Protocolo contra covid
Eventos-testes serão feitos com pessoas vacinadas e testadas
Participantes deverão comprovar imunização e serão monitorados por aplicativo
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O comitê que discute a realização de eventos-testes para a retomada das atividades do setor em Santa Catarina avançou nas discussões sobre os protocolos que garantam a segurança sanitária do público. Os eventos serão feitos com pessoas vacinadas com as duas doses, que deverão comprovar a imunização. O protocolo também prevê um sistema de rastreamento dos participantes.
Na última reunião do grupo, formada por representantes da Santur, secretaria Estadual de Saúde e representantes do setor, a empresa responsável pela plataforma de rastreabilidade explicou como o monitoramento deve funcionar. A Smart Track, de Florianópolis, terá um sistema conectado ao protocolo do selo “Evento Seguro”.
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A empresa ainda está em processo de contratação pela Santur e fará os ajustes de aperfeiçoamento até a realização dos eventos-testes, previstos entre julho e agosto. Todo o processo será acompanhado pelo setor de eventos e governo estadual. Um termo de cooperação técnica deverá ser firmado com a UFSC, pra que a instituição avalie os testes antes, durante e depois dos eventos.
Dentro das funcionalidades do aplicativo, o usuário que estiver presente em um evento realizará um ‘check-in’ e, conectado diretamente com a secretaria de Saúde, será notificado caso tenha estado próximo de alguém positivado com o coronavírus.
Além de comprovar a vacinação, os participantes deverão apresentar exame de antígeno pra covid-19 feito nas 24 horas anteriores ao evento. O público também será obrigado a usar máscaras – o protocolo prevê as dos tipos N-95 ou PFF2 –, além de assinar termo de consentimento e manter o distanciamento, variável conforme o tipo de evento. Um novo teste de covid deverá ser feito também após o evento.
Segundo o governo do estado, a realização dos testes vai depender da situação da pandemia em Santa Catarina e do avanço da vacinação. Até o fim de outubro, o estado tem pretensão de vacinar toda a população adulta ao menos com a primeira dose. Cinco tipos de eventos serão testados: congresso, evento cultural, feira, jantar e atividade esportiva.
Pesquisa de vacinação em massa
Além dos eventos-testes, o governador Carlos Moisés anunciou a vacinação em massa em algumas cidades catarinenses, com a aplicação das doses da vacina fora do cronograma oficial. A ideia é “aprofundar o entendimento dos resultados da vacinação em grande escala”, segundo o governador.
As pesquisas serão feitas em parceria com universidades. As cidades ainda não foram escolhidas, mas os critérios levarão em conta os locais com altas taxas de incidência, transmissão e letalidade do vírus, além de municípios com vulnerabilidade social. Os testes com vacinação em massa também ocorrerão no segundo semestre.
Conforme o painel estadual de vacinação, 28% da população catarinense já foi vacinada com a primeira dose, representando mais de dois milhões de pessoas. Do total, 762 mil receberam a segunda dose. O balanço mostra que 65% dos grupos prioritários, entre profissionais de saúde, idosos e pessoas com comorbidades, foram imunizados.
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Em Itajaí, mais de 50 mil pessoas foram vacinadas com a primeira dose. Do total, 18.365 532 recebem a segunda dose. A aplicação das vacinas segue entre os grupos prioritários e avança também entre os profissionais da educação e pessoas com mais de 55 anos sem comorbidades.
Em Balneário Camboriú, 46.439 pessoas receberam a primeira dose e 19.497 a segunda. Nessa segunda-feira, o município começa a imunizar as pessoas com 54 anos ou mais da população em geral.
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Representantes do setor avaliam que retomada depende do avanço da vacinação
O secretário de Turismo de Itajaí, Evandro Neiva, avalia como “pouco provável” que os eventos-testes sejam a solução pra garantir a retomada do setor. “Em eventos corporativos e feiras até pode funcionar, mas em eventos de entretenimento e gastronomia não é possível. É só ilusão”, comenta.
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Para o secretário, será difícil aplicar os protocolos para a realidade, e os pequenos e médios empresários seguirão afetados. “É bonito o teste de eventos mas, na prática, é complicado de aplicar. É caro para o pequeno e médio produtor. Na minha visão como produtor de eventos, vejo um cenário complicado ainda para um médio prazo”, avalia.
Evandro espera que a vacinação avance mais rápido pra que o setor realmente volte à “normalidade”, como já ocorre em alguns países. Para a presidente do Balneário Camboriú Convention & Visitors Bureau, Margot Libório, os protocolos, vacinação e testes são boas opções pra retomada das atividades e devem avançar juntos.
“O tema é bastante delicado, mas é preciso falar sobre isso. O Brasil deveria testar mais, então teríamos que ter políticas públicas que possibilitassem maior acesso à testagem”, considera. Segundo Margot, os protocolos que foram apresentados ao governo do estado são realizáveis.
“A questão é vacinar cada vez mais e testar mais rápido ou mais vezes também”, frisa. Ela ainda destaca que a ameaça da terceira onda de covid prejudica o planejamento das ações, tornando o desafio da volta dos eventos ainda maior. “É preciso haver muita responsabilidade individual, pois as consequências do aumento de casos da doença sempre são coletivas, e para turismo e eventos as consequências são desastrosas”, completa.
Certificado para vacinados
Na quinta-feira passada, o senado aprovou por unanimidade um projeto de lei que prevê a liberação de pessoas vacinadas pra participar de eventos. A liberação será por meio de um certificado nacional, a ser dado a quem se imunizou contra a covid-19.
Segundo a proposta, a certificação poderá ser usada por estados e prefeituras pra retirar ou reduzir as restrições hoje vigentes quanto à circulação e acesso de pessoas aos serviços e locais de eventos. O projeto segue agora para análise da câmara dos Deputados.
O documento será chamado de certificado de Imunização e Segurança Sanitária (CSS) e deverá ser implantado por meio de plataforma digital pelo governo Federal. A coordenação do sistema é prevista por estados e municípios. A certificação prevê validade durante casos de surtos de doenças e pandemias.
Conforme o texto do projeto, o titular do certificado não poderá ser impedido de entrar, circular ou utilizar qualquer espaço público ou privado, devendo respeitar as medidas sanitárias vigentes nos estabelecimentos.
Redação DIARINHO
Reportagens produzidas de forma colaborativa pela equipe de jornalistas do DIARINHO, com apuração interna e acompanhamento editorial da redação do jornal.