Itajaí

Família aponta o PM que teria matado rapaz

Sidão (foto) tinha passagens na polícia por furto e tava jurado de morte pelo soldado que é dono de uma empresa de segurança

Soldado Adevânio César Biz, 35 anos. Este é o policial que tá sendo responsabilizado pela exe­cução do encanador e calceteiro Sidney do Nascimento, o Sidão, 32 anos, ocorrido no final da tar­de de quarta-feira no bairro São Roque, em Itajaí. Quem sustenta a acusação são os irmãos, a mu­lher, a cunhada e os vizinhos de Sidão. O rapaz morreu, dizem, porque há mais de um ano furtou numa firma que é vigiada pela empresa de segurança Adserv, da qual o soldado é sócio.

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Adrielle Patrícia Adriano, 24, mulher de Sidão, não tem dúvi­das da autoria do crime. “Ele não usava drogas, trabalhava. Ele foi jurado de morte pelo policial”, disse ao DIARINHO, apontando Adevânio ...

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Adrielle Patrícia Adriano, 24, mulher de Sidão, não tem dúvi­das da autoria do crime. “Ele não usava drogas, trabalhava. Ele foi jurado de morte pelo policial”, disse ao DIARINHO, apontando Adevânio como o responsável pela morte do marido. Mais de uma vez, afirma, o PM teria avi­sado que mataria o encanador, caso o encontrasse. “Ele [Adevâ­nio] foi até a casa da minha mãe, no Portal 1, e disse a ela que ma­taria o Sidney e que aquilo era um aviso”, conta Adrielle.

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A mulher do rapaz fuzilado pela PM diz ainda que, há dois meses, policiais militares invadiram a sua baia, na rua Joaquim Souza Medeiros, nos Espinheiros, sob o pretexto de que o marido havia as­saltado uma residência no bairro. “Nesse dia, o Adevânio o ameaçou de morte também”, lembra.

Lourival do Nascimento, 26, irmão de Sidão, reforça as acusa­ções contra o soldado-empresário. Pra ele, a perseguição ao mano começou em 2008, quando Sidão invadiu a empresa Conexão Marí­tima, na Murta, e furtou de lá uma lixadeira de ferro e duas minimo­tos de brinquedo. Além de solda­do da PM, Adevânio também é sócio-proprietário da Adserv, que presta segurança privada pra Co­nexão Marítima. “Ele [Adevânio] nos parou de carro no domingo passado e disse que eu era um mala. E avisou: ‘A hora que pegar­mos ele, vamos matá-lo e tu vais morrer junto’”, relata Lourival.

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A jovem dona de casa E.P., de 17 anos, era cunhada de Sidão. Também diz já ter recebido amea­ças do policial contra o cunhado, mas jamais entendeu o motivo. Pra guria, há cerca de um ano o cara tava sossegado e não fa­zia mais besteiras. Além de estar trampando, tinha um cuidado es­pecial com a mulher e as filhas, afirma.

A família de Sidão ainda não sabe se vai levar ou não o caso pra dona justa. “Ainda não sabe­mos o que vamos fazer, pra falar a verdade”, revela a viúva Adriel­le, que passou a madruga e toda a manhã de ontem ao lado do caixão, junto com as duas filhas pequenas. Seu Reinoldo Manoel do Nascimento, 65, e a mãe, Rosa do Nascimento, 53, também não abandonaram o filho até o mo­mento em que ele foi enterrado, à tarde, no cemitério do bairro Es­pinheiros.

Comunidade tem versão diferente pra morte de Sidão

Sidão teve o corpo peneirado com sete tiros lá pelas 18h30 de quarta-feira, em um bambuzal do bairro São Roque. Na versão da PM, o rapaz foi morto durante uma troca de tiros. A família, no entan­to, sustenta que o cara foi executa­do sem dó nem piedade e nem tava armado.

A ação policial que resultou na morte do rapaz mobilizou sete via­turas, cães e mais de 20 homens. Os PMs teriam ido prender um ho­mem que estaria ameaçando matar uma pessoa. Quem viu toda a cena garante que isso não é verdade.

Mecânico viu a correria

É o caso do mecânico D.L., 35 anos, amigo de Sidão e que tra­balhava na frente de casa quando tudo aconteceu. D. afirma que es­cutou apenas sete tiros. Sidão mor­reu justamente com sete balaços. “Ele não estava armado. Nunca andava armado. Tinha saído do Es­pinheiros e foi pro São Roque de bicicleta. Como poderia ter levado uma arma?”, questiona o mecâni­co.

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Tiro no rosto

O que também levanta dúvidas quanto à versão de que Sidão mor­reu num confronto é que uma das balas teria entrado em sua boche­cha e saído no queixo. É o que conta o amigo Rafael Moreira, 24, que viu o corpo no IML na quarta à noite. “Não tinha como esse tiro ser dado se ele estivesse corren­do”, diz. Pra ele, o disparo foi dado quando Sidão estava já dominado pela polícia.

Além disso, a PM disse que quando Sidão reagiu estava numa posição mais elevada do que os policiais. Ou seja, seria impossível o tiro ter entrado na face e saído perto do pescoço.

PM só vai investigar se receber denúncia formal

O tenente-coronel Atair Der­ner Filho, comandante da PM de Itajaí, reafirmou ontem a versão oficial de que Sidão teria manda­do bala pra cima dos policiais e morrido num confronto. Ele dis­se ainda que o soldado Adevânio não exerce qualquer atividade paralela, como trampar com se­gurança privada. “Esse policial não trabalha em lugar nenhum”, afirmou o oficial.

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Às 17h30 de ontem, o DIARI­NHO ligou pra empresa de segu­rança da qual o soldado Adevâ­nio é sócio, a Adserv, que fica na Barra do Rio, em Itajaí. Quando o jornalista se identificou e pediu para falar com o soldado, uma funcionária pediu um momento. Depois disse que o PM não pode­ria atender no momento porque estava em reunião.

O telefone do DIARINHO foi repassado à funcionária com a promessa de que Adevânio re­tornaria a ligação. Até o fecha­mento desta edição, o policial-empresário não ligou de volta.

Oficialmente, nenhuma de­núncia contra o soldado Adevâ­nio chegou ao batalhão da PM até ontem à tarde, garantiu o tenente Paulo Ramos, responsá­vel pelo setor de comunicação social da corporação. Ele disse que a história de que houve uma execução somente será in­vestigada se rolar uma acusação formal. “Ele é um dos melhores soldados do batalhão. (...) Já foi policial destaque, tá sempre entre os cinco premiados, tem inúmeros elogios”, fez questão de dizer o tenente, referindo-se a Adevânio.

Rapaz que morreu já foi ladrão chinfrim

A família e os amigos admitem que Sidão já tinha feito besteira na vida. Mas foi um ladrão chin­frim. Oficialmente, teve três pas­sagens pela polícia por furto: em setembro de 2007, em outubro de 2009 e em julho de 2010. Dessa última vez, passou cinco meses no cadeião do Matadouro.

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O tempo no xadrez teria lhe ensinado a lição e ele teria se ajeitado. “Acompanhei o sofri­mento da mãe dele nos períodos em que ele incomodava muito os pais. Mas, de uns tempos para cá, tava tranquilo. Pensava mui­to na família e nos filhos”, ga­rante Edirlene Patrícia, cunhada do rapaz.

Na versão dada pela PM, não confirmada pela ficha policial de Sidão, o rapaz era bandidão da pesada. Tinha até assalto nas costas.




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