A frota sucateada e a falta de reajuste salarial nos últimos sete anos também estão entre os motivos apontados para a mobilização dos funcionários. A ação tem o apoio dos sindicatos dos trabalhadores em estabelecimentos de Saúde (SindSaúde) regionais.
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Se a greve se confirmar, as unidades avançadas do Samu e as UTIs móveis podem parar de atender à comunidade. Até mesmo o helicóptero Arcanjo pode ser afetado, já que a equipe médica também é contratada pela empresa Ozz Saúde, que faz a gestão do Samu em Santa Catarina.
A empresa é acusada pelos trabalhadores de não dar retorno às reivindicações da categoria. Segundo um socorrista de Balneário Camboriú, a situação se tornou ainda pior com o transporte de pacientes graves com covid, o que aumentou o risco de contaminação e o desgaste para quem trabalha no Samu. Apesar disso, a categoria não recebe adicional de insalubridade.
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“A maioria dos funcionários já adoeceu, todos muito estressados e cansados. Ano muito pesado e sem nenhum retorno da empresa Ozz. Estão matando a gente aos poucos nesses três anos,” desabafa um funcionário.
Em nota divulgada para a imprensa e assinada pela equipe de regulação, intervenção e suporte avançado do estado, a Ozz também é acusada de não fornecer materiais de proteção suficientes e de falhas na esterilização das traqueias dos ventiladores usados em pacientes.
Sindicato confirma
O SindSaúde de Florianópolis confirmou a mobilização dessa segunda-feira na capital. No sul do estado, funcionários já realizaram uma manifestação na última sexta-feira.
“Não basta o desrespeito de trabalhadores demitidos estarem esperando há meses pelo pagamento de contratos, de termos que recorrer ao ministério Público do Trabalho pra ter até mesmo as férias agendadas. Agora nem sequer o pagamento de décimo terceiro salário foi honrado”, diz a nota do sindicato.
O SindSaúde afirma ainda que a Ozz Saúde emitiu um comunicado recente anunciando o parcelamento do pagamento do 13º salário em seis vezes, com previsão de quitação somente em maio de 2021.
“Por isso, os trabalhadores e trabalhadoras do Samu convocam a população catarinense a apoiar essa luta. Estamos no meio de uma pandemia, com péssimas condições de trabalho, e ainda sendo condenados a passar nosso final de ano trabalhando e sem o pagamento do que nos é devido”, completa o sindicato.
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Falta de atendimento
Enquanto os funcionários do Samu reivindicam seus direitos, a qualidade do serviço tem sido questionada pela população. Moradora de Balneário Camboriú afirma que o o filho teve um atendimento negado após uma ligação para o 192 com o pedido de urgência. Ela conta que, por volta das 22 horas, o menino estava com muita dor, vômito com sangue e febril. Ao pedir ajuda no 192, ela foi informada por um atendente que o Samu não faz transporte de pacientes até o hospital.
“Então a pessoa fica doente, passando mal, sem conseguir nem andar ou falar, e o Samu simplesmente ignora”, desabafa a moradora, que disse que pediu o socorro porque não tem carro.