Itajaí

Espinheiros ainda tá cheio de água

À deriva, famílias de Espinheirinhos reclamam de esquecimento da prefa. Alagamento chegou a dois metros na zona rural peixeira

Enquanto os moradores das áreas urbanas de Itajaí começam a se recuperar de mais uma enchente, a família de Raphael Tadeu Cavilha, 28 anos, ainda não acordou do pesadelo. O montador naval é um dos moradores da rua Clarindo Sebastião da Cunha, no bairro Espinheirinhos, onde, até o início da tarde de ontem, havia ainda quase dois metros de água e muita sujeira. O misto de expectativa e tristeza revelou um itajaiense descrente. “A gente está esquecido. Ninguém veio saber nada. Até parece que não somos de Itajaí”, desabafou.

Raphael salvou a mobília da cozinha, o guarda-roupas, a cama e um computador. Todo o resto foi levado ou destruído pela força das águas, que entrou pelo quintal da casa no início da manhã de quinta ...

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Raphael salvou a mobília da cozinha, o guarda-roupas, a cama e um computador. Todo o resto foi levado ou destruído pela força das águas, que entrou pelo quintal da casa no início da manhã de quinta-feira. “Entrou dois metros e 10 centímetros lá em casa. Medi o tempo todo”, contou.

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Lá pelas 9h de quinta-feira, o operário participava de uma sessão de fisioterapia quando foi avisado pela sogra sobre o avanço das águas. Correu pra casa e encontrou a esposa, Francine de Souza, 22 anos, e o filho, o pequeno Carlos, de nove aninhos, em desespero. Francine se recuperava em casa de uma cirurgia no quadril. De cama, nada pôde fazer até a chegada do marido. “A gente está mais calmo agora, mesmo vendo toda essa água ainda, mas aquela quinta-feira foi tensa para todos”, lembra Raphael.

O rio subia depressa e Raphael levantou o que foi possível. Mas naquela região da cidade, a tragédia começou mais cedo. “Não demorou muito para a água subir. A gente levou tudo o que deu de carroça”, lembra o morador do Espinheirinhos.

Casal queria salvar móveis

Da residência de Verônica Ricardo Casas, 48 anos, restou apenas a estrutura. Ao lado do marido, o vendedor Antônio Constantino, 55 anos, ontem à tarde ela observava resignada o cenário triste da rua Clarindo Sebastião da Cunha, onde mora. “A gente não conseguiu salvar nada. Talvez se eles [a prefeitura] tivessem aberto a escola [escola Clarindo Sebastião da Cunha] para abrigar o pessoal, isso não teria acontecido, pois lá não pegou água”, criticou.

Por ironia, casal encontrou consolo na lembrança da enchente de 2008, quando a água encobriu a casa onde os dois vivem há oito anos. “A gente achou que fosse cair, pois a água chegou ao teto daquela vez. Dessa vez, deu até metade da janela”, comparou Antônio.

A costureira Ana Paula Klabund, 21 anos, temeu pela vida do filho, o pequeno Renan, de 11 meses. Na quinta-feira, a água subiu depressa, e o anjinho estava em casa com o pai, Toni Ramos da Silva, 29 anos, e a irmã, Ana Lima da Silva. Avisada pelo marido sobre a chegada das águas, pediu licença do serviço e correu pra casa. “Levamos de carroça para a casa da minha mãe o que deu. Fogão e geladeira, tiramos. O resto ficou”, lembra. Até ontem à tarde, a casa de Ana Paula tinha ainda 60 centímetros de água.

Escola tava em risco

Everlei Pereira, coordenador da defesa Civil de Itajaí, explicou que a escola Clarindo Sebestião da Cunha tava entre os pontos com risco de alagamento, por isso não foi aberta para abrigar as vítimas do bairro. “Optamos por não oferecer abrigo em áreas com risco de alagamento e aquela era uma delas”, justificou.

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O chefão da defesa Civil admitiu que o alerta sobre o risco de alagamento foi dado às famílias durante a coletiva de imprensa ao meio-dia de quinta-feira. Ele disse achar estranho que o rio tenha chegado logo cedo às baias do Espinheirinhos. “Na quinta-feira não tinha uma gota de água na cidade. Estranho eles dizerem que chegou água logo cedo”, questionou.



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