Ana Francisca Cavalheiro Gomes, a Ana Chica, 31 anos, de Balneário Camboriú, é uma daquelas mulheres guerreiras. Trabalha como decoradora de ambientes, monta jardins com um toque artístico e ainda produz salgadinhos para vender aos conhecidos. Tudo, pra dar conta da vida e criar sozinha a filha de sete anos. Mas, mesmo se virando nos trinta, não escapou de entrar pra estatística das famílias brasileiras que amargam dívidas algumas quase impagáveis. Em julho, essa legião chegou ao assustador número de 1,7 milhão, de acordo com pesquisa da federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).
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O problema que é considerado grave pelos economistas, têm duas origens, acredita o consultor e especialista em economia doméstica Cláudio Boriola: o consumismo e a falta de planejamento orçamen ...
O problema que é considerado grave pelos economistas, têm duas origens, acredita o consultor e especialista em economia doméstica Cláudio Boriola: o consumismo e a falta de planejamento orçamentário das famílias. A cada instante, as pessoas inventam algo pra comprar, a fim de satisfazerem desejos, muitas vezes, desnecessários, por terem o prazer de ir às compras, alfineta, emendando: Comprar é fácil, simples, basta ter crédito. O duro mesmo é pagar todos os compromissos.
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Comprar demais foi um dos motivos que levou o descontrole de seu orçamento doméstico, admite Ana Chica. Vou comprando (roupas) de amigas, parcelando de pouquinho em pouquinho e daí o pouquinho vira um montão, diz. O que também ajudou na falência orçamentária da decoradora e paisagista foram os trabalhos que fez mas não recebeu. Dai rola uns fiados e às vezes um calote e aí já viu, comenta.
O drama do endividamento se espalha pelo país. Quase 20% das famílias brazucas que ganham até 10 salários mínimos tão argoladas, demonstra a pesquisa da Fecomercio. Mais da metade dos que não conseguem pagar suas dívidas estão com as contas atrasadas há mais de três meses.
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Foi pra resolver pelo menos parte do problema, que Ana Chica diversificou suas atividades. Cheguei a intermediar a venda de alguns móveis caros, recebi uma comissão e quitei parte das dívidas, conta. Isso, além de ir pra cozinha na entressafra dos seus trampos pra produzir os salgadinhos.
Mas trabalhar além da conta pra pagar as dívidas não basta. Pra Cláudio Boriola, que tem uma empresa de consultoria em São José do Rio Preto, as pessoas precisam montar um plano de controle de renda e pensar no que vão gastar de agora por diante. Se este filme está ocorrendo com você, pare, respire e reflita; pegue o lápis, papel e reúna a família, sugere o sabichão em economia doméstica. É tocando o dedo na ferida, avaliando a situação por mais caótica que seja que é possível encontrar a solução mais adequada pra sair da enrascada.
A regrinha dos Quatro Pês
Cláudio Boriola vive dando palestras por aí ensinando o povão a segurar o facho e controlar seu orçamento doméstico. Pra ele, muitos problemas são evitados e resolvidos se as famílias seguissem o que chama de regra dos Quatro Pés. Planejar, Pesquisar, Pechinchar e Pagar à vista. Essa está sendo a salvação de muitos que estão conseguindo ver os resultados de seus esforços compensados, garante.
É uma mudança na cultura do consumidor brazuca. Tudo começa pelo planejamento. Mudanças que, beneficiadas pelo bom comportamento, vão refletir nas futuras tomadas de decisões, quando o assunto a ser tratado for compras e consumo, discursa. No final das contas, o povão acaba com mais dinheiro no bolso e pode comprar o que realmente lhe dará satisfação.
O especialista também chama atenção pro hábito de guardar dinheiro. Não se esqueça de aumentar o percentual de poupança, mensalmente. Quanto maior a economia nos gastos supérfluos, melhor será a garantia do futuro financeiro, ensina.
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