Itajaí
Evandro Neiva Oliveira, Secretário de Turismo de Itajaí
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



Itajaí está crescendo cada vez mais quando o assunto é turismo. Seja pelo Centreventos, que tem recebido feiras, congressos e encontros de vários segmentos. Seja pela passagem de regatas como a Jacques Vabre e Volvo Ocean Race, que voltará para Itajaí no ano que vem pela terceira vez. Seja pela instalação de grandes redes de hotéis que acreditando no potencial da cidade e devem dobrar o número de leitos até 2020. Seja pela Praia Brava que, mais agrestes ou ocupada, sempre chamou a atenção de turistas mundo afora. Porém, ainda há muito o que crescer, planejar e estruturar. Para falar sobre os planos para o turismo de Itajaí, a jornalista Franciele Marcon entrevistou o secretário da pasta, Evandro Neiva. O empresário veio para o poder público com o objetivo de somar e com uma meta de implantar um calendário de eventos fixo a cidade – que dará segurança para quem quer investir aqui, criar o Plano Municipal de Turismo, que estipula e mantém políticas públicas para a pasta, e para ocupar aquela enorme área fechada e pouco ocupada ao lado do Centreventos, com um boulevard. Ele sabe dos desafios: Itajaí perdeu a escala de grandes transatlânticos que paravam na cidade; a Marejada precisa ser repensada e precisar pegar. O farol de Cabeçudas precisa ser reaberto ao público. Ideias para o secretário não faltam. Itajaí precisa torcer para que ele tenha fôlego para realizar. As fotos são de Dayane Bazzo. NOME COMPLETO: Evandro Neiva Oliveira IDADE: 42 anos NATURAL: São Paulo ESTADO CIVIL: casado FILHOS: uma filha FORMAÇÃO: processamento de dados e Publicidade incompleto EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL: diretor de captação de publicidade em São Paulo, diretor comercial da Jovem Pan/Transamérica, sócio da casa noturna El Fortin, de Porto Belo, e atual secretário Municipal de Turismo de Itajaí “Turismo não se faz só de conversa, precisa de dinheiro, precisa de recurso” “Acredito que uma cidade como Itajaí tem tamanho para dar uma festa de graça para a população” “O entretenimento é responsável pela expansão econômica de vários municípios e vários países” DIARINHO – O orçamento da prefeitura de Itajaí com turismo é de menos de 2%, mas este ano vocês conseguiram organizar um carnaval que foi elogiado, apesar de modesto, e também uma grande festa do colono. O orçamento é suficiente para bancar grandes eventos? Evandro: Não, realmente não é suficiente. Já estamos desenvolvendo um novo PPA. O orçamento do turismo é o penúltimo de todas as secretarias. E, nos últimos anos, foi o último do repasse real. Então, para uma cidade que sempre falou de turismo, principalmente nas eleições, sempre como promessa, ele nunca aconteceu de fato na gestão de qualquer um dos governos. Não é suficiente, estamos brigando. Turismo não se faz só de conversa, precisa de dinheiro, precisa de recurso. [Vocês têm uma ideia de quanto gostariam de aumentar?] Olha, pelo menos o dobro. (risos) Porque a ideia é que o turismo também possa atrair a iniciativa privada. Pra que isso aconteça você tem que dar segurança para a iniciativa privada, e segurança é planejamento. Estamos fazendo um grande estudo. Costumo trabalhar sempre com o mínimo possível de planejamento, para não ficar sonhando com o que poderia ser, senão você não sai do lugar. O governo do nosso prefeito Volnei entende que o turismo pode impulsionar um novo setor na economia de Itajaí, então vejo isso com bons olhos e acredito que ele vai dar uma importância significativa para essa pasta. DIARINHO – Um dos principais shows da festa, o de Zezé Di Camargo e Luciano, custou R$ 200 mil e foi contratado com dispensa de licitação. Como o município recupera esse investimento, se a festa não cobra ingressos? Evandro: Costumo dizer que a gente tem que analisar para quem as festas são feitas, qual o propósito dessa festa, e o que você está recebendo em troca. Eu acredito que uma cidade como Itajaí tem sim o tamanho para dar uma festa de graça para a população. É muito importante isso pra autoestima, pras pessoas poderem ter alguns momentos de celebração. Eu acredito que esse retorno é muito bom. O nosso setor rural é um setor que gira a economia, gira uma economia familiar. Tem muitas famílias que dependem da economia agrícola de Itajaí. O resgate dessa festa mostra para eles também um pouco da importância que a gestão tá dando pra eles e pra cidade. Acho que o retorno sempre vem. Tivemos essa resposta pelo público. Tivemos um público surpreendente, o público aprovou a festa, então acho que esse é o melhor resultado. Além de trazer pessoas e negócios de outras regiões. Vi que nós recuperamos um pouco do apelo comercial da festa. Então acho que a gente tem ai um bom produto pra trabalhar no futuro e quem sabe aproveitar mais economicamente essa festa. DIARINHO - Além de grandes eventos, o que mais será feito para fomentar a atividade turística na cidade? Evandro: Serviços, serviços. Temos que melhorar nossos serviços, temos que estar mais perto da iniciativa privada. A iniciativa privada sozinha é muito complicada. O poder público tem que ser o moderador entre o privado e o público. Tem que fomentar tudo isso e não atrapalhar. Então, quanto menos o [poder] público atrapalhar, mais o empresário pode acreditar nos seus sonhos e investir. Acho que Itajaí hoje tem um ótimo momento no turismo. Por que? Porque o porto que pagava todas as nossas contas deu aquela balançada. Quando você depende de um único setor e esse setor não vai bem, mexe com toda a cidade. Isso que aconteceu em Itajaí. Eu não gosto da crise mas, para bons gestores, a crise serve como aprendizado e serve também para que a gente possa se mexer e planejar melhor a nossa gestão pro futuro. O turismo é uma realidade no mundo. O turismo é responsável por mais de 10% do PIB mundial, além de mexer com toda uma cadeia de serviços direto e indireto. Então acredito que Itajaí mudou muito nesse setor. Temos Balneário Camboriú no nosso lado, que para alguns, é muito ruim. “Pô, tudo Balneário?” Não, eu acho que se eu fosse escolher uma cidade para ser vizinho, seria Balneário Camboriú. Porque o setor do turismo de Balneário sempre foi feito com muito profissionalismo e com uma importância na gestão muito grande. Itajaí sempre teve o porto como a importância, né? O turismo, além do orçamento ser baixo, não tinha uma importância administrativa. E hoje tenho que agradecer ao prefeito por esse convite que ele me fez. Ao fazer o convite ele falou: “Evandro, vamos acreditar no turismo, você vai ter o apoio das outras secretarias”. E é isso que importa. DIARINHO - Esse primeiro ano, imagino que seja o ano de organizar a casa e fazer levantamentos, prospectar. Isso já tá sendo feito? Qual o calendário do próximo ano? Quais são os grandes pilares do turismo de Itajaí? Evandro: Olha só, tem muita gente que elogia ou fala mal de outras gestões. Eu faço um grande balanço do que foi feito no turismo. Turismo passou por bons profissionais, temos bons profissionais, técnicos em turismo, na nossa secretaria, temos uma universidade aqui na nossa região com curso de turismo. Então a parte técnica nunca faltou. Faltou mesmo uma posição da gestão e dar essa credibilidade pra pasta de turismo. Temos muitos números, pesquisas feitas na nossa região. Temos isso com muita qualidade. Então, eu digo que me surpreendi bastante nesse ponto e realmente faltava o planejamento. Não temos um calendário fixo de eventos, o que não dá credibilidade com o patrocinador, não nos deixa crescer economicamente. Como que um hotel vai fazer planejamento, se ele não tem um calendário do município? Estamos desde a transição preparando um novo calendário. Itajaí não tem um plano municipal de turismo. O gestor que senta ali não tem responsabilidade de fazer ou não, dar continuidade ou não em cada ato passado, isso é muito grave. Porque nenhum evento, nenhuma prospecção para o turismo se faz de um ano pro outro, e quem sabe de uma gestão pra outra. Então você tem que planejar, o outro gestor tem que dar continuidade nos grandes passos que deram certo, e essa maturidade política esse governo está tendo. [E pretendes implantar esse plano municipal de turismo na tua gestão?] Pretendemos. Entramos em contato com o SEBRAE, estamos entrando em contato com a Univali, estamos vendo o que deu certo em outros locais, como Blumenau. E o futuro é esse. O futuro é a gente dar credibilidade, a gente ter credibilidade na gestão para poder o privado acreditar e tomar a frente dos eventos. DIARINHO – Itajaí está crescendo no setor hoteleiro. Segundo recente matéria do DIARINHO, até 2020 teremos seis novos hotéis na cidade. O que a cidade está fazendo para atrair mais eventos e hóspedes para ocupar esses leitos? Evandro: Essa é uma grande responsabilidade. São dois fatores: primeiro, nenhum hotel de rede se instala em um município sem uma grande pesquisa. Eles acreditam na demanda que temos hoje em Itajaí. Temos uma demanda anual de ocupação de 50% dos leitos, isso, em média. No verão essa ocupação é maior, chega a 80%, 90%. E estamos logisticamente muito bem instalados, em um local privilegiado. Mas é uma responsabilidade nossa, do governo, poder atender isso, poder trazer, divulgar a cidade. A secretaria de turismo tem que vender a cidade. Temos que vender nosso destino, temos que promover nosso destino. Tem esse planejamento do calendário, tem essa nossa troca de informação com outros municípios. A Amfri faz um trabalho incrível no segmento do turismo aqui também. A parte privada está fazendo o papel dela, recentemente foi criado o Convention Bureau. Eu digo que o convention é o futuro de uma cidade quando pensa realmente no turismo. Que é a iniciativa privada fazendo a parte dela em provocar esse assunto e cobrar do [poder] público o trabalho que ele tem que fazer. DIARINHO – Está circulando um vídeo de uma nova casa de eventos, com restaurante e bar que deve se instalar na Praia Brava. Qual a importância disso? Evandro: Acompanhei esse segmento de entretenimento desde o princípio. Com o Baturité, em Balneário Camboriú. Digo que o entretenimento é responsável pela expansão econômica de vários municípios e vários países. É no entretenimento que a pessoa tem experiências que ela não vai ter no dia a dia comum. O entretenimento é responsável pelo investimento da construção civil, pela parte de serviços de gastronomia, que hoje é o que impulsiona o turismo. Balneário sempre teve o entretenimento como uma veia de sua transformação, com o Marambaia Hotel numa ponta e com o Baturité na outra. A Praia Brava tá passando por um período de desenvolvimento muito grande. Acho que está muito certo essa expansão da Praia Brava, empreendimentos de luxo que estão instalando ali, bares e serviços que nós não tínhamos na região. Então eu vejo sempre com bons olhos. Apoio, acho que o papel da prefeitura é apoiar esses empreendimentos, e acho que tem espaço não só para esse, mas como vários nesse segmento. DIARINHO – A trilha do farol de Cabeçudas continua fechada, assim como o pátio ao lado de Centro Eventos. São atrações naturais da cidade, que não demandam grandes investimentos para funcionar e atrair pessoas. Por que está tão difícil iniciar essas ações? Evandro: Burocracia. A burocracia impede nosso crescimento, impede o crescimento da gestão pública, para o crescimento do privado. É muito difícil internamente, externamente. Desde a transição nós estamos falando do Farol de Cabeçudas, acredito que evoluímos muito. Porque ele estava parado, hoje nós temos um projeto protocolado para buscar verba pra abertura desse espaço. Fizemos reuniões com a Marinha, a Marinha se colocou à disposição, viu que isso é possível, está muito a fim de dar continuidade. Eles têm algumas reservas, principalmente, pela questão de segurança no local. Então nós, em comum acordo, resolvemos desenhar o projeto arquitetônico, o Urbanismo fez o projeto desse caminho, protocolamos no governo, estamos esperando pra desenvolver. Acho que avançamos muito nesses seis meses. Espero, de verdade, que a gente possa ter esse acesso aberto e estamos trabalhando bastante para isso, mas prazo realmente não posso dar. [E o pátio do lado do Centreventos] Que é o nosso maior projeto. Sempre passei por ali, sempre enxerguei esse espaço com uma particularidade que não existe em vários lugares do mundo. A entrega que nós podemos fazer com esse espaço é extraordinária. E eu sempre achei um espaço subutilizado. É um espaço jogado às traças. O que acontece é que aquele espaço não é nosso. É do Porto, controlado pela Antac. Temos que pagar locação para usar esse espaço. Então, desde o início, levei o prefeito Volnei ali, levei alguns vereadores ali e tentei fazer com que eles vissem o que eu estava imaginando para o local. Que é um novo desenho do nosso terminal de passageiros, que está defasado para o tamanho dos transatlânticos. Acho que a sociedade só da importância para alguns assuntos quando perde. A perda dos transatlânticos foi sentida por todo mundo. O lado bom é que a gente volta a debater esse assunto e a importância de ter ou não ter. É um assunto que tem que ter muita responsabilidade, porque precisa de planejamento. Em janeiro recebemos o pessoal da Cruise Lines Internacional Association, a CLIA, que faz as rotas internacionais dos transatlânticos. E eu fiz uma grande pergunta: Itajaí ainda é importante para essas rotas ou não? A resposta foi que, se nós fizermos nosso trabalho de casa, um terminal de embarque e desembarque na nossa cidade, podemos mudar inclusive algumas rotas internacionais da CLIA. Porque eles não têm outros locais. DIARINHO – Itajaí foi quase totalmente abandonada pelas escalas de navios de cruzeiros na temporada passada. Pra próxima temporada, vamos ter, além de Porto Belo, Balneário Camboriú como concorrente. O que Itajaí fará para se manter na rota dos navios? Evandro: Nós temos que fazer nosso dever de casa. O nosso terminal não comporta mais o tamanho dos navios da CLIA. Desde o início tenho como quase missão número um, provocar aquele uso desse terreno. Temos um grande projeto de um Boulevard Turístico que está sendo desenvolvido pela nossa Secretaria de Urbanismo. Pela primeira vez eu vejo uma secretaria de Urbanismo trabalhar em comum com o Porto, com a secretaria de Turismo e com o gabinete do prefeito para um projeto turístico da cidade. Não posso dar todos os detalhes, mas tô muito motivado com esse projeto. Vejo que realmente a gestão comprou isso, com esse projeto nosso arrumamos o nosso eixo econômico da cidade e vai ser muito importante. E melhor, a Cos garantiu que, se fizermos o trabalho de casa, as nossas rotas e nossas paradas de transatlânticos estão garantidas. [Mas para a próxima temporada não tem nenhum confirmado?] Não, não. Precisamos fazer o nosso dever de casa. Teremos alguns transatlânticos menores, que fazem rotas alternativas, que não fazem parte das rotas da CLIA. Esses navios continuam sendo atendidos, continuam sendo alfandegados aqui em Itajaí. Então obviamente teremos três, quatro navios como a gente teve nessa temporada. Acredito que se tivéssemos planejado isso algum tempo atrás, não teríamos esse problema. DIARINHO – Itajaí tem um dos seus pontos turísticos, o Morro da Cruz. Porém, no alto do morro, não há sequer banheiros ou um local que venda água. A prefeitura não pensa em investir em estrutura turística ali? Evandro: Acho que o desenvolvimento turístico saudável, profissional, tem que ser feito com a parceria público-privada. Isso é o que está acontecendo no mundo inteiro. Nós estamos desenvolvendo um projeto de PIT, que é Posto de Informação Turística, em parceria com a iniciativa privada. Então a gente dá oportunidade do privado investir naquele local, gerenciar os souvenires, fazer a venda de tudo mais e cuidar das informações turísticas sob a nossa orientação. Uma troca. Acredito que só assim vamos conseguir ter um serviço alinhado durante todo o ano. A prefeitura tem que parar de pagar algumas coisas. Não tem mais orçamento para ficar pagando tudo, para cuidar de todos os banheiros, para cuidar de todos os postos de atendimentos. Essa parte do turismo, entretenimento e promoção pode ter uma parceria público-privada bem saudável e estamos desde janeiro fazendo esse projeto dos novos Postos de Informações Turísticas não só no Morro da Cruz, mas um na Praia Brava e um ali no Molhe da Atalaia. DIARINHO – A Marejada já está batendo à porta. Qual o desafio de fazer uma festa que historicamente dá prejuízo e tem pouca participação do público? Como resgatar a festa? Evandro: A palavra prejuízo pode ser muito distorcida no uso do resultado de uma festa popular de um município. Se a festa for bem planejada e deixar uma marca positiva para a cidade, ajudando em sua promoção, trazendo visitantes e turistas de outras localidades e estimular os serviços locais, não enxergo como um prejuízo. E esse é justamente o papel da administração pública: fomentar e divulgar nosso destino e nossas particularidades. Acredito que a Marejada fez bem esse papel em várias edições, então isso tem que ser colocado na hora de compor o resultado da festa. Porém, sem dúvida, a administração erra quando não faz um planejamento de evolução da festa e a deixa no automático. Foi isso que, na minha opinião, aconteceu com a nossa Marejada; indefinições sobre ter ou não ter a festa, mudança de datas, dias de abertura, horários, layout da festa – tudo isso feito às pressas. DIARINHO – Como Itajaí está se preparando para receber mais uma edição a Volvo Ocean Race? Evandro: A decisão de continuidade da Volvo mostra, sem dúvida, a maturidade política da administração do nosso prefeito Volnei Morastoni, em dar sequência a grandes projetos e eventos da cidade. O evento da Volvo colocou Itajaí no mapa mundial de competições náuticas. Estamos desde a transição trabalhando nos preparativos para essa etapa brasileira, que acontece em nossa cidade. Estamos montando comitês em cada área de produção do evento e envolvendo praticamente todas as secretarias para que possamos executar e entregar um evento que traga ainda mais visibilidade para a cidade. Já participamos de duas reuniões técnicas fora do Brasil e recebemos também a equipe da Volvo aqui em Itajaí em mais de cinco oportunidades para tratar da logística, segurança, receptivo e toda a produção do evento. Recebemos também pela primeira vez em nossa cidade a equipe da Abreu Viagens, uma das maiores operadoras de viagens e receptivo do mundo. Junto com a secretaria de Turismo foram feitas visitas em toda a nossa estrutura hoteleira e gastronômica, receberemos nessa edição mais de três mil convidados corporativos dos patrocinadores. O reflexo da Volvo começa antes mesmo da etapa chegar aqui, já temos reservas em hotéis, alugueis de casas para acomodação das equipes e vários serviços contratados pela organização do evento, fora a divulgação de Itajaí em toda a mídia especializada. A cidade e toda região ganha muito com um evento desse porte. [kaltura-widget uiconfid="23448188" entryid="0_m5xxuuoz" responsive="true" hoveringControls="true" width="100%" height="56.25%" /]