Melissa Bergonsi geral@diarinho.com.br As mais de 1200 novas vagas com carteira assinada abertas no primeiro semestre em Itajaí podem sinalizar um segundo semestre melhor para quem está em busca de um emprego formal. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego apontam um reaquecimento de pelo menos cinco dos oito setores da economia na cidade. Construção civil, indústria da transformação, setor de serviços, administração pública e agropecuária contrataram mais do que demitiram, restando um saldo positivo de 1201 novas vagas na cidade. Dados da secretaria de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda de Itajaí reforçam o otimismo. Somente nos primeiros 10 dias desse mês de agosto, o balcão de empregos cadastrou 56 novas vagas de emprego na cidade, nos mais diferentes setores, elevando para 153 o número de postos disponíveis até essa quinta-feira. A quantidade é quase 30% maior que a média dos 10 primeiros dias de julho que, até agora, havia sido o mês com o maior número de novos postos de emprego registrado em 2017 em Itajaí. As vagas disponíveis são vendedor, pintor, pedreiro, técnico em informática, atendente de farmácia, operador de máquinas, mecânico, motorista carreteiro e outros (confira tabela na página seguinte). A repositora de supermercado Marília Silva, 29 anos, mora em Itajaí e já sentiu o reflexo dos números positivos. Nessa semana, ela foi ao Balcão de Empregos em busca de uma nova oportunidade. Marília está empregada em um supermercado em Itajaí, mas agora quer um outro emprego que não precise trabalhar nos finais de semana e feriados. “Antes a gente tinha que se agarrar no emprego que viesse. Agora melhorou e temos mais opções para escolher um trabalho que atenda nossas necessidades”, acredita. A paraense Andreza da Silva, 23 anos, chegou em Itajaí há quase um mês com o marido e dois filhos, um de seis e outro de quatro anos. Eles deixaram Belém do Pará atraídos pela promessa de oportunidades de emprego com carteira assinada em Itajaí. Segundo Andreza, na capital paraense empregos formais que garantem os direitos trabalhistas são quase inexistentes. Além disso, lá o salário pago aos trabalhadores do comércio gira em torno dos R$ 700 por mês. Tanto que Andreza veio tirar sua carteira de trabalho em Itajaí. “Lá era muita burocracia, quase ninguém tira o documento. Eu trabalho há anos e nunca nenhuma empresa aceitou me registrar”, disse. A paraense que estava ontem no balcão de empregos está esperançosa. Uma semana depois de terem chegado em Itajaí, seu marido já encontrou trabalho na construção civil e teve sua carteira assinada pela primeira vez na vida. Tem muita gente procurando emprego ainda A cuidadora de idosos Mariela Gomes, 54, não conseguiu sentir na prática o efeito da criação de vagas de emprego na cidade. Ela está desempregada há um ano e garante que esse foi o período mais difícil que já viveu na busca por uma colocação em toda sua vida. “Eu nunca vi um tempo tão ruim como esse, não sei o que está acontecendo. Tenho curso de enfermagem, atuo na área há mais de 15 anos e mal consigo bicos em lanchonetes”, contou. Estudante do 6º período de Administração na Univali, Gabriel Filipe Luiz, 22 anos, está há quase dois meses desempregado. Conta que já deixou mais de 50 currículos em lojas, bancos, restaurantes, mas confessa que está difícil conseguir colocação. No balcão de empregos ele buscava uma vaga como auxiliar de logística ou de administração porque acredita que o diferencial do curso universitário e da experiência podem garantir uma vantagem na disputa com outros candidatos. “Trabalho desde os 17 anos e agora é minha mãe que está aguentando as pontas em casa, mas eu preciso encontrar algo logo para ajudar,” disse. Diversidade de setores impulsionam emprego Ao comparar os dados do primeiro semestre de 2017 com o mesmo período do ano passado, a recuperação fica mais evidente. Em 2016, Itajaí encerrou o primeiro semestre com a extinção de 1235 postos de trabalho com carteira assinada, segundo dados do Caged. Os setores que mais demitiram foram o de comércio e serviços sendo responsáveis pela extinção de mais de 1100 vagas. Este ano, o setor de serviços mostra recuperação com a abertura de mais de 250 vagas. Construção civil que no primeiro semestre de 2016 encerrou mais de 100 vagas, no mesmo período deste ano foi a responsável pela abertura de quase 200 postos. Para o secretário Municipal do Desenvolvimento Econômico, Giovani Testoni, a expectativa da redução das taxas de juros para financiamento de imóveis deve incrementar ainda mais a área da construção civil que já é um destaque na criação de empregos na cidade. Ele afirma que os números do primeiro semestre são um sinal de que o cenário econômico vai começar a melhorar. Ele explica que a recuperação dos postos de emprego acontece por vários fatores, entre eles o investimento no porto de Itajaí e em outras áreas como setor logístico, o incremento da rede hoteleira e o turismo de negócios. “Nós não queremos colocar os ovos numa cesta só. Por isso você percebe que não é apenas um setor o responsável pelo incremento de empregos, mas sim a indústria da transformação, administração pública, serviços, agropecuária. Todas as frentes colaboram na reversão do desemprego”, disse. O consultor econômico da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Paulo Guilhon, explica que a diversidade de setores da economia que geram empregos em Itajaí é uma decorrência da atividade portuária que atrai empresas e investimentos de todos os tipos. “O porto é um grande imã de atividades produtivas que surgem ao seu redor e ajudam a cidade a não depender de apenas uma área”, explicou. Busca um trabalho? O Balcão de Empregos é um serviço gratuito oferecido pela secretaria de Desenvolvimento Econômico e Geração de Emprego e Renda de Itajaí. As vagas disponíveis podem ser consultadas pela internet no endereço www.portaldocidadao.itajai.sc.gov.br ou diretamente no balcão que fica na rua Antônio Caetano, 105 (atrás do Teatro Municipal). Para fazer o cadastro, leve RG e CPF. O Balcão também oferece cursos rápidos para ensinar a montar currículos e se portar em entrevistas de emprego. Tudo gratuitamente. O horário de atendimento ao público vai das 8h às 12h e das 14h às 18h, de segunda a sexta-feira. O telefone de contato é o (47) 3246-1190. Vagas disponíveis no Balcão de Empregos*