Itajaí

Benzedeira, dona Vildi, faz 80 anos

Das pessoas mais queridas na região, ela sempre foi sinônimo de dedicação e amor ao próximo

Dona Vildi com o cão Netinho. Ela benze, também, os animais
Dona Vildi com o cão Netinho. Ela benze, também, os animais
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Joca Baggio
Especial para o DIARINHO

Manhã de quinta-feira, nem nove horas da manhã, mais de 20 pessoas esperavam em bancos de madeira dispostos embaixo dos beirais de uma casa de madeira, no bairro Fazenda, em Itajaí. Todos esperavam para serem benzidos pela dona Vildi.

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Homens e mulheres de diversas idades, mães com crianças de colo ou levando os filhos pela mão. Todos na busca de um pouco de alento, paz de espírito ou, em muitos casos, com a esperança de uma cura milagrosa, por meio das orações e da energia transferida por meio da imposição de mãos da benzedeira. Realidade que se repete diariamente, das 7h às 10h, na casa 920 da rodovia Osvaldo Reis.

Vildi Grossklags, dona Vildi como é carinhosamente chamada por todos que a procuram, é descendente de alemães e poloneses. Filha de família de protestantes, ela reside em Itajaí há 59 anos, a maior parte deles dedicados a fazer o bem, sem receber um centavo em troca.

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Neste sábado, dia 8 de maio, ela completa 80 anos de vida, e tem disposição e saúde de uma mulher jovem. Dona Vildi diz, toda orgulhosa, que não toma remédios, e que a última vez que foi ao médico faz mais de 50 anos [para fazer o exame admissional para a escola onde trabalhou até se aposentar].

“Ela sempre foi assim. De poucas palavras, mas com um coração imenso. Que transborda bondade”, diz Carmen, que a visita semanalmente há vários anos. “Saio com o coração mais leve, mais feliz”, complementa Rose ao sair da “benzedura”. Leveza também que se percebe ao seu entorno. Durante os cerca de 40 minutos da entrevista podia-se observar um cenário especial. O canto dos pássaros nas árvores frutíferas do quintal e a quantidade de beija-flores na janela sugeriam um clima mágico. Dona Vildi não é e nunca será uma bruxa, está bem mais para uma fada. 

 

Missão se revelou depois de uma grave depressão

Dona Vildi com o cão Netinho. Ela benze, também, os animais

Vildi descobriu sua missão após passar por um período de depressão, inapetência e total falta de ânimo. Foi levada pela irmã [que dividiu a casa com ela por 38 anos, até o mês passado, quando faleceu vítima da covid-19] a uma benzedeira, que a alertou de sua jornada, afinal, ela havia sido escolhida e teria que atender a um "chamamento divino". No início chegou a questionar seus desígnios. No entanto, do nada as pessoas começaram a lhe pedir ajuda e ela, de forma intuitiva, atendia a cada um que lhe procurava. E em curtíssimo espaço de tempo dona Vildi se convenceu de que passara a fazer parte desse exército de voluntárias a serviço do bem.

“Eu atendia diariamente mais de 100 pessoas entre moradores de Itajaí, da região e até pessoas de outras nacionalidades que passavam por aqui. Quando começou a pandemia, no ano passado, cheguei a parar de atender por um tempo, mas as pessoas me procuravam angustiadas, sofridas, e acabei retomando os atendimentos, só que por enquanto só pela manhã”, relata.

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Autodidata

Assim como a grande maioria das benzedeiras, ela é autodidata. Não tem uma religião definida e seu altar tem imagens de santos da igreja católica, entidades da umbanda, muitas fotografias, miniaturas e inúmeras fotos de animais. Aliás, dona Vildi pede para que quem tem animais de estimação, que os leve também para benzer. Isso é uma de suas peculiaridades.

Outra coisa que a difere das benzedeiras tradicionais é que ela não usa ervas e nem as rezas prontas, bastante populares. “Eu converso com ele, peço proteção a Deus, à minha querida Santa Paulina, que muito tem me ajudado, e aos oito médicos espirituais que trabalham comigo”, conta. Mas ela também não se diz kardecista. Perguntada sobre sua religião, simplesmente aponta para um quadro com a imagem de Jesus Cristo e diz: “minha religião é ele. Só ele”.

Dedicação

Ela nunca se casou e divide a casa com Netinho, seu cachorro de estimação que a acompanha o tempo todo. Inclusive, durante as benzeduras, netinho fica por perto, numa almofada que tem ao pé do altar. “Nunca me casei, nenhum relacionamento deu certo. Mas era pra ser assim, afinal, como eu poderia desempenhar minha missão se tivesse marido e filhos”, diz abnegada.

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