Itajaí

TENENTE-CORONEL THIESEN

"Eu, como cidadão, digo que marginal bom é marginal morto. Esse não incomoda mais, nunca mais vai agir"

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Desde maio passado, o 12º Batalhão de Polícia Militar de Balneário Camboriú está sob o comando do tenente-coronel Renato José Thiesen, 52 anos. Bem-humorado e atencioso, ele conversou durante 50 minutos com os jornalistas do DIARINHO, Martha Kienast e Raffael do Prado. O tema foi a atuação da polícia Militar na cidade, problemas estruturais enfrentados pelos comandos e também o recente tiroteio entre PMs e bandidos, que resultou na morte de três acusados.

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O comandante Thiesen não acredita que a insegurança seja provocada simplesmente pela falta de efetivo. Com um discurso cunhado pelo social, ele acredita que a falta de educação e saúde provoca a ...

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O comandante Thiesen não acredita que a insegurança seja provocada simplesmente pela falta de efetivo. Com um discurso cunhado pelo social, ele acredita que a falta de educação e saúde provoca a longo prazo um histórico de conflitos entre a população e a polícia Militar. No trecho mais polêmico da entrevista, o comandante diz que, pra ele, enquanto cidadão, o melhor para um bandido é a morte. O cliques são do repórter fotográfico Minamar Junior.

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DIARINHO - Balneário Camboriú tem guarda municipal, polícia Militar, Civil, câmeras de segurança. Mesmo assim, há cada vez mais registros de assaltos à luz do dia. O que está faltando para reduzir os índices de criminalidade na cidade?

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Comandante Thiesen - A redução do índice de criminalidade não se dá somente com a ação de polícia. O cidadão, às vezes, expõe os seus objetos e, de uma forma ou de outra, chama a atenção de alguém, principalmente do meliante, que está pronto pra agir. Então, se você não se cuidar, se o cidadão não se cuidar, não cuidar daquilo que é seu, com certeza ele vai agir.

DIARINHO - Qual é o número de policiais por habitante em Balneário Camboriú e Camboriú? Essa proporção é suficiente? Qual seria a ideal?

Comandante Thiesen – O número de policiais por habitante que temos em Balneário Camboriú é muito aquém daquilo que a gente precisa. Nós temos um efetivo de 140 policiais, que dá uma média de 756 habitantes por PM. Isso é muito alto. Em Camboriú, são 1639 habitantes por um PM; Tijucas, 720 habitantes por PM; São João Batista, 1875 habitantes por PM; Nova Trento, 1522; Canelinha, 1178; Major Gercino, 1093; Itapema, 1117; Porto Belo, 1239 e Bombinhas, 753 habitantes por PM. É muito habitante e pouco PM. Nós precisamos quase que dobrar o nosso efetivo aqui pra chegar próximo do ideal. [E como fazer pra isso acontecer?] Aí vem uma questão de política de governo. E hoje nós temos um problema sério. Essa falta de efetivo não se dá em razão do governo atual. Não sou partidário de ninguém, mas não se dá em razão das políticas atuais. Mas de um passado não tão remoto assim. Há 30 anos podemos dizer que as consequências estão vindo hoje. As consequências de hoje nós vamos ter daqui a 30 anos. Nós temos que fazer essa projeção. Enquanto você não projetar desta forma, nós não vamos resolver o nosso problema. E segurança pública não se faz com polícia na rua. Segurança pública você faz com políticas públicas bem aplicadas. Eu trabalho na insegurança, eu não trabalho na segurança. Então, a polícia Militar está na rua pra quê? Porque falta saneamento básico, faltam políticas públicas, falta escola, falta saúde, falta tudo aquilo que o Estado tem que proporcionar à sociedade. Aí, ela entra em conflito por essa falta, que gera a sensação de insegurança. Na geração de insegurança chama-se quem? A polícia Militar. Em qualquer lugar em que nós estivermos, se você trabalhar com qualquer coisa junto à sociedade que faltou, chama quem? Polícia! Eu tenho um exemplo: eu estava assistindo certa vez um jornal de São Paulo em que havia uma passarela por sobre a via. E essa passarela estava sem iluminação. E estavam entrevistando uma moça que passava ali e que foi assaltada três, quatro vezes. E o que é que falta? E ela disse que faltava polícia. Ela não pediu a iluminação. Ela pediu polícia. Quer dizer, a iluminação não precisava, precisava era da polícia. Então é isso que nós temos que cobrar. Nós temos que cobrar políticas públicas, nós temos que cobrar educação, nós temos que cobrar segurança. Eu tenho visitado os prefeitos dos nossos municípios, que compõem o batalhão, e tenho apresentado isso. A segurança pública é deles. Não através de uma guarda municipal, mas através de políticas públicas de segurança, educação. Faltando isso, aí sim, nós complementamos com a polícia Militar. Por isso, nós fizemos os policiamento preventivo e ostensivo. E repressivo, é claro. Porque nós sabemos que o Estado, nos seus três entes, o município, o estado e União, não dá aquilo que deveria dar à população.

DIARINHO - Camboriú, apesar do maior índice de violência, tem menos policiais por habitantes. Qual a razão dessa desproporção? A impressão que temos é que Camboriú está abandonada.

Comandante Thiesen - Não, não é isso. A ideia que sempre se teve de Balneário Camboriú é que Camboriú é uma cidade que funciona no verão. Tanto é que, na Operação Veraneio, nós trouxemos policiais do interior do estado para trabalhar aqui. Mas a realidade de Balneário, pra quem conhece, é uma cidade com movimento de janeiro a dezembro. Não tem interrupção. Só que faltou essa visão. Então, hoje, nós não temos efetivo. Quando trabalhei aqui, em 1984 e 1985, a Companhia de Balneário Camboriú pertencia a Itajaí. Um absurdo. Por quê? Porque aqui não funcionava durante o ano. Era só novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e talvez março, comecinho de março. Isso era Balneário Camboriú. Hoje, não é isso. É uma cidade muito grande, que recebe muito turista. Então, quando nós começarmos a cuidar, a visualizar Balneário de uma forma diferenciada, não da forma que nós tínhamos antes, nós vamos, de repente, conseguir implementar outra política pra Balneário Camboriú.

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DIARINHO - E Camboriú? Como resolver o problema da violência em Camboriú?

Comandante Thiesen - Sim, hoje pra resolvermos o problema de Balneário Camboriú nós precisamos de efetivo. Só que o efetivo que tá entrando vai conseguir suprir o estado. E o estado não é Balneário Camboriú. Nós temos cidades tão importantes, mais importantes que Balneário Camboriú. Talvez com uma importância menor, mas com uma necessidade também semelhante. [Comandante, mas a gente está se referindo a Camboriú, a cidade vizinha...]. Ah, Camboriú. Desculpe. Camboriú também tem esse problema. Hoje se tem Camboriú como quase uma cidade dormitório. As pessoas vêm pra cá pra trabalhar e voltam lá pra dormir. Esse é o problema. Então, nós temos que visualizar que Balneário Camboriú e Camboriú não se separam só por uma BR. Elas são juntas. Nós podemos diferenciar Balneário Camboriú e Itapema pelo morro. Você, saindo daqui, atravessa o túnel da BR e não sabe se já está em Camboriú ou ainda em Balneário. Você está no bairro dos Municípios e não sabe se é Balneário ou é Camboriú. A diferença daqui pra Itapema é outra. Daqui pra Itajaí é outra. E as realidades sociais são distintas. Bem diferentes. Então nós temos que trabalhar o social, a cultura da população, que é diferente. Eu não posso aplicar a mesma polícia que eu atuo aqui, em Camboriú. Porque são diferentes. Índoles diferentes. Pessoas diferentes, que buscam coisas diferentes. Aqui, nós temos uma vida que é 24 horas. Em Camboriú nós temos uma vida de quanto tempo? Até às 9 da noite, 10, no máximo. A partir disso você não encontra mais nada em Camboriú. Em Balneário você não sabe que horas que fecha e que horas que abre.

DIARINHO - Um curso de soldado PM tem duração de menos de seis meses. Depois o policial vai pras ruas. Esse tempo é suficiente para preparar um profissional da segurança no combate aos criminosos?

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Comandante Thiesen - É. Todas as matérias são em regime integral, não só pela manhã, tem à tarde, então você multiplicaria isso pelo dobro. É suficiente sim. O que eles recebem de instrução é suficiente, é muito bom. Claro que o preparo se dá mais no dia-a-dia, quando você enfrenta. Porque você, num banco escolar, observa somente aquelas questões que são teóricas. E a prática é diferente. Muitas vezes, na prática, você tem que aplicar aquela teoria. Se você não aplicar, você está errado. Mas quando você se depara no dia-a-dia, exemplo: aquilo que nossos policiais enfrentaram ali [referindo-se ao tiroteio envolvendo policiais militares e assaltantes na última segunda-feira em frente ao fórum de Balneário Camboriú. A ação resultou em três criminosos mortos e três policiais feridos], aquela situação eles não enfrentaram num banco escolar. Então você é preparado pra pensar rápido e agir. Então ele tem que saber que tem que proteger a população, e esse preparo ele tem. Tanto é que nessa ação houve um cuidado pra não buscar um tiroteio, pois eles já vinham acompanhando o veículo dos marginais desde a avenida Palestina, até junto ao fórum. Eles poderiam ter trocado tiros antes. Mas se eles fossem trocar tiro em uma área tão habitada, as conse-quências poderiam ser muito danosas. Lógico que nós não queremos matar ninguém. A polícia não está aí pra matar alguém. Está aí pra proteger. Só que se nós verificarmos como ficou a nossa viatura, vocês diriam que realmente não tinha outra ação a não ser agir como agimos.

DIARINHO - Essas mortes não poderiam ter sido evitadas?

Comandante Thiesen - Como é que você vai evitar uma morte se você está sendo agredido? O nosso policial estava sendo agredido, estava tomando chumbo. Tanto é que nós tivemos três policiais que foram alvejados, e como é que pode ter cabeça fria para não atirar? E isso vem do próprio instinto humano de sobrevivência. Talvez até os marginais estivessem agindo dessa forma. Imagine se nós prendêssemos esses três. Um deles tinha 11 mandados de prisão e o outro tinha nove. Se já tinham mandado de prisão, o que já cometeram? O que já não fizeram? Com certeza não farão mais. Eu, como cidadão, digo que marginal bom é marginal morto. Esse não incomoda mais, nunca mais vai agir. Claro que não é isso que eu, como comandante de batalhão, quero. Eu quero que nós, se pudermos prender, vamos prender. [Mas o senhor consegue separar essa vontade enquanto cidadão e enquanto comandante?] É um pouco difícil, porque às vezes você se depara... É igual a um médico. Quando o médico vai atender àquele desconhecido, ele age de uma forma. Quando é o filho dele que está ali, com a perna tendo que amputar, vai agir de forma diferente. Então, é muito difícil. Quando a gente vai agir com o nosso filho, a gente age de uma forma. Quando é com o filho dos outros, a forma é diferente. Isso é nato do ser humano. Nós não podemos igualar. E, por isso, na qualidade de comandante, eu procuro fazer essa distinção. E quando estou na minha casa, eu ajo de uma forma. Eu tenho que agir como um pai de família, como aquele que está dentro de casa. E agora, quando eu estou no meu trabalho, eu não posso agir como um pai de família. Eu tenho que agir como comandante de batalhão. Pra isso eu fui preparado. Por isso eu faço essa distinção. O que nós buscamos é resolver a ocorrência e entregar para à polícia Civil. E a polícia Civil tem o trabalho dela. E nós estamos aqui em Balneário Camboriú, diga-se de passagem, com um excelente relacionamento entre polícia Militar, polícia Civil e guarda municipal.

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DIARINHO - A relação entre a guarda municipal e a PM ficou estremecida logo no início dos trabalhos da guarda...

Comandante Thiesen - Não, não teve nada estremecido. Foram fatos isolados. Quando eu cheguei aqui, no dia 19 [de maio], na madrugada do dia 20 tivemos um fato envolvendo a guarda municipal e uma guarnição nossa [policiais militares pediram pra que guardas municipais se retirassem da avenida Atlântica, pois ocorreria uma operação da PM]. Mas foi isolado. Tomamos as providências administrativas que deveriam ser tomadas. Conversamos com o secretário de Segurança Pública do município [Nilson Probst] e não ficou nenhuma aresta a ser aparada em razão daqueles fatos. [O senhor, como militar, reconhece então a necessidade da guarda?] Temos que pensar em duas formas: Eu, como cidadão, quero a guarda municipal, sim. Porque é mais gente para me dar sensação de segurança. Como policial militar, eu digo que a guarda é importante. Ela tem a sua atuação constitucional, como nós temos a nossa ação. Então, nós precisamos trabalhar essas três corporações [PM, Civil e guarda] de forma integrada. E isso nós estamos buscando e isso nós estamos fazendo. Essa integração entre polícia Militar, polícia Civil, guarda municipal, principalmente em Balneário Camboriú, é bastante boa.

DIARINHO - A direção da associação dos Praças da PM de Santa Catarina, a Aprasc, diz que os policiais de Santa Catarina têm um dos menores salários do país entre todas as polícias militares. Os baixos salários desmotivam os policiais?

Comandante Thiesen – Tem que levar em consideração muitas coisas. É claro que o salário do nosso policial pode ser melhorado. Agora, essa melhora independe do comando da polícia Militar. Talvez independa tão somente do governador, porque você não pode pegar o dinheiro do Estado e aplicar somente para pagar salário. Tudo isso tem que ser pensado. Então nós temos que tratar segurança pública como um todo. É aquilo que nós falávamos anteriormente. Muitas coisas que vão pra saúde, educação, têm que sair de algum lugar. E vão sair de onde? Nós precisamos de professores bem qualificados, bem treinados, que ganhem bem. Eu até faço uma menção aqui: se o professor não ganhar bem... Eu dependi de um professor pra chegar aqui. Vocês, como jornalistas, dependeram de um professor pra se formarem. O professor é a base de tudo. Nós temos o médico, porque nós tivemos um professor. É claro que quem tem que defender a classe dos professores são eles. Eu tenho que defender a classe dos policiais militares. Tenho que buscar a classe da segurança pública. Hoje, eu estou num comando e tenho que já pensar como comandante de uma fração de tropa, que é o comando de um batalhão. Nosso policial não ganha bem. Imagine quanto custa a vida de um policial. Podíamos ter perdido três, cinco, ontem, que estavam naquela ocorrência [referindo-se novamente ao tiroteio em frente ao fórum, segunda-feira]. E como é que fica essa situação? Então, nós temos que dar uma coisa a mais para o policial. Nós temos uma PEC 300 [proposta de Emenda Constitucional tramitando no congresso que propõe equiparar os vencimentos dos policiais militares e bombeiros militares de todo país com os praticados hoje no Distrito Federal. Se aprovada, o menor salário dentro da PM seria de R$ 3.031,38, para soldado, e R$ 15.355,85, para o comandante]. Está lá [no congresso] e a própria presidente não quer que saia. Por quê? Porque não tem interesse. Claro que quem tem que pagar salários para os policiais militares são os governadores de estado. Mas existe uma PEC 300 pra fazer um comparativo, pra nivelar em nível de estado. Por isso que eu não gosto de fazer essa comparação, quando você disse que aqui se ganha menos do que em outros lugares. Também têm outros lugares que ganham menos do que aqui. Que o nosso policial merece ganhar muito mais, com certeza. Pela qualificação dele, pelo preparo.

DIARINHO - Este ano dois policiais militares da sua região foram condenados por terem extorquido dinheiro de um traficante. Como a PM monitora os policiais na rua e como previne a corrupção na corporação?

Comandante Thiesen - Veja bem, nós trabalhamos com pessoas. Nós temos que cuidar mais da entrada. O filtro se dá na entrada. A melhor seleção tem que se dar na entrada, quando do ingresso. Hoje, nós temos uma corregedoria geral, de onde eu sou egresso, que busca essa atuação, e essa fiscalização está bastante ágil. Há equipes de campo pra fiscalizar o policial militar, pra saber se está agindo correto ou não. Não somente em nível de corrupção, mas também no seu dia-a-dia. Então, quando a gente fala em corrupção, o criminoso usando farda é o pior criminoso. Nós temos que combater. Nós não podemos admitir que quem está aí pra dar segurança seja a própria insegurança. É uma preocupação muito grande que o comando geral tem, o comando regional e, com certeza, todos os comandos de batalhão. E uma das coisas que a própria população reclama, mas fornece oportunidade, é quando ela contrata um policial militar para ser seu segurança, segurança do seu estabelecimento. O que se está fazendo? Corrompendo alguém. Está corrompendo a própria sociedade pra se beneficiar. Porque ele sabe que aquele segurança, na hora de folga, está lá, e na hora de serviço ele também passa lá. Por isso há um combate muito forte quanto ao bico do policial, na área de segurança. [Comandante, o senhor já identificou algum desvio de conduta aqui na tropa, alguém já foi punido nesse tempo que o senhor está aqui?] Se alguém já foi punido? Sim. Os policiais são punidos se fugirem da regra. Nós não podemos deixar de agir em razão de sermos recém chegados aqui. Nós temos que punir. Eu acho que a disciplina é fundamental, principalmente, numa instituição militar, onde você tem pessoas armadas, nosso público interno é armado. Se você não mantiver a disciplina, a coisa fica muito ruim.

DIARINHO - Balneário Camboriú tem uma vida noturna muito agitada. A mistura álcool e direção é vista nas ruas da cidade todas as noites. No entanto, principalmente no entorno das casas noturnas, não vemos a presença da polícia. A fiscalização da lei seca na cidade está em segundo plano?

Comandante Thiesen - Não. Nada tem ficado em segundo plano. Nós estamos agindo dentro daquilo que nós podemos agir. Pelo efetivo que nós temos hoje, praticamente estamos atendendo ocorrências. É muito complicado você ir além do atendimento às ocorrências. Claro que, na hora do intervalo de uma ocorrência e outra, nós estamos andando na rua, percorrendo a cidade para fazer policiamento ostensivo. Nós não podemos deixar uma viatura defronte a uma danceteria, a um bar, pra cuidar daquele bar. Nós precisamos cuidar da população como um todo. [Mas uma pessoa que esteja bêbada, por exemplo, saindo de uma balada, não vai oferecer riscos à população, como já aconteceu na cidade, quando um garoto embriagado matou três pessoas num acidente?] Eu não tenho dúvidas. Claro que nós não podemos tratar fatos isolados. Temos que tratar tudo de forma mais genérica. Principalmente quando a gente fala de pessoas. E eu, como comandante de batalhão, não posso pensar em fatos isolados. Mas, com certeza, aquele que está ingerindo bebida e vai dirigir vai levar riscos à população. Aí, o que nós precisamos? Aí, nos saímos de Balneário e vamos para o congresso nacional. Precisamos de leis mais rígidas. As nossas leis vêm para abrandar. Para a União e o Estado não construírem presídios, o que se fez? Nós começamos a descriminalizar. O crime deixa de ser crime. Então, joga-se o cidadão na rua, joga o delinquente de volta à sociedade porque nós não temos local pra colocar. [É uma crítica do senhor às mudanças no Código de Processo Penal?] [Com as modificações, os juízes que entenderem que a prisão seja medida extrema poderão determinar monitoramento de criminosos soltos com tornozeleira eletrônica, proibição de frequentar lugares públicos e restrição a viagens, entre outras]. Com certeza. Nós não podemos admitir que o Estado, como um todo, venha buscar elemento para que ele não precise agir. Muito pelo contrário. Ele precisa agir. Nós precisamos de leis mais severas e que possam ser cumpridas. Aí você culpa a polícia Militar porque não agiu, culpa a polícia Civil porque liberou, culpa o juiz porque liberou. Mas todos estão cumprindo a norma. E quem é o responsável? Nem está aqui, está em Brasília. Nós, às vezes, buscamos a solução para aquilo que eles lá estão estragando. Em Brasília só se estraga, pra não usar outros adjetivos. Lá, eles criam coisas que venham a dissolver a sociedade. Mantendo o meliante na rua, mantendo o criminoso na rua. É inadmissível. O policial leva para a delegacia e, de repente, o delinquente sai da delegacia primeiro do que o policial, que precisa concluir a entrega. E o delegado lá não pode manter o sujeito preso sob pena de ele estar cometendo delito. Às vezes, o juiz, a mesma coisa. E nós vamos fazer o quê? Infelizmente nós precisamos readequar as nossas normas. As nossas leis não precisam ser mais severas. Basta que elas sejam mais aplicáveis em prol da sociedade. Não em favor do meliante. Hoje, se nós formos analisar, o congresso está incentivando o delito. Quando um juiz determina que o sujeito fique solto porque a lei assim decide, nós criticamos quem? Não foi o juiz que soltou, foi a lei.

DIARINHO - O modelo da Operação Veraneio, com PMs em barreiras nas ruas, tem diminuído a criminalidade durante o verão?

Comandante Thiesen - É difícil você dizer quanto tem de aumento de criminalidade. Quando nós temos um delito acontecendo, pra mim, já é preocupante. Se no ano passado tivemos 100 casos de uma determinada ocorrência e este ano nós tivermos 99, diminuiu? Não. Pra mim, nós tivemos 99 que nós não deveríamos ter. É isso que nós temos que pensar. Como comandante de batalhão não posso permitir que nós tenhamos ocorrência. Só que isso é praticamente uma utopia. [O senhor acredita que o modus operandi da Operação Veraneio é ideal? Porque a gente observa que, mesmo com a Operação Veraneio, vários crimes como furtos e assaltos continuam acontecendo em plena luz do dia. Isso não indica que o modelo não tem dado certo?] O crime vai deixar de acontecer quando nós tivermos um policial pra cada cidadão. E um vigiando o outro, aí nós não teremos mais o crime. Se nós tivermos duas pessoas juntas e elas entrarem em conluio, aí vamos ter um delito e isso é complicado. Então nós não temos como dizer o que é o ideal ou não. Claro que nós precisamos trabalhar e aquilo que nós dissemos no início, segurança pública não é uma questão de polícia. É uma questão de políticas públicas bem aplicadas. É questão de educação, de saúde, de saneamento básico, ruas pavimentadas, iluminação pública. Uma fiscalização da própria população. A população tem que fiscalizar e tem que cobrar. Não adianta só a população querer reclamar e a coisa acontecendo na sua frente e não fazer. É muito fácil, muito cômodo, eu me sentar na minha casa, na frente da televisão, com o controle remoto e dizer: “A polícia está errada. Falta polícia”. E a coisa acontecendo, às vezes, dentro da sua própria casa, com o filho. Imagine uma criancinha de dois, três, quatro anos, que todo dia apanha. O que a criança vai aprender? Violência. Se a criança aprende violência ela será violenta. E ninguém nasce violento. Nós fazemos as pessoas serem violentas.

DIARINHO - Porto Belo e Bombinhas, que são subordinados ao seu comando, sofrem com a falta de efetivo...

Comandante Thiesen - Todos os nossos municípios têm problema de policiamento. [Como resolver esse problema histórico? Também é necessário pedir apoio do governo?] É um conjunto. Não adianta nós pensarmos só em botar polícia na rua. O nosso problema de segurança pública não é falta de polícia na rua. Se nós tivermos políticas públicas, se nós prepararmos as nossas cidades pra receber a quantidade de turistas que vêm, se nós tivermos condições de bem receber essas pessoas... Polícia não vai resolver. Nós não somos milagrosos. Nós agimos naquilo que nós podemos agir. Quando vem a Operação Veraneio nós trazemos do interior também policiais. Aí nós criamos um problema na origem dele, por que nós estamos tirando o policial de lá. Mas milagre nós não fazemos. O nosso cobertor é bastante curto. Ou você descobre o peito ou você descobre o pé.

DIARINHO - Desde que a secretaria de Segurança Pública (SSP) permitiu que os policiais militares registrassem ocorrências com o uso de computadores começou uma briga pública entre PMs e policiais civis. O senhor identifica alguma solução pra esse impasse?

Comandante Thiesen – Quando nós começarmos a ter o pensamento de que o meu trabalho é para a sociedade e não para a minha instituição, eu acho que isso acaba. E se nós conseguirmos resolver os nossos problemas, não importa quem vai fazer o boletim, pra mim não importa se o boletim é feito pela polícia Militar, pela polícia Civil, uma secretária que nós colocássemos em determinada sala, pra fazer o registro, isso não importa. O que importa é que a sociedade tenha um serviço adequado e voltado a ela, não voltado à minha instituição ou a outra instituição. A polícia Civil é uma instituição perfeita, é uma instituição excepcional, assim como a polícia militar, como a guarda municipal o é. Só que pessoas dentro da polícia Militar, dentro da polícia Civil, dentro da guarda municipal, às vezes, não conseguem entender que elas trabalham pra sociedade.

DIARINHO - A polícia Militar agora pode registrar Termo Circunstanciado (TC) e registrar ocorrências no computador. Isso não afasta o policial militar da sua principal função que é o policiamento ostensivo? Na rua?

Comandante Thiesen - O tirar da rua, não, porque de qualquer forma ele vai ter que preencher um boletim pra entregar o preso, pra fazer um registro da ocorrência. O policial tem que ir à delegacia pra fazer essa ocorrência. Claro que se nós trabalharmos de forma integrada, polícia Civil e polícia Militar, com certeza a sociedade vai ganhar. Eu acho que essa situação, essa briga que se diz de polícia Civil e polícia Militar, só tem prejudicado a sociedade.

DIARINHO - O que o senhor acha da unificação da polícia Militar com a polícia Civil?

Comandante Thiesen - Depende da forma com que se fosse unificar. Nós precisamos da atividade da polícia judiciária, que é o que a polícia Civil faz, e nós precisamos da atividade de polícia preventiva, ostensiva e repressiva, que é o que a polícia Militar faz. Como se vai adequar isso? Seria uma polícia Civil, ou uniformizada, ou não uniformizada, ou uma polícia militarizada? Essa é a questão. Quando você cuida, você trabalha com pessoas que estão armadas, que é o caso do policial Militar, da Civil também, mas nós ostensivamente, você precisa de regras muito rígidas para poder conter. E eu acho que hoje o policial militar não está sujeito somente ao Código Penal. Nós temos, além do Código Penal, o Código Penal Militar e nós temos também o nosso código disciplinar que é muito rígido. Antes de agir você tem que saber o que tem por trás e não apenas no Código Penal comum.

DIARINHO - Comandante, o setor de inteligência do seu batalhão usa grampo telefônico?

Comandante Thiesen - Nós só usamos grampo quando há necessidade e por determinação judicial. Para, principalmente, através da nossa corregedoria, em investigações de policiais militares. [Essas informações são repassadas pra polícia civil no caso de necessidade de investigação, ou é uma investigação única?] Não, porque quando nós fiscalizamos o policial militar, a investigação diz respeito tão somente à polícia Militar. Se o crime que ele estiver cometendo é um crime comum, com certeza vai pra polícia Civil. Se o crime cometido é militar, com a aplicação do Código Penal Militar, aí a decisão é nossa. Vai pra vara da Justiça Militar em Florianópolis.

DIARINHO - A força-tarefa montada em Camboriú, principalmente na região do Monte Alegre, tem surtido efeito?

Comandante Thiesen - Toda força-tarefa surte efeito. Primeiro, que ela vai demonstrar a união das forças. Quando você une forças, como foi aquele caso ali, você está levando, está demonstrando para o marginal que o Estado está atuando e com força. Quando você não une as forças, o marginal já sabe que a força do Estado, opositor a ele, é uma força não tão forte assim. [Mesmo depois da força-tarefa, ocorreram dois homicídios no bairro. O que causa a violência naquela região?] Temos que analisar qual é o nível da região. O nível mais precisamente do bairro Monte Alegre. É um bairro muito pobre, é um bairro que está ao Deus dará. Eles são marginalizados. São as primeiras vítimas da sociedade. E quando nós moramos aqui, de repente, na avenida Atlântica, nós olhamos pra aqueles lá como marginais. “Eu não entro no Monte Alegre”. Por que eu não entro? Porque lá só tem marginal. Quando lá, na verdade, nós temos trabalhadores, nós temos vítimas da sociedade, quando lá nós temos pessoas que estão no dia-a-dia buscando o seu ganha-pão. Claro que lá temos também alguns que cometem crimes. E será que nós não os temos também na avenida Atlântica? Ou aquele delito cometido por aqueles que teoricamente estariam morando em apartamentos luxuosos, em casas luxuosas, que cometeriam delitos, não ofendem a sociedade? Basta vermos as questões políticas. Temos políticos excepcionais e temos políticos que... me perdoe. Os errados somos nós que colocamos esses políticos lá. Nós não damos valor pro nosso voto. Eu acho muito caro pagar quatro anos um quilo de feijão. Você pagar quatro anos num tanque de combustível. É muito caro e é isso que nós fizemos. Pela nossa natureza, nós somos corruptos. E achamos que o corrupto é o político. Nós somos corruptos pela forma. A partir do momento que eu vendo o meu voto, eu sou um corrupto. Estou me corrompendo, estou corrompendo alguém. E o resultado vai pra onde? O resultado vai pra sociedade. Aí é onde nós colocamos aqueles que fazem as nossas leis. Vai pra Brasília. São esses que fazem as nossas leis. Ele acha que comprando o voto, ele está bem. E eu que vendo o meu voto e acho: “ganhei um quilo de arroz, ganhei um quilo de feijão, ganhei um tanque de combustível”. Feliz da vida. Vai pagar quatro anos. Ou oito. E é assim que nós somos. Infelizmente a nossa sociedade é hipócrita. Por quê? Exatamente por isso, porque a gente coloca o cara lá e depois fica reclamando.

DIARINHO - Comandante, a gente pouco ouve falar de crimes esclarecidos ou evitados em função daquelas câmeras de segurança. A gente até fez uma matéria recentemente no jornal de um cara que teve o veículo roubado, identificou a placa da moto, e foi na central de monitoramento e lá disseram pra ele que as câmeras são uma porcaria. Não identificam placa de carro. O senhor acha que há necessidade dessas câmeras? Elas de fato funcionam?

Comandante Thiesen - Até onde eu conheço as câmeras elas funcionam e muito bem. Certa vez eu vim de Florianópolis e fiz um procedimento. Estava fazendo um inquérito exatamente em cima disso e quem estava monitorando as câmeras focou a ação da polícia. E foi onde o policial passou a agredir aquele que estava sendo preso. Em cima daquilo, nós conseguimos identificar. E nós conseguimos chegar sim, só que nós precisamos aplicar bem e também ficar atendendo ocorrência. Então nós precisamos de efetivo. A câmera nos dá uma sensação de segurança? Eu acho que dá. Ela é o suporte excepcional. Nós precisamos trabalhar bem isso. Nós estamos montando aqui no batalhão uma sala operacional onde nós vamos ter as câmeras que vão lá pra central de emergência, vão estar aqui, e nosso oficial vai trabalhar diuturnamente nelas. Vai ficar monitorando todo o nosso efetivo através das nossas câmeras e através de todo o sistema que nós temos. Nós temos um sistema que identifica onde a viatura está, qual é a velocidade que ela está se deslocando, onde está a ocorrência. Tudo isso nós temos e estamos aplicando. Estamos montando essa central de operações do batalhão e com certeza nós vamos amenizar muita coisa. Tem data pra ser montada? Não, mas já estamos trabalhando nisso.

DIARINHO - Qual é o principal problema da segurança em nossa região, tida como uma das mais violentas do Estado?

Comandante Thiesen – Não diria que é só a mais violenta. A mais violenta é aquela onde você está e foi agredida. A pior violência é aquela praticada contra a minha pessoa. Pra você é contra a sua pessoa. Essa é a pior violência. Mas a violência do outro, às vezes, é maior do que a nossa. Eu não diria que aqui é uma cidade das mais violentas, o que nós temos que entender é que nós moramos em uma cidade que vêm pessoas de todos os cantos do estado, do Brasil, da América. [Essa afirmação sobre a violência na região é com base num levantamento que foi feito pela secretaria de Segurança Pública e divulgado no mês passado]. É por que nós tivemos algumas mortes. É difícil você evitar morte. É difícil a polícia Militar evitar morte. Porque quem vai matar não avisa. Quem vai matar sai preparado pra matar, vai, mata e depois que vamos saber. Tem muitas coisas que às vezes a gente acha que é possível saber. E se não tivesse matado? Mas, se não tivesse matado, o que teria acontecido? Teria acontecido uma briga, um furto, o que naquele local? Nós não sabemos, por que não aconteceu. Claro que nós temos que prever aquilo que vai acontecer. Como nós vamos prever? Através do monitoramento que nós fazemos. Nós temos que fazer em cima das ocorrências que nós temos. Começar a pontuar no mapa os locais de ocorrência, tipo de ocorrência e nós vamos agir. É o que nós estamos fazendo hoje aqui em Balneário Camboriú quando nós criamos o pós-crime. Nós estamos pontuando os locais dos fatos. Aconteceu uma ocorrência, a polícia Militar vai até o local, primeiro atende a ocorrência, depois vai uma equipe até o local e fala com a vítima: “O que na realidade aconteceu?”. E aí nós começamos a trabalhar, a verificar essas informações e vamos passar pra polícia Civil trabalhar em conjunto. Vamos conseguir chegar aos delinquentes.

DIARINHO - Qual o critério então para avaliar se uma cidade é violenta?

Comandante Thiesen - Claro que temos que seguir números, como os que foram divulgados. Pelos números apresentados. Você não pode dizer que uma cidade que não tem nenhum delito é uma cidade violenta. Se não teve morte, como ela é violenta? E uma cidade em que houve várias mortes, não é uma cidade violenta? Sou obrigado a concordar que se teve mortes, a cidade é violenta. A BR-101 é perigosa? Por quê? Porque ela causa mortes, se não causasse mortes ela não seria perigosa. Em cima da estatística eu consigo definir o que é violência. [Estatística que considera o número de homicídios, por exemplo?] Não só de homicídios. Tudo aquilo que atenta contra a pessoa, contra a vida, contra o patrimônio, mas envolvendo aí também as vítimas.

RAIO-X

Nome: Renato José Thiesen

Naturalidade: Santo Antonio da Imperatriz

Idade: 52 anos

Estado civil: Casado

Filhos: Três

Formação: Formado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Além disso, acumula cursos de pós-graduação e complementares

Trajetória profissional: Atuou como aspirante em Balneário Camboriú, entre 1984 e 1985. Depois exerceu funções de comando em Florianópolis e a maior parte da carreira militar foi atuando na Corregedoria da Polícia Militar, chegando a corregedor.




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