Itajaí
Pedra não é a menor ilha do Brasil
Professor explica que se trata de papo furado de internet a história de que a “menor ilha do Brasil” está em Cabeçudas
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Uma postagem que está circulando na internet anuncia a pedra da praia de Cabeçudas, em Itajaí, como a menor ilha do Brasil. Mas de acordo com o professor da Univali, Marcus Polette, geógrafo, oceanógrafo e doutor em Ecologia e Recursos Naturais, se trata apenas de especulação e coisas de internet. Ele explica que a formação pode ser considerada um ilhote ou um lajeado, que em vários lugares do Brasil têm a mesma aparência.
O professor destaca que as ilhas podem ser classificadas em oceânicas, que ficam além da plataforma continental, e as costeiras, que ficam próximas aos continentes. Entre o Rio de Janeiro e Santa Catarina, a costa brasileira é chamada de Escarpas Cristalinas, em razão da proximidade com a serra do Mar. Ao longo desse trecho, Polette diz que a costa é caracterizada por centenas e centenas de ilhas de todos os tamanhos.
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Ele cita grandes ilhas como a de São Sebastião, onde fica a cidade de Ilhabela, no litoral paulista, um dos poucos municípios-arquipélagos marinhos brasileiros, e a ilha de Santa Catarina, onde está Florianópolis. A capital catarinense é uma das três capitais brasileiras sediadas numa ilha, junto com Vitória (Espírito Santo) e São Luís (Maranhão).
Entre as pequenas ilhas, o professor observa que há formações também arenosas, além das rochosas. “Então não dá para classificar por tamanho as pequenas, pois são centenas e centenas”, avalia.
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Conforme o atlas Socioambiental de Itajaí, do qual Polette é um dos autores, na faixa litorânea entre Itajaí e Navegantes existem pontas e promontórios rochosos originados por estarem perto das montanhas da serra do Mar. Entre as principais estruturas rochosas na linha da costa no entorno da foz do rio Itajaí-açu, o estudo lista as pontas de Cabeçudas, onde está o farol, e do Bico do Papagaio.
No caso da ilha de Cabeçudas, ele comenta que é uma ilha importante, em razão da presença de dezenas de aves que vivem no local ao longo do ano. A formação, que é uma das atrações mais fotografadas de Itajaí, também já foi alvo de estudo em uma dissertação do professor. “[A ilha] deveria ser inclusive uma unidade de conservação ou estar integrada com o parque Municipal Natural do Atalaia”, defende.
Sobre a postagem na internet, o presidente do instituto Itajaí Sustentável (ex-Famai), Fábio da Veiga, disse desconhecer a tal classificação de “menor ilha do Brasil”.