Um pouco caminhando, um pouco de carona. Foi assim que João Osni da Rosa, de Curitibanos, chegou a Itajaí há alguns meses. A ideia dele era conseguir um trampo com carteira assinada e faturar uma graninha por mês. Mas as voltas da vida, às vezes, são cruéis. Hoje, João carrega no corpo seus únicos pertences: a calça marrom, o tênis preto, duas blusas marrons, o casaco vermelho e o boné verde.
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Pessoas como ele, que chegam com expectativa duma vida melhor e dão dicara com a rua da amargura, são comuns nas calçadas da city peixeira. Entre 1º de julho e sexta-feira pela manhã, conforme ...
Pessoas como ele, que chegam com expectativa duma vida melhor e dão dicara com a rua da amargura, são comuns nas calçadas da city peixeira. Entre 1º de julho e sexta-feira pela manhã, conforme dados da secretaria de Desenvolvimento Social, 298 mendigos foram recolhidos durante as rondas dos fiscais ou através de denúncias de moradores.
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O leitor Jair Bork procurou o jDIARINHO na sexta-feira pra reclamar dum morador de rua que estaria usando as bordas do chafariz da praça em frente à igreja Matriz como cama. A reportagem passou por lá, perto do meio dia, mas não encontrou o tal morador.
Passagem divolta
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O programa de Orientação ao Migrante (POM) tenta, por meio de trabalhos sociais, reduzir o número de andarilhos em Itajaí. Na primeira abordagem, os mendigos são encaminhados pra uma conversa com um assistente social.
Se a pessoa for de fora e tiver interesse em voltar pra terra de origem, a prefa abre o bolso e banca uma passagem, só de ida, pro destino final. Cinquenta por cento dos que são recolhidos são de Itajaí mesmo, diz o secretário de Desenvolvimento Social, Fabrício Marinho. Estes, conforme o abobrão, são encaminhados pra casa de Apoio Social (CAS).
No albergue o morador de rua passa por avaliação médica e psicológica. Ele pode permanecer na baiuca por até 72 horas, pro caso de algum parente aparecer pra resgatá-lo.
Desde fevereiro de 2005, quando abriu as portas, a CAS já atendeu mais de oito mil pessoas. Entre mendigos que passaram apenas uma vez pra comer, tomar banho e dormir e outros que já passaram várias vezes. Nós temos 15 vagas. Dez masculinas, duas femininas e três de emergência, que é quando uma pessoa chega à noite e ainda não foi avaliada. Mas hoje (sexta-feira) nós estamos com 18 pessoas, esclarece Roberta Rech, coordenadora e assistente social da CAS. Segundo a bagrona da casa, os andarilhos recebem ajuda pra conseguir trampo. Aqui nós incluímos as pessoas, diz. Além disso, os assistidos recebem, se precisarem, documentos novos.
Nesta época do ano, a casa recebe entre 50 e 70 pessoas por mês. Devido à demanda, a coordenadora Roberta pede que a comunidade ajude doando roupas de frio, além de cuecas, meias, calças e casacos. A CAS fica na rua José Pereira Liberato, 5237, bairro são Judas. O telefone de lá é o (47) 3348-4133.