O rolo todo começou na sexta-feira à tarde. Depois que um morador da Penha deu dicara com três bois pastando no terreno dele, o cara decidiu registrar um boletim de ocorrência na delegacia. No mesmo dia, a veterinária da Cidasc da Penha, Simone Brito Demarchi, foi chamada pra checar o perrengue. A profissa constatou que um dos bois não tinha qualquer tipo de identificação. O DIARINHO foi atrás da muié. Ela disse que não poderia se manifestar sobre o caso. Desta forma, aplicou-se a legislação sanitária, que prevê que um animal sem identificação e sem documento deve ser sacrificado, relata o gerente da Cidasc de Itajaí, João Carlos Batista dos Santos, que topou conversar com a reportagem.
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O boi foi sacrificado na terça e a carcaça doada pra uma graxaria, empresa que faz o processamento.
Renato é entregador de gás e faz bico como pecuarista. Ele garante que o boi tava registrado e acusa a Cidasc de não ceder o equipamento pra colocação do brinco. Não foi colocado por falta de máquina. Eu tenho documento que comprova que eu tinha cadastrado o animal.
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A indignação de Renato é ainda maior quanto à intransigência da veterinária Simone, que recolheu o bicho. De acordo com o pecuarista amador, os outros dois bois também eram de sua propriedade e estavam com o brinco na orelha. Ela poderia ter me chamado pelos outros dois que estão em meu nome. Era só entrar no computador e ter conferido. Mas ela não quis saber de nada, veio com todo o seu poder e levou o meu boi, detona.
Ao saber que o animal tinha sido levado, Renato correu pra secretaria da Agricultura de Penha pra pedir socorro. O secretário Luiz Fernando Vailatti, o Ferrão, e o vereador Juju Capela (PSDB), se mobilizaram pra tentar ajudá-lo, conta. Os bagrões tentaram conseguir um acordo com a Cidasc, mas foi tarde demais.
É lei: tem que matar!
Eu sinto pelo animal ser sacrificado, lamentou o chefão da Cidasc de Itajaí, João Carlos Batista dos Santos. Segundo ele, o erro de Renato foi ter pego o brinco e o termo de responsabilidade na companhia sem devolver o documento preenchido. Se passam 10 anos que você pegou o termo e o brinco, mas não retornou à Cidasc pra entregá-los, o animal não está registrado, esclarece João, que afirma ainda que registro do bicho só é concluído quando o proprietário devolve a documentação.
Dessa forma, mesmo que Renato tivesse colocado o brinco no boi, o animal teria sido igualmente sacrificado.
O artigo 7º da lei estadual 103.66/97 garante que o médico veterinário oficial terá livre acesso às propriedades onde existam animais e produtos animais a inspecionar e imediatamente deverá determinar medidas de defesa sanitária animal que forem julgadas necessárias. Dentre as medidas estão a interdição do local e sacrifício do bicho. Um bovino que foi detectado sem essa identificação é considerado clandestino, por isso ele seria sacrificado, explica Flávio Pereira Veloso, gerente estadual de Defesa Sanitária Animal da Cidasc.
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O bagrão garante que o sacrifício do animal não é feito como uma medida punitiva ao produtor, mas sim considerando o risco a todo rebanho catarinense.
O cadastrado dos bovinos é gratuíto e fica pronto na hora. Para fazê-lo basta se dirigir a Cidasc mais próxima com os documentos de identificação do proprietário em mãos. Quem tem um ou mil bois, para fim doméstico ou de produção, deve ter os bichinhos devidamente cadastrados. Após qualquer movimentação, tais como morte do animal, procriação ou venda, a Cidasc deve ser notificada.
Denuncie!
O fone de plantão da Cidasc é gratuito e recebe denúncias sobre abates clandestinos, animais sem identificação ou criados em ambiente inadequado, transporte ilegal ou ainda sobre qualquer situação que apresente risco sanitário. Ligue 0800-6439300 e dedure irregularidades.
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