José Francisco dos Santos, o Juca, 58 anos, motorista da prefa de Navegantes, tá desenterrando dois crimes que teriam rolado há 25 anos. Ele acusa Aderbal Cabral (PMDB), o Deba, 65, que já foi prefeito da cidade, secretário municipal e até deputado estadual, de ter desviado merenda escolar pra comprar votos. Juca tá cabreiro porque a dona justa o mandou abandonar um terreno que, por lei, pertence à filha de Deba, Roberta Cabral.
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Os crimes eleitoral e de improbidade administrativa teriam rolado em 1996, quando o empresário Manoel Evaldo Müller, sucessor de Deba, era prefeito. O motora diz que, a mando de Deba, que era secretário ...
Os crimes eleitoral e de improbidade administrativa teriam rolado em 1996, quando o empresário Manoel Evaldo Müller, sucessor de Deba, era prefeito. O motora diz que, a mando de Deba, que era secretário municipal, transportou a merenda desviada para a associação de Servidores Públicos de Navega, onde a comida foi transformada em sacolões. As cestas de rango foram, então, entregues pelo próprio Juca a 40 famílias.
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Era ano de eleição municipal e os sacolões, disse Juca ao DIARINHO, eram pra comprar votos. A entrega teria sido feita na Toyota, placa CM 1004 (Navegantes). A comida foi desviada das escolas professora Elvira Pierre da Silva, no bairro Machados, Izilda Reiser Mafra, na Volta Grande, Maria Tereza Leal, que fica no bairro Porto Escalvado, professora Virgínia Guedes Lemos, em Escalvadinhos, e professora Badia de Faria.
O motorista conta que na época pensou em denunciar o abobrão e admite que foi corrompido. Ganhou o terreno na rua Supliciano da Costa, 42, nos Machados, pra ficar quietinho. Eu fiz porque se não fizesse iria pra rua. Eu precisava do emprego e não era concursado na época, justifica.
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Morando na rua
Na sexta-feira da semana passada, Juca foi despejado da casa por um oficial de justiça, acompanhado de um irmão e um sobrinho de Deba. Agora o motorista, a esposa e os dois filhos tão morando de favor na casa de amigos.
Deba tá entocado
Há dois dias o DIARINHO tenta conversar com Deba Cabral. Nem o vereador Ezequiel Júnior (PMDB) e nem Joel Couto, vice-presidente do diretório do PMDB dengo-dengo, sabiam informar como encontrar o cacique do partido na cidade. Na sede do PMDB, a atendente repassou o número de telefone de uma mulher chamada Marta, que seria secretária do diretório, que por sua vez disse que quem tinha o contato de Deba era o diretório estadual, em Floripa. Os dois números repassados estavam desativados, bem como o de uma secretária de Deba.
Crime já não vale nada
O advogado Fábio Fabeni, procurado pelo DIARINHO pra analisar o caso, diz que os dois crimes denunciados por Juca já prescreveram. Ou seja, pela lei o autor não pode ser mais punido. No caso do crime eleitoral, o prazo pra denúncia é de até 180 dias depois das eleições. Pelo crime de improbidade administrativa, por conta do desvio das merendas, depois de cinco anos já não dá mais pra apurar mais nada.
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