Na escola Anita Bernardes Ganancini, em Cambu, a alunada tem um dia da semana em que só come frutas na merenda. Os alimentos são de boa qualidade, mas nem sempre nutritivos o suficiente pra sustentar a criançada. Pra piorar, o cardápio é usado em todas as escolas e centros de educação infantil do município.
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Na segunda-feira, os alunos de Camboriú comem bolacha doce e suco; na terça é servido arroz, feijão, carne e cenoura; quarta é dia de maçã, banana e laranja; quinta tem outra comida salgada, como polenta com molho; e na sexta os estudantes tomam um cafezinho com leite, às vezes substituído por macarrão com carne moída. O cachorro-quente, prato preferido da molecada, é dado uma vez ao mês. Somente pros alunos da educação para Jovens e Adultos o cardápio é mais reforçado e sempre tem salgado. Porque geralmente eles vêm direto do serviço, explica a merendeira Iraci Carvalho Rogeri.
Nutricionistas não se entendem
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A nutricionista da prefeitura de Camboriú, Cristina Sgnaolin, disse que tudo o que é servido pros 11 mil alunos do município tá dentro da lei e do que é pedido pelo fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Os legumes, as frutas. Eu posso assegurar como nutricionista que tem todos os requisitos nutricionais, destaca.
Apesar disso, Cristina confessa que, com o dinheiro que a city recebe do governo federal e com o complemento do município, não dá pra oferecer um rango melhor nas escolas. Em 2010, a União mandou quase R$ 600 mil e a prefa investiu outros R$ 150 mil, totalizando cerca de R$ 750 mil. Fazendo a continha, são gastos apenas 25 centavos pra cada refeição de um adolescente, considerado pouco pela nutricionista. Por isso é este cardápio, lasca Cristina.
A também nutricionista Marcia Reis Felipe alerta que o ideal pra oferecer às crianças é uma comida com valor nutricional médio e que possa suprir as suas necessidades do dia-a-dia. O biscoito, a fruta, são um complemento, afirma.
É o mesmo que pensa o nutricionista Osvaldo Neto. Ele diz que, como muitas das crianças de escolas municipais são carentes e contam com este rango como o principal do dia, uma refeição pra ser completa tem que contar com todos os nutrientes, principalmente no caso de crianças. Um bom prato de comida tem que ter proteína, carboidratos e vitaminas, segundo o sabichão. Doce é sobremesa, solta.
Capital do Ultraleve tá bem melhor na foto
Em Itapema, o diretor do departamento administrativo da secretaria de Educação, Claudinei Schimanko, disse que no ano passado a prefa gastou R$ 442 mil com a merenda escolar e recebeu R$ 310 mil do governo federal. Ou seja, foram gastos R$ 752 mil reales pra alimentar os cerca de oito mil estudantes.
Nas 19 unidades de ensino da Capital do Ultraleve, o cardápio é diferenciado de acordo com a necessidade de cada local. Há escolas onde os alunos se alimentam de comida salgada três vezes por semana e nos outros dias rola um rango mais leve, como pãozinho, biscoito ou até sucrilhos com leite. Já em outros locais de ensino, frequentados por estudantes mais carentes, é servida uma refeição salgada todos os dias da semana.
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O cardápio feito pelas nutricionistas da prefa tem 20 opções. Algumas bem nutritivas, como arroz, feijão, abóbora, purê de batata, molho de carne moída, macarrão a bolonhesa e risoto de frango. Mas outras nem tanto, como sucrilhos com leite, cachorro-quente, café com leite, biscoito salgado ou doce, achocolatado e bolo. Uma coisa bacana em Itapema é que o peixe também é oferecido pros estudantes.
A nutricionista da secretaria de Educação, Ana Carolina Galvan, disse que esse é o cardápio-base pros centros de educação infantil e escolas, mas eles são adaptados pra cada local de estudo. Na escola Francisco Vitor Alves, por exemplo, há comida salgada todos os dias, porque os alunos são mais carentes e alguns nem comem em casa.
Já no centro de Educação Gênesis, a diretora Leila Werle explica que, como as crianças ainda são muito pequenas - de dois a cinco anos -, muitas vezes elas não comem tanto salgado, pois já receberam o rango em casa. É uma realidade diferente. Não adianta colocar, que elas não comem, fala. Na última terça-feira, por exemplo, a refeição dos pequerruchos do centro foi risoto de frango com salada de alface e tomate. De sobremesa, eles comeram bananas.
Novidade bacana
Desde o ano passado, a Capital do Ultraleve começou a usar bufê nos centros de educação infantil. Deste jeito, a criançada aprende a sivirar sozinha e a escolher o alimento. O desperdício é bem menor. Eles repetem e pedem o que querem comer, fala Leila. A estrutura do bufê é adaptada pra criançada: ele é mais baixo, pra que a meninada possa alcançar e fazer o prato sem ajuda de ninguém.
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