A chuva que não dá trégua em Itajaí é a mesma que deixa toda a cidade apreensiva e com medo. Ontem, o povo peixeiro ficou sabendo que uma das maiores enchentes da história de Santa Catarina se avizinha da cidade. Isso provocou desespero em moradores de áreas ribeirinhas, correria das autoridades e o sentimento de impotência do povão diante da força da natureza. A defesa Civil prevê que esta enchente vai ser igual ou pior do que a ocorrida em 2008, quando mais de 80% da cidade ficaram embaixo dágua. Até as 23h de ontem, havia cerca de mil desabrigados na city.
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O dia de ontem começou como os três últimos em Itajaí: com muita chuva. No início da tarde, a reportagem do DIARINHO saiu pela cidade pra conferir a situação nas ruas. Ao chegar ao bairro Cordeiros ...
O dia de ontem começou como os três últimos em Itajaí: com muita chuva. No início da tarde, a reportagem do DIARINHO saiu pela cidade pra conferir a situação nas ruas. Ao chegar ao bairro Cordeiros, ruas embaixo dágua davam uma amostra do que está por vir. Na rua Vereador Telêmaco de Oliveira, na região do Brejo, as pessoas andavam com água na altura do joelho.
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O microempresário Pedro Adolfo dos Santos, 62 anos, estava triste e preocupado com a situação que, segundo ele, só piorou desde a enchente de 2001. Ao invés de melhorar, os alagamentos aqui só pioraram desde 2001. Aliás, cada ano que passa fica pior essa questão de alagamentos aqui no bairro, revela, dizendo que não tinha trabalhado ontem por causa da água que já entrava na sua oficina mecânica.
O operador de impressora Vilmar Carlos da Silva, 47, contou que na sua casa os móveis já estavam todos em partes altas da residência, o que, ele afirma, é triste e desolador. Eu já vi esse filme e fico muito triste de ver de novo, porque as pessoas sofrem e quem tem pouco perde tudo, observa, emocionado. Pra Vilmar, é muita incompetência das otoridades ver tudo se repetir sem que nada tenha sido feito nesses últimos três anos. Nem a galeria nova e nem a limpeza do ribeirão da Murta eles fizeram, como querem que não aconteçam novas enchentes?, questiona.
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Falta informação
Na tarde de ontem, muitas pessoas também reclamavam da falta de informação. Se alguém avisasse a gente, eu já teria procurado algum lugar pra ir, reclama a dona de casa Dirce Zeferina, que vive no bairro Cidade Nova.
No bairro Canhanduba o cenário era o mesmo. Antes não enchia tanto, agora três dias de chuva e já tá alagado. A água não tem pra onde sair, conta a diarista Margarete Bento, que já estava com sua casa alagada e teve que carregar as crianças no colo pra conseguir entrar na baia. A gente não tem pra onde ir, né. A pequena de um ano e quatro meses fica querendo correr na água e é difícil segurar, conta a mãe, que tem outra filha de três anos.