Itajaí
Largada com emoção: risco de acidente e brasileiro fora
Quase rolou acidente por causa da ventania; justiça se meteu no rolo do barco dos brasileiros
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A largada da Volvo Ocean Race, neste domingo, na Espanha, fez justiça à fama de que esta é a mais extensa, dura e intensa prova esportiva do mundo. Com ventos batendo até 20 nós, forte para regatas, os sete veleiros fizeram um percurso entre boias, em Alicante, antes de partir para perna de 1250 milhas até Lisboa. E não faltou emoção do começo ao fim. O Mapfre dominou as primeiras milhas, mas o Team Brunel, sob o comando do melhor velejador do mundo, Peter Burling, disparou e tomou a ponta com o Dongfeng no seu retrovisor - ou popa, como se diz na vela. Num desses embates, os três barcos quase se chocaram. O Mapfre teve de dar um 360 graus, pois foi considerado culpado por fechar a passagem dos outros dois que tinham prioridade. Depois da confusão com o AkzoNobel horas antes da largada, quando houve a troca do capitão por causa de uma ordem judicial, a equipe não mostrou reação e ficou em último lugar na saída de Alicante. Barco dos brasileiros troca de comando; Joca Signorini desiste da largada A regatona pegou fogo antes mesmo de os barcos partirem da Vila da Regata de Alicante. A confusão envolveu o barco holandês AkzoNobel, dos brasileiros Joca Signorini e Martine Grael. Tudo porque o comandante afastado na semana passada, Siemon Tienpont, conseguiu uma decisão liminar na justiça que o fez voltar ao comando da equipe. A notícia caiu como uma bomba, poucas horas antes da prova. Com o retorno forçado de Siemon, o brasileiro Joca anunciou que desistiu da largada. Ele pode abandonar definitivamente a competição, mas isso será decidido até a próxima etapa em Lisboa. Havia rumores de que Martine também desistiria da prova, mas ela embarcou com o restante da equipe. O comandante interino Brad Jackson, Jules Salter e Roma Kirby também se negaram a embarcar no AkzoNobel neste domingo. Siemon voltou pra cena da Volvo muito entusiasmado. “Este foi, obviamente, um momento incrivelmente difícil para todos os envolvidos. Eu já cheguei a um acordo com a AkzoNobel e todos agora querem colocar isso à parte e se concentrar em nossa campanha para o Volvo Ocean Race 2017-18”, disse à imprensa. Para disputar a primeira etapa da Volvo, o AkzoNobel teve que pegar um tripulante emprestado da equipe chinesa Sun Hung Kai Scallywag. O português Antonio Fontes topou disputar a perna até Lisboa. Segundo a organização da Volvo, não há irregularidade no empréstimo de um atleta. “A composição da equipe atende os requerimentos de segurança, idade e gênero exigidos pela regata”, informaram numa nota oficial. A previsão é que os barcos demorem até oito dias para completar o percurso até Lisboa. A regata promete ser bastante complicada do ponto de vista técnico, mesmo a perna sendo curta. As sete equipes serão obrigadas a contornar a ilha de Porto Santo, que fica próxima à ilha da Madeira, antes de seguir até Lisboa. E no caminho devem pegar ventos bem fortes. Torben Grael, pai de Martine, ficou cabreiro O velejador Torben Grael, campeão olímpico e vencedor da edição 2005-2006 da Volvo, criticou ontem as mudanças na equipe da filha Martine. “Infelizmente, a coisa foi mal manejada entre os patrocinadores e a equipe. Houve vários problemas nessas duas últimas semanas. A equipe foi montada de última hora, o que não é o ideal”, lamentou. Torben acredita que a péssima largada da equipe holandesa foi um reflexo dessa confusão que começou em terra, mas acabou contaminando a equipe a bordo. “Acho que é preciso fazer muita coisa para a equipe funcionar. Foi tudo errado na largada,” continuou. Além dos velejadores mais experientes terem saído da equipe do AzkoNobel, o que mais preocupa o velejador brasileiro é o clima entre os que permaneceram na prova. “Não há uma liderança, existe muita preocupação com a imagem e não com o resultado da equipe. Isso é péssimo! As pessoas se preocupam mais consigo do que com a equipe, isso é um mau negócio numa prova assim”, lascou. O velejador concluiu dizendo que o futuro de Martine é incerto na competição. “Tem duas semanas até Portugal. Vamos ver o que vai acontecer até lá, porque talvez seja melhor não continuar. Do jeito que está não vale a pena”. Netifans é a torcida organizada vermelha Um grupo de cerca de 70 animados torcedores veio de várias regiões da Espanha para acompanhar a saída do barco da Mapfre. Eles fazem parte da torcida organizada “Neti Fã” do velejador Ñeti Guervas-Mons, 33 anos, espanhol de Santander e proeiro do Mapfre. “Há 11 anos acompanhamos o Neti na competição. Tentamos ir a todas as paradas possíveis”, explica o engenheiro Gonizal Lorenzo, 32 anos. Os netifans são barulhentos e ocuparam a vila com tambores, perucas vermelhas e muitas cornetas. Por onde passam deixam um rastro de alegria e acabaram ficando populares entre os velejadores. Eles têm páginas nas redes sociais e costumam viajar pelo mundo acompanhando a competição. Despedida foi com muita festa em Alicante Enquanto os bastidores da competição viviam muita tensão, o público lotava a vila da regata e aproveitava para curtir o último dia da festa espanhola. Cerca de 40 mil visitantes se aglomeraram em grandes filas. A entrada era gratuita, mas havia um forte controle de segurança e revista minuciosa em cada um dos visitantes. Depois do atentado terrorista em Barcelona, as autoridades ficaram mais rigorosas e atentas a eventos com grande público. A revista individual causou grandes filas, mas o público teve paciência e esperou mesmo sob o sol forte. A festa teve vários desfiles culturais, apresentação da banda municipal, esquadrilha da fumaça e até a presença do pai do atual rei da Espanha, Juan Carlos, que é fã da vela. O holandês Marc Ldiwldc, 29 anos, veio com a esposa, o filho bebê e os sogros. Ele nunca praticou o esporte, mas diz que a vela é querida no seu país, que tem até uma equipe na competição, a AkzoNobel . “O futebol ainda é o esporte mais popular, mas muitas pessoas praticam vela e gostamos deste clima do esporte,” explica. A engenheira Maribel Sivera, 32 anos, veio da Murcia, cidade próxima de Alicante, para acompanhar a saída dos barcos. Ela comenta que todos os anos veio assistir a largada (já são quatro em Alicante). Ela torce para o time espanhol Mapfre, que é o favorito para vencer a competição. Maribel gostou tanto da festa que está pensando em encarar um voo de cerca de duas horas até Lisboa para assistir a próxima etapa. Brasileiro navega até a Espanha para conferir a prova Um brasileiro apaixonado pela regata Volvo Ocean Race atravessou o Atlântico navegando para assistir a largada da prova na Espanha. Mineiro de Patos de Minas, Valter Mendes, 52 anos, mora a bordo de um Beneteau 50, o My Bless II. ‘’Para qualquer velejador estar na regata Volvo Ocean Race é uma emoção muito grande. Como brasileiro, eu torço para Martine Grael e para Joca Signorini’’, disse Valter Mendes, antes do desfecho da confusão com a equipe holandesa. O empresário mineiro está em Alicante desde o início da semana. Ele esteve no mês de maio nas Bermudas, também com seu barco, para ver a America’s Cup, evento de vela vencido pelo comandante neozelandês Peter Burling, agora integrante do Team Brunel na Volvo. ‘’Aqui podemos ver velejadores que são ídolos mundiais e barcos com muita tecnologia. Vale a pena curtir a regata e um pouco da beleza da Europa’’, falou Valter Mendes ao DIARINHO. Valter viajou na companhia do comunicador Murillo Novaes, locutor oficial da vela na Rio 2016, na stopover de Itajaí em 2015 e da Semana de Vela de Ilhabela.
 
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