Morro da Atalaia
Encosta desmoronada não será arborizada
Última vistoria da defesa Civil apontou erosão na base; trecho ficará isolado
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A encosta do morro do parque da Atalaia, na rua Francisco Evaristo Canziani, em Itajaí, que sofreu com desmoronamentos há cerca de 10 anos, ainda segue com parte interditada. Um novo projeto de recuperação na área, segundo o instituto Itajaí Sustentável (Inis) não é previsto em razão da "complexidade da intervenção", que afeta área de conservação ambiental do parque.
O morro recebeu a construção de taludes pra contenção após os deslizamentos, mas desde a obra não houve novos investimentos. Uma das medidas previstas era a reconstituição da vegetação nativa na área - que destoa pela aridez do restante da morraria intocada de mata Atlântica.
O local é um dos pontos de risco monitorados na cidade. A última vistoria da equipe da defesa Civil foi feita em 2018. O relatório aponta que todas as recomendações de manutenção e limpeza do sistema de drenagem da água da chuva estão sendo atendidas, sem sinais de escoamento fora da canaletas.
Também foi constatado que a vegetação seguia em “ótima recuperação”, com boa densidade ao longo dos taludes, além de não haver sinais de escorregamentos e caminhos de água.
Conforme o documento, ainda existe na base da encosta o acúmulo de fragmentos de rochas, vindos da erosão da parte da encosta ainda não recuperada. “O lado da encosta em que ainda não teve os trabalhos de contenções necessários, deverá permanecer interditado”, diz a recomendação da defesa Civil.
Na ocasião da vistoria, o órgão constatou que o pátio na lateral esquerda do prédio do centro de Educação Ambiental (CEA), da antiga Famai, permanecia isolado com alambrado, seguindo recomendação de manter a área fechada, bem como a manutenção de placas indicando o risco geológico no local. Atualmente, a área segue cercada, mas as placas estão com letreiros apagados.
Nova intervenção poderia ser pior, afirma o presidente do Inis
O presidente do Inis, Vilson Sandrini Filho, buscou informações sobre as condições atuais da área, em razão de não ter recebido diretamente nenhuma indicação dos técnicos sobre as condições de instabilidade da encosta. Ele informou que não há manifestação de um novo projeto pra recuperação da encosta, que não estaria mais interditada.
Conforme Sandrini, uma eventual nova intervenção na parte sem taludes poderia ser pior, pois o trabalho demandaria “depenar” o topo de morro. “A intervenção pra corrigir aquilo é tão grande que achou-se melhor deixar como está”, afirmou. Ele lembrou que a questão chegou a ser discutida com o ministério Público mas que atualmente não há nada pendente.
Sobre a reconstituição da vegetação nativa na parte com taludes, Sandrini destacou que, apesar do terreno ser firme, há recomendação de segurança pra não fazer a recuperação com árvores de grande porte porque a medida provocaria sobrepeso no terreno. Ele lembrou que à época da obra, além do talude e sistema de drenagem, foram injetadas gramíneas na encosta por meio de técnicas de hidro-semeadura, com sementes de espécie não exótica.
Contenção após deslizamentos
Os taludes na morraria foram construídos em 2011, após dois casos de desmoronamento de terra em agosto e um deslizamento maior, em janeiro daquele ano. Barro, lama e árvores vieram morro abaixo. O projeto foi executado pela então Famai, hoje Inis, com recursos de um acordo de compensação ambiental.
O prédio do CEA, que tinha sido inaugurado cerca de seis meses antes do deslizamento, foi fechado após a ocorrência. O espaço começou a ser reestruturado em 2016, mas a empreiteira responsável abandonou os trabalhos. As atividades no local só voltaram a ser retomadas em 2018, após o término das reformas.
Na revitalização do parque do Atalaia, reaberto em março à visitação, foi construída uma trilha que liga o mirante do parque com o CEA. O novo caminho será inaugurado no dia 5 de junho, durante a programação da semana do Meio Ambiente de Itajaí.