A luta de Ruan Gabriel Serpa chegou ao fim. O garoto de 15 anos descobriu a leucemia aos seis. Desde então, passava a maioria dos dias no hospital, entre um tratamento e outro. Em outubro do ano passado, meses depois de aparecer uma pessoa com medula óssea compatível e do possível doador desistir, a família de Ruan recebeu a notícia que mais temia: ele estava desenganado. A covardia esmagou a esperança.

A reportagem especial que contou a batalha de Ruan contra a leucemia foi publicada no último dia 27 de junho. Enquanto os leitores se emocionavam com a história de vida do garoto, ele estava internado novamente no hospital infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. Lá o menino passou os últimos dias. Morreu uma semana após a publicação da reportagem. A história comovente do garoto pode servir para que aumentem o número de de doadores de medula na região. A matéria saiu quando o hospital Marieta Konder Bornhausen tinha 497 cadastrados. Hoje, são apenas 507 inscritos no registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea (Redome).

Mesmo na adolescência, Ruan tinha aspecto físico de menino: media 1,48m e pesava pouco mais de 40 quilos. Todos os tratamentos a que se submeteu para vencer a leucemia promoveram um retardo no crescimento. No dia em que conversou com a equipe, Ruan já estava bem debilitado. Tímido, ele foi monossilábico. O garoto precisou ser convencido pela família para topar ser fotografado e não pronunciou nenhuma frase, só fez acenos com a cabeça. O olhar entristecido dizia tudo: não queria papo. Todo guerreiro tem direito ao silêncio.