabalhos continuaram até que todo o sistema fosse recomposto, por volta da 1h de sábado.