Itajaí
BC: a campeã de focos do aedes
Considerada um dos maiores pólos turísticos do Brasil, Balneário registrou 1152 criadouros do mosquito este ano
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
![Cidade tem 31 agentes de combate ao mosquito da dengue, que todo santo dia saem à caça de criadouros do aedes aegypti](/fotos/201711/700_5fd6daa13a216.jpg)
![miniatura galeria](/fotos/201711/200_5fd6daa13a216.jpg)
![miniatura galeria](/fotos/201711/200_5fd6daa1977d8.jpg)
Sandro Silva, geral@diarinho.com.br Balneário Camboriú costuma figurar em vários rankings, inclusive nacionais. Tem alguns dos maiores prédios do Brasil, é a cidade com maior quantidade de edifícios e uma das que mais atrai turistas no sul do país. Mas nem só de números positivos vive a chamada Maravilha do Atlântico. O município tem o maior número de focos do mosquito da dengue em áreas urbanas de toda Santa Catarina. De janeiro ao final de outubro deste ano, segundo dados da divisão de Vigilância Epidemiológica (Dive) da secretaria de Saúde do estado, foram encontrados nada menos que 1152 criadouros do mosquito aedes aegypti, inseto responsável pela transmissão não só da dengue, mas também da chicungunha, da febre amarela e o temido zika vírus. Os números são de assustar. Esses 1152 focos são mais que o dobro do que foi encontrado em Xanxerê, no oeste do estado. Por lá, foram localizados 771 locais onde o mosquito aedes aegypti tava se reproduzindo. Isso coloca Balneário Camboriú na lista das cidades consideradas “infestadas” pela vigilância Epidemiológica. São 61, ao todo, dos 295 municípios catarinenses. Outras quatro cidades da região também estão na lista. Rafael Neis da Silva é coordenador do programa de Combate à Dengue da prefeitura de Balneário Camboriú. Segundo ele, três fatores ajudaram a aumentar o número de ocorrências do mosquito na cidade e a botar o município do topo da incômoda lista dos infestados pelo aedes aegypti. Um das causas, afirma, é a temperatura. “Este ano foi atípico. A gente não teve inverno”, afirma. Segundo ele, os focos costumam aumentar em janeiro e o pico é março. Depois há uma queda na ocorrência de locais com mosquitos e larvas. “Conforme o frio vem vindo, vai baixando”, explica. O problema é que o frio não veio. “Tivemos um pico em março, em abril baixou, mas em maio cresceu”, informa. A temperatura quente ajudou na proliferação dos mosquitos, argumenta. A outra razão é a característica turística de Balneário Camboriú. “Vem gente de todo o lugar e o mosquito acaba sendo caroneiro. Vem do Paraná, de São Paulo, de regiões onde há epidemia”, diz. E continua:“O mosquito precisa de duas coisas, de água parada e sangue humano. E aqui acabou encontrando as duas”. Mais de 60% da infestação no centro da cidade Para Rafael Neis, que comanda um grupo de 31 agentes no combate diário ao mosquito aedes aegypti, a população também tem sua parcela de responsabilidade nesse crescimento assustador do número de criadouros. “Infelizmente, as pessoas não estão dando a devida atenção ao risco que estamos correndo”, alerta. A falta de limpeza de terrenos, de calhas, de terrenos, de depósitos e não realização de procedimentos simples, como colocar terra em pratinhos de vasos ou em bromélias, é apontada pelos profissionais da epidemiologia como razões para a criação de ambientes propícios pra existência do mosquito da dengue. E se engana quem acha que essa falta de consciência vem das regiões mais pobres da cidade. É justamente o contrário.“Hoje, em Balneário Camboriú, a região do centro é a que comporta mais focos do mosquito. Tem mais de 60% dos casos”, revela o coordenador do programa de Combate à Dengue. É quase uma lógica geográfica. “No centro é onde se concentra a maior parte dos hotéis e pousadas e os mosquitos que vêm de fora, na bagagem ou nos porta-malas, acabam ficando por ali”, aponta Rafael. O grande número de edifícios, com suas calhas, ralos e caixas d’água na parte superior completam o quadro favorável para o centro virar o local mais infestado da cidade. Depois vêm os bairros das Nações e dos Municípios, onde se considera que há infestação em Balneário Camboriú. O programa de Combate ao Mosquito da Dengue tem espalho pela cidade 131 armadilhas, que ajudam a monitorar os locais de maior ocorrência do mosquito. Os 31 agentes são divididos em equipes com tarefas diárias: visitar locais suspeitos, averiguar as armadilhas e fiscalizar as obras da construção civil. Tem até uma equipe especializada em ir a locais de difícil acesso, como torres de caixa d’água por exemplo. Itajaí é a terceira cidade do estado Outras cidades da foz do rio Itajaí-açu estão na lista dos municípios infestados em Santa Catarina. Itajaí é uma delas. Por aqui, este ano, foram encontrados 661 criadouros do mosquito aedes aegypti. Itajaí é a terceira cidade do estado com o maior número de focos do inseto. Lúcio Vieira, coordenador do Programa de Combate ao Mosquito Aedes, da prefeitura de Itajaí, também aponta a falta de frio neste inverno como uma das causas do aumento dos criadouros. Mas não só isso. “Nós somos uma cidade com muito fluxo de mercadorias e veículos de transporte”, ressalta. É esse vai e vem de caminhões e contêineres pela cidade portuária e que é polo logístico do estado que também favorece a chegada dos mosquitos e sua proliferação, argumenta Lúcio. Os bairro Cordeiros, São Vicente e São João, nessa ordem, são os com maior incidência de criadouros. As outras cidades com infestação são Itapema (318), Camboriú (315) e Navegantes (198). Região tem 33% dos criadouros de todo o estado A região da foz do rio Itajaí também tem outro índice incômodo. Os 3140 focos encontrados em nove cidades faz com que a região seja responsável por 33% dos focos do mosquito aedes aegypti encontrados em Santa Catarina, segundo divulgou ontem a agência de Desenvolvimento Regional (ADR). O estado todo tem 9478 criadouros. Preocupado com isso, ontem o governo do estado anunciou que está distribuindo esta semana para as prefeituras telas para proteção de caixas d´água e ralos para dificultar a proliferação do mosquito. De acordo com a bióloga Priscila Flores da Luz, do rograma de Controle da Dengue da gerência Regional de Saúde, a distribuição de 140 rolos de 50 metros de comprimento está sendo feita de acordo com a classificação epidemiológica de cada cidade. A instalação será de responsabilidade das secretarias municipais de Saúde.