O vereador Marquinhos recebeu uma denúncia de que medicamentos fora da validade tinham sido encontrados em frente à secretaria de Saúde. Desconfiado, na manhã de ontem, ele deu uma passada por lá pra conferir o reclame. Segundo Marquinhos, o caminhão tava lotado de remédios mofados e o destino, ele afirma, seria algum lugar no interior de Navega. Eu não tenho dúvida de que eles levariam isso pra um aterro sanitário. Por que estavam saindo 8h e sem comunicar ninguém do procedimento?, questiona. O vereador afirma que o caminhão que levava a carga, da empresa Ambiental, de Itajaí, é exclusivo pro transporte de dejetos pra aterros sanitários.
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Marquinhos diz que já tentou apurar a questão da falta de remédios no município, ao mesmo tempo em que medicamentos vencidos eram encontrados na rua. Pra ele, obstáculos criados pela própria administração dificultaram seu trabalho. Eles queriam ser mais rápidos do que eu, pois sabiam da investigação, mas cheguei bem na hora, se gaba, dizendo que precisou se colocar na frente do caminhão pra poder ver a carga. Eles quase tocaram por cima de mim, mas vimos os remédios e tiramos fotos. Depois, levaram a carga para outro lugar, conta. Pro vereador, o descarte dos medicamentos é pura irresponsabilidade da prefa. Isso é o descaso com o dinheiro público e com o povo, lasca.
Pro secretário de Saúde tá tudo certo
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O secretário de Saúde de Navega, Juliano Nildo de Maria, diz que o bruto da Ambiental fazia o transporte dos medicamentos pra um almoxarifado do município onde eles seriam catalogados, fotografados e filmados. De acordo com Juliano, o vereador está querendo dar uma conotação política pro caso que, segundo ele, é comum em outros municípios. Todos os medicamentos que estavam no caminhão são de doações. Tanto que utilizamos o maior número possível deles, mas alguns vieram com poucos meses de prazo. Garanto que em Itajaí também existam remédios vencidos, comenta.
O abobrão diz que os remédios são distribuídos conforme a necessidade das pessoas. Não podemos forçá-los a tomar o remédio. O erro seria distribuirmos os remédios vencidos e não querer descartá-los, observa. Juliano explica que o material será queimado num equipamento especial que lembra um grande forno. O processo que estamos fazendo é liso e transparente. Se estamos com esse remédios há dois anos e oito meses, é porque existe a necessidade de ter um volume grande pra fazer a incineração, senão é prejuízo financeiro pra prefeitura, afirma. O material deve ser queimado na semana que vem.
O DIARINHO tentou contato com o prefeito dengo-dengo, Roberto Carlos de Souza, o Bob Carlos (PSDB), mas ele não atendeu aos telefonemas da reportagem. Segundo Juliano Nildo de Maria, o prefeito determinou que fosse instaurada uma sindicância pra investigar o ocorrido.
Anvisa discute se incineração de remédios é o melhor caminho
O DIARINHO entrou em contato com a agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pra saber se a queima de medicamentos vencidos é o procedimento correto e recomendado pela agência. O órgão informou, via assessoria de imprensa, que a incineração de medicamentos é usada em vários países do mundo, mas no Brasil o tema ainda tá sendo discutido. A Anvisa vem discutindo o tema Descarte de Medicamentos desde 2008, através do grupo de Trabalho Temático - GTT de Medicamentos, diz a assessoria.
Enquanto o trabalho do GTT não é concluído, a vigilância sanitária deve orientar quais são os locais licenciados pra receber medicamentos vencidos e os resíduos deles, com a finalidade de dar um destino final ambientalmente adequado.
Os principais perrengues com o descarte incorreto de medicamentos são ao meio ambiente, como contaminação da água, do solo e de animais, além do risco à saúde de pessoas que possam reutilizar os remédios. O consumo indevido de medicamentos vencidos pode causar reações adversas graves, intoxicações, entre outros problemas, prejudicando a saúde e a qualidade de vida das pessoas.
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