Itajaí

Vereadores querem enxotar pedintes, artistas e ambulantes

Lei foi aprovada neste finalzinho de ano pela câmara. Agora tá pra sanção do prefeito Fabrício Oliveira

Danilo trabalha vendendo água na sinaleira. Se for proibido de trampar, não leva comida pra casa
Danilo trabalha vendendo água na sinaleira. Se for proibido de trampar, não leva comida pra casa
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Foi encaminhado pra canetada do prefeito Fabrício Oliveira (PSB), o projeto do vereador Marcos Kurtz (PMDB) que, na prática, proíbe pedintes, moradores de rua, vendedores ambulantes e artistas de rua nos semáforos de Balneário Camboriú. A proposta recebeu críticas por ser supostamente inconstitucional e difícil de ser colocada em prática. Pelo texto aprovado na quarta-feira pela maioria dos parlamentares, atividades como venda de produtos, prestação de serviços, apresentações artísticas e pedido de dinheiro, entre outras, estão proibidas nas sinaleiras de Balneário. Segundo o vereador Marcos, ações como pedágios solidários, atividades beneficentes e serviços de panfletagem e propaganda feitos por empresas, quando forem solicitados e autorizados pelo município, ficam fora da regra e seriam liberados. A principal justificativa para o projeto é com relação à segurança no trânsito, afirma o vereador. “Balneário Camboriú tem um trânsito bem intenso e tem muita gente nos semáforos, que acaba dificultando [o trânsito] por vários motivos”, diz. “É uma coisa que não cabe mais para Balneário Camboriú. Não traz nada a mais pra cidade. Não vejo vantagem nenhuma”, argumenta. A lei prevê advertência e multa de dois até 10 unidades Fiscal Municipal (UFM) pra quem descumprir a determinação. Uma UFM em Balneário corresponde a R$ 267,63. Os ambulantes também poderão ter as mercadorias apreendidas, o que hoje já acontece, como previsto no código de Posturas do município. Caberá à prefeitura regulamentar como a lei será aplicada, como será a fiscalização e a cobrança aos desobedientes. Marcos Kurtz reconhece que haverá dificuldades em notificar pessoas como pedintes e moradores de rua, que não tem endereço fixo e muitas vezes sequer um documento. “Sabemos dessas dificuldades, mas a lei é mais pra coibir mesmo”, explica. Inibindo mendigos e vendedores que já atuam nas ruas, o vereador acredita que a lei vai frear a chegada de mais pessoas. Vendedores assustados Os vendedores que trampam no sinaleiro da avenida das Flores com a marginal da BR-101, não gostaram nem um pouco da nova lei. Danilo Silva dos Santos, 32 anos, que vende água, e Edenilson da Silva Ferreira, 24, que venda morangos, contam que já sofrem com as abordagens de fiscais e policiais que geralmente terminam em repressão e apreensão dos produtos. Com a proibição e as multas, ficarão sem o dinheiro que ganham com o trabalho. “O governo trata o cidadão como marginal. O cara vai ter que buscar um meio de sobreviver. Vender coisas na rua foi uma alternativa pra gente poder se virar”, afirma Danilo, que é barbeiro de profissão mas não tem condições de abrir o próprio salão. Ele também já trampou como pedreiro e não consegue trabalho em outra coisa. “Se parar aqui, acabou,” diz ele, que tira das garrafas de água que vende o sustento e a grana da pensão pros filhos e aluguel. Os dois moram no Monte Alegre, em Camboriú. Edenilson também paga aluguel e tem dois filhos pequenos. Há três anos trampando na rua, ele diz que já foi tratado como bandido pela polícia. “A polícia deixa de se preocupar com a bandidagem e se preocupa com a gente. A gente tá aqui porque precisa”, desabafa. Projeto aprovado é ilegal e “higienista,” diz o pessoal do direito O doutor em direito Luiz Fernando Ozawa se espantou ao ler o texto do projeto aprovado pelos vereadores. “A lei é uma piada de mau gosto com uma sociedade que quer incluir e é um prato cheio aos higienistas que excluem”, criticou. Para ele, não tem como uma lei querer multar “a sobrevivência” de uma pessoa e ao mesmo tempo permitir que instituições possam ir ao mesmo local fazer pedágios para pedir dinheiro. “Um contrassenso; sem lógica. Em breve tal lei será judicializada certamente”, acredita. Para Otávio Zini, um dos coordenadores do movimento Amigos&Tribos, que dá apoio jurídico às chamadas “minorias”, o projeto aprovado é inconstitucional. “Artistas de rua não podem ser proibidos de se apresentar em nenhum local, tal legislação ainda invade a competência exclusiva da união,” avalia. Em relação aos pedintes, ele não tem dúvidas: “A proposta da lei é higienista”. A expressão se refere à intenção de alguns grupos em querer “limpar” a cidade de quem não é considerado um cidadão. Ontem, o projeto ainda não tinha chegado à prefeitura e o prefeito não tinha conhecimento detalhado da proposta. Laurindo Ramos, diretor de Fiscalização da secretaria de Planejamento, adiantou que vai conversar com o prefeito para discutir possíveis mudanças. Ele observa que haverá dificuldade no enquadramento e cobrança dos infratores. “Como é que um pedinte vai pagar de R$ 500 a R$ 2000 de multa?”, questiona. “Às vezes, ele não tem documento. A questão da cobrança fica inviável”, completa




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