Itajaí
Centro é referência no atendimento a transgêneros
Médico que atende em Blumenau já fez mais de 200 cirurgias em trans
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



O assunto ganhou destaque na mídia e teve até personagem na novela das nove da rede Globo. Em ‘A Força do Querer’, a atriz Carol Duarte interpretou um transgênero, ou seja, alguém que se vê com um sexo diferente do que nasceu, no caso, Ivana, que nasceu mulher, se identifica como homem, e se transforma em Ivan. Assim como a personagem, muitas pessoas sofrem ao não se encaixarem no gênero do nascimento, masculino ou feminino, e através das informações que vêm surgindo acerca do assunto têm acesso a tratamentos e acompanhamento psicológico. Há três anos, o Centro de Atendimento a Transgêneros (CAT), em Blumenau, atende pacientes de todo mundo que querem mudar de sexo. O centro compete com os principais centros especializados do mundo. Sob a direção do médico cirurgião maxilofacial José Carlos Martins, o CAT atende pacientes transgêneros com cirurgias faciais e corporais. PINGUE-PONGUE com o médico José Carlos Martins DIARINHO – Qual a porcentagem de pacientes trans que buscam pela mudança de sexo? José Carlos: Em média, apenas 10% dos pacientes que fazem cirurgias diversas finalizam com a cirurgia de redesignação sexual (mudança de sexo). Nas pacientes que são mulheres e querem se transformar em homens, basicamente a cirurgia de mastectomia (retirada das mamas) é a mais procurada. DIARINHO – Sabemos que a Tailândia é referência mundial neste tipo de cirurgia e hoje Blumenau também tem destaque. Vocês recebem pacientes do mundo inteiro? José Carlos: Hoje viramos também referência para pacientes que vêm da Europa, América do Sul e do Norte. Já operamos pacientes dos Emirados Árabes, Grécia e Irlanda, que vêm para Blumenau, uma cidade que se diferencia no país pela cultura europeia, e pela questão da segurança, pois no Brasil há histórico de assassinatos de transgêneros e eles vêm para cá por se sentirem seguros. DIARINHO – Recentemente na novela “A Força do Querer” a personagem Ivana se transformou em Ivan, assumindo seu verdadeiro gênero. O folhetim ajudou a retratar o preconceito sofrido por estas pessoas? José Carlos: Acredito que sim, pois a novela trouxe a discussão para dentro de casa e para a sociedade. Infelizmente, esse público sofre ainda rejeição, preconceito e discriminação, mas debater o tema nas mídias, pode ajudar a mudar este quadro. DIARINHO – Todo transgênero apresenta rejeição ao seu órgão sexual? José Carlos: Nem todo paciente sofre de Disforia, aquele mal estar, estresse, ou sofrimento ao perceber que o corpo não bate com a mente. Existem procedimentos, como a redesignação sexual, onde o paciente deve ter vindo de um tratamento com o acompanhamento psicológico e deve ter um laudo para esta cirurgia. O laudo não atesta apenas a transexualidade, mas a transexualidade com rejeição do órgão sexual, porque você pode ser trans, mas ter uma boa relação com seu órgão, numa orientação sexual onde você faça uso do pênis.